Já fui a muitos lugares incríveis, misteriosos, interessantes, fascinantes… mas quando soube que teria a oportunidade de conhecer o Amazonas, fazer um cruzeiro pelo Rio Negro e ter a oportunidade de nadar com botos cor-de-rosa, meu coração se encheu de uma alegria ímpar.
Infelizmente, são poucos os brasileiros que têm a oportunidade de conhecer a vastidão e os encantos de seu próprio país, e entre os que têm, há os que acham mais glamouroso fazer uma viagem internacional do que desbravar nossos mares e sertões (até porque, infelizmente, os preços são quase iguais).
Eu, por força das circunstâncias, demorei a colocar o pé na estrada e quando o fiz, foi longe de casa, lá no sudeste da Ásia, então eu conhecia mais a Ásia do que meu próprio chão.
O Amazonas é um estado emblemático para nós. A selva e os rios habitam nosso imaginário enquanto sua fauna é motivo de encantamento. Sempre sonhei em trilhar um bocadinho desse pedaço de chão e finalmente esse momento chegou. Como parte da celebração de aniversário de uma grande amiga, fomos convidados (meu marido, eu e minha filha) a participar de um cruzeiro pelo Rio Negro. Um privilