Estive assistindo a um programa inglês sobre como os turistas podem ser enganados nas grandes capitais do mundo. O programa é ótimo, e comentei sobre ele com alguns amigos e alunos já que Buenos Aires também tem um episódio e a percepção deles me fez escrever este post.
Alguns dos argentinos concordaram que alguns delitos apresentados existem, mas que algumas situações foram manipuladas para aparecerem no programa como se fosse algo comum. Já a postura de alguns amigos estrangeiros como eu foi diferente porque alguns foram vítimas destes golpes ou conhecem amigos e pessoas vítimas de outros.
Primeiro temos que lembrar que ser turista atrai, em todos os lugares, criminosos diferentes e os delitos que comentarei aqui acontecem todos os dias em Buenos Aires. Não importa a nacionalidade, turista é sempre turista e, portanto, uma presa fácil porque sempre é reconhecido.
Taxistas: eles sempre podem ser um problema. E não falo apenas sobre roubos ou enganos – que em espanhol chamamos estafas. No ano de 2015 tivemos inúmeros casos de assédio sexual e estupros que aconteceram dentro de táxis. Infelizmente aconteceram em diversas horas do dia. Conheço mulheres que deixaram de usar táxis por causa disso. Uma boa dica é somente parar um táxi que tenha um cartaz na parte de cima do carro com o nome de alguma Cia e que ele coincida com o nome e o número da lateral do mesmo. Faço isso há anos. Não é 100% seguro, mas pertencer a uma Cia de rádiotaxi é melhor do que nada. MULHERES: se puder evitem entrarem em um táxi sozinha, principalmente no final da tarde e a noite depois da balada. E se estiver muito cansada puxe papo com o motorista. Não durma no táxi! Isso serve para todos os bairros.
Em Buenos Aires o costume ao pegar um táxi é se sentar no banco do passageiro e não ao lado do motorista. Um golpe comum é colocarem o banco da frente bem para frente e quem está sentado atrás não consegue visualizar o taxímetro. Isso me dá raiva e quando acontece me estico para ver se está ligado e correndo normal e peço para colocar o banco um pouco para trás. Fiquem de olho se isso acontecer, pois se você não conseguir ver o taxímetro eles podem fazê-lo correr e cobrar um valor exorbitante no final da corrida. E táxi já não é tão barato como antes.
Dinheiro falso: isso chama muito a atenção de quem vem para cá. Precisa ter cuidado redobrado. Nunca entendi bem o porquê de ter tanto dinheiro falsificado por aqui. Claro que se lucra muito com isso, mas aqui dinheiro falsificado é coisa do dia a dia, todos comentam, como se fosse algo normal e inevitável.
Os taxistas têm dois golpes muito conhecidos. O primeiro é dar de troco notas falsas. Uma amiga pagou 100$ por uma corrida e recebeu o troco bem trocado. As únicas notas verdadeiras eram a de 10$ que estava em cima e a de 5$ que era a última. O recheio todo era falso. E claro, ela só percebeu depois. O segundo é pagar a corrida com notas de 50$ ou 100$ e o motorista dizer que é falsa. Que é “trucho”, como falamos, e pergunta se você não tem outra nota, que foi enganado, que a cidade está cheia de ladrão, que precisa tomar cuidado, etc. No final era ele quem estava enganando você! Todos caem nesse truque porque turista não conhece bem o dinheiro do país e eles sabem disso. Ao pagar ele rapidamente troca a sua nota verdadeira pela falsa dele e diz que ela é sua. Fique de olho já que às vezes você realmente está com uma nota falsa e não é culpa sua se o taxista percebeu.
Percebem como é fina a linha entre a verdade e o golpe? Também podemos receber dinheiro falso de restaurantes e lojas. Qualquer zona turística aqui é um risco altíssimo. Um casal de amigos recebeu o troco com notas falsas de um restaurante na Recoleta. Foi uma surpresa já que estamos falando de um bairro de classe alta.
Como evitar? É difícil. Mas alguns têm um papel mais grosso ou uma cor mais clara. Quanto mais o papel estiver gasto é melhor, significa que ele circulou bastante e somente dinheiro verdadeiro circula assim. As notas novas são mais fáceis de enganar. Nunca peguei dinheiro falso aqui e acredito que algumas pequenas medidas ajudaram nisso. Se a conta ou a corrida deu 35$ pague com 50$ e não com 100$ e assim por diante.
Se sair à noite e souber que voltará de táxi deixe 100 ou 200$ separados em notas menores. Gosto de ter para estes casos cinquenta pesos em notas pequenas. E nada de ficar procurando dentro do carro o endereço de onde está hospedado. Decore-o e fale com firmeza aonde vai.
Furtos e roubos: infelizmente Buenos Aires mudou muito nestes seis anos que moro aqui e a sensação de insegurança que nunca tinha sentido começou a se instalar desde 2014. Já tem lugares pra onde não levo meu celular. Os roubos, principalmente os violentos e à mão armada, que quando aconteciam eram algo super televisionados, estão se tornando moeda comum.
