Desde muito cedo o corpo humano me fascina com a sua infinidade de possibilidades gestuais e a diversidade do que elas possam significar, também a intenção que carregam através de seus códigos pessoais e de seu movimento universal.
Tudo isso, em harmonia, é pura Dança.
E nascemos com ela! Tanto quanto usamos a linguagem verbal, a linguagem do corpo e a primeira a se manifestar desde o liquido amniotico. Nao ha quem nao saiba dancar, ha sim, quem se sinta desconfortavel em usar a linguagem do corpo, mas esse e outro assunto.
Desde sempre, nunca entendi porque nas escolas, nao nos preparavam para melhor gerirmos essa ferramenta poderosa de nossa linguagem corporal.
Porque eramos testados e expostos a um leque de diferentes tecnicas desportivas e nao nos era dado igualmente a oportunidade da Danca em nosso curriculo, para assim melhor entendermos o nosso proprio corpo, sua natureza de viabilidades e limitacoes, mas, principalmente, como nos expressar atraves dele.
Saindo do Brasil, foi quando percebi o quao atrasados estavamos na contextualizacao da Danca e de sua real aplicacao. Presente nos mais variados segmentos sociais, a Danca ja era levada as empresas, escritorios, museus, escolas, penitenciarias e grupos de terapia e insercao social. Nao se manifestava tao somente enquanto arte performatica, percursora do belo e do virtuosismo, mas tambem, enquanto instrumento poderosissimo de transformacao e intervencao social.
As Olimpiadas de 2012, em Londres, apesar de nao incluir a Danca como modalidade (a se questionar num capitulo a parte), incentivou o setor educacional e de comunicacao a explorar, para alem do esporte, a eficacia da comunicacao da linguagem corporal, a estetica do movimento e suas possibilidades, e para tal, a Danca tem sido a protagonista de inumeros e diferenciados projetos, elevando-a a um inovativo patamar de interesse social: mais cotidiana e menos idilica.
Nunca se produziu, se questionou ou se estudou tanto a Danca como agora e pra quem mora em Londres, o leque para tal, e infinito.
Para comemorar as Olimpiadas e os Jogos Paraolimpicos, com enfoque em dez especificas cidades globais, Sadler’s Wells, ira trazer de 6 a 9 de Junho, uma companhia de danca fundada por Pina Bausch, que foi uma das mais influentes coreografas e um icone da Danca.
A temporada apresenta dez obras explorando dez locais globais. A companhia de Bausch, a convite de cada uma dessas cidades, viveria durante um determinado periodo em cada uma delas, e em seguida, retornaria para Wuppertal, para criar uma peca inspirada pela visita em um livro de viagens coreograficas. O resultado, intitulado World Cities 2012 e fascinante!!
Agua, uma co-producao de Pina com o Instituto Goethe de Sao Paulo, faz parte da temporada e se apresenta no Teatro Barbican nos dias 28 & 29 de Junho : Imperdivel!!
Na minha humilde opiniao, Pina revolucionou, desestruturou e ampliou o conceito da Danca para alem da sua definicao…A Danca de Pina eh transformadora; e impossivel sair dela, da mesma forma com que voce entrou.. seja como bailarino ou como expectador…
Esta e a verdadeira funcao da Danca e Pina sabia faze-lo como ninguem!
10 Comments
Amei Elilia…continue falando mais do corpo, da Danca!
Beijos
Amiga amada, ja comprou os ingressos? x
Muito bacana seu ponto de vista sobre a funcionalidade da danca. E mesmo uma pena que ainda existe muita gente tem uma visao destorcida da danca como expressao do corpo, que pode utilizada em varios aspectos. Alguem vai ver o espetaculo no Barbican?
Olá Elilia, achei interessante este ponto de vista..Fiquei um tempo afastada dos movimentos de dança, mas estou voltando aos poucos, sinto muita falta..e tenho certeza que será um espetáculo este evento!! bjs
Adorei o texto!!
Eu fiz dança por muitos anos, de muitos tipos, e há anos estou afastada por circunstâncias da vida (falta de tempo, gravidez, filho, $$) e morro de saudades…
Querida, amei seu post!