É preciso ter cuidado com os furtos e esses acontecem em larga escala dentro dos metrôs. Sempre vemos alguém gritando e chamando um policial da estação por causa disso. Se acontecer não fique calado e não tenha vergonha porque o pessoal arma um rebu quando percebem um “pulga”. No ônibus também está sendo muito comum. Quando as portas abrem para o pessoal descer, algum delinquente sobe rápido e arrebata o celular das mãos de quem está perto da porta. Por isso toda atenção é pouca. Em lugares muito movimentados e pontos onde o ônibus demora um pouco mais para o pessoal descer, como a Plaza Miserere e nas estações de Retiro, por exemplo, o ideal é deixar o celular guardado.
No centro da cidade, entre o Obelisco e a calle Florida, local de maior concentração de turistas da cidade, já cansei de ouvir um: “Ohhh, levaram meu celular!”. Por essa zona, mantenham seus celulares nas bolsas. Se precisarem usá-lo entrem em uma farmácia, loja ou lanchonete e olhem rapidamente o que precisam.
Todos que moramos aqui somos possíveis vítimas destes delitos, mas uma coisa é certa: estrangeiro corre duas vezes mais o risco de ser enganado, então todo o cuidado é pouco. E caso seja vítima de algum dos crimes acima você deve procurar imediatamente uma delegacia de polícia para fazer a denúncia e receber a ajuda necessária.
Leia sobre documentos para ficar legal na Argentina!
11 Comments
Realmente, Ina, é preciso ter cuidado em todos os lugares porque turistas são presas fáceis. Fiquei surpresa, no entanto, com os crimes a mão armada. Triste, mas acho que é normal, dada a situação econômica do país.
Pois é Tati, infelizmente tem aumentado crimes à mão armada desde que a questão do tráfico se fez presente no país. Uma pena, mas agora faz parte da realidade daqui.
Quando fui a última vez, em 2010, já tive o hábito de deixar moedas para taxi, para os trocadinhos e não receber troco, pois minha mãe já havia sido vítima da nota falsa.
Que o país melhore e que o novo governo tenha políticas para reduzir esta violência, né?!
Beijos,
Hmmm… Eu assisti este documentário. O programa se chama “Capitais do Delito”.
Como sou muito desconfiado (até mesmo aqui na minha cidade), com o seu texto, o vídeo etc vou me precaver quando for mochilar pela América. Fico irritado com esse tipo de crime. Na verdade todo tipo de desonestidade me irrita, e eu preciso apenas manter a calma senão saio dando porrada no maior número possível de pessoas que me enganarem kkkkkkkkkkkkk’
Salve!
Oi José,
É sempre bom ter uma ideia do que acontece em muitos países, pois o perfil do delinquente é diferente em cada lugar e isso acaba pegando muita gente desprevenida. O bom é estar sempre alerta e aproveitar a viagem ao máximo.
DInhero falso, ja me deram, estava saindo da balada com mais colegas da faculdade, pois como vc esta cansado e ja é tarde, vc acaba nem percebendo,
, só pegava os taxos preto e amarelo, e nunca sozinha, isso foi em 2011 , pelo visto nao mudou muita coisa.
Retornamos de Buenos Aires semana passada onde fomos vítimas do sequestro relâmpago, onde o taxi nos levou para outra direção, me abandonou numa rua e seguiu com meu marido até um caixa eletrônico onde fez vários saques em pesos argentinos e em seguida também o deixou. Até eu e meu marido nos acharmos, acabamos perdendo o voo de volta ao Brasil. Por isso tenho algumas dicas: 1) cuidado ao pegar taxi sem ser chamado pelo hotel; 2) observem onde o taxista põe as malas, pois no nosso caso as 2 malas grandes foram socadas no banco do frente ao lado do motorista, onde dificultou nossa visão; 3) normalmente os táxis idôneos tem o ‘sem parar’ para passar direto nos pedágios e o nosso nao tinha; 4) certifique-se de que o taxista está te conduzindo para o local solicitado; 5) se você estiver acompanhado, nunca desça do taxi sozinho, espere descerem junto e ainda depois que o taxista sair do carro.
Olá Ina,
Eu tenho um apreço muito grande pela Argentina. já fui duas vezes a Buenos Aires e sempre tenho vontade de retornar. Mas, enfim, essa realidade da criminalidade infelizmente desanima qualquer um. Realmente, apesar de ter gostado de Buenos Aires eu sempre andava com a sensação de que alguém, em algum momento, iria tentar me passar a perna. Isso é desconfortável demais. Daqui a 15 anos eu me aposento e ainda tenho a Argentina como destino. Pretendo uma cidade do interior com Mendoza, Cordoba ou algum lugar na Patagônia. Mas essa crescente violência desanima. Espero que até lá as coisas melhorem. Essa sensação de insegurança a que vc se refere é em todo o país ou na capital? As cidades da Patagônia tendem a ser mais seguras?
Olá Andre,
A Ina de Oliveira parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Argentina que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM
Vc teria a relação de quem está colaborando? Já deixei alguns comentários e algumas postagens e só recebi essa resposta.
Olá André,
No momento, temos duas colunistas na Argentina: Fabiola Lima e Sara Martins.
Obrigada,
Edição BPM