Na minha opinião, a Pina foi junto com Marta Graham e Isadora Duncan, uma das maiores bailarinas da historia da Danca, e como se nao bastasse era um ser humano incrivel. Tive a oportunidade de conhece-la quando ela foi a Sao Paulo com o espetaculo NA MONTANHA OUVIU-SE UM GRITO. Na ocasiao fizemos uma especie de workshop com ela, que era na verdade uma audicao para escolher novos membros pra sua companhia. Eu era uma menina, mas foi uma das lembrancas mais vividas da minha vida. Adorei que vc falou dela e tambem do que vc disse sobre a dança fazer parte de tudo. Eu ja usei a danca para educacao ambiental, para ajudar a curar mulheres e criancas vitimas de violencia e abuso, e em tudo a dança é libertadora. Seu post foi muito enriquecedor! Adorei! Vamos trocar mais figurinhas e quem sabe um dia nao nos encontramos todas para uma grande e livre coreografia!!
bjs do Vietnam
Olà Elilia! Adorei o teu texto do corpo e a dança como instrumento didatico e terapêutico. Nos etudos de kinesiology estudamos a linguagem do corpo, mas mostrando-a de outra maneira; não relacionada com a dança… E foi exatamente por isso que achei super interessante – o foco desta dança que pode ser libertadora!!!
Que pena que não moramos mais perto… Fiquei com agua na boca de ver o espetaculo Agua…
Muita dança p/ você com felicidade!
Ana Cristina
http://www.therapies-integrees.com
Expetacular a sua forma de escrever e nos motivar … adorei 🙂
Quando cheguei a Lisboa com meus filhos ainda pequenos, e na escola durante todo um período (um trimestre eu acho) eles tiveram dança nas aulas de ed. física, pensei: puxa porque no Brasil não fazíamos isso também não é? Mesmo meus filhos, que eram tão tímidos tiveram a possibilidade de perceber o qual gostoso é deixar o corpo falar, mostrar a “alegria”. Ok, eram mesmo danças e tal, mas ainda assim, foi de grande ajuda na formação deles.
Vou me deliciar com os seus próximos posts… ADOREI, PARABÉNS!
Oi Elilia achei muito interessante esta sua perspectiva, nunca tinha pensado neste aspecto terapeutico e didatico da dança no Brasil. Sempre percebi o o Brasil como um pais da dança! Afinal a dança é muito forte na nossa cultura, me questiono se de uma forma ou de outra ja nao utilizamos a dança no Brasil como didatica e terapia de uma forma inconsciente? Pois afinal dançamos e muito, mesmo fora dos palcos, como muitos outros rituais que utilizamos, nao talvez de forma consciente ou com legendas mais cientificas como em paises com culturas mais cartesianas, mas utilizamos de forma intuitiva em nossa cultura.
Entretanto concordo com vc que a inserçao de mais atividades em diferentes espaços e com foco terapeutico e didatico mais especifico e acentuado deve ser mais promovido em um pais onde se dança tanto. No Brasil a prova de que a dança tem uma linguagem e uma funçao social ja é mais que estabelecida em diversos projetos em comunidades carentes como desenvolvimento de integraçao, auto-estima, disciplina, saude fisica e emocional, expressao social! O trabalho da Pina Bausch é com certeza uma grande riqueza na evoluçao da dança! Gostei muito do seu texto! Abraços Ana
Aqui em São Paulo esta questão do corpo e da dança nas Escolas estão muito aquém do que poderia ser, como Profa de Artes percebo que ao falar em dança existe uma tremenda resistência, principalmente por parte dos Meninos, ainda existe muito pré conceito, em minhas aulas falo da importância de alguns Coreógrafos\Bailarinos para a formação Corporal Brasileira, como exemplo Isadora Dancan, mas é inegavel as habilidades natas do povo, a criatividade e a engenhosidade em criar é inegável e me surpreende, adorei suas colocações e como sempre extremamente competênte.
Obrigada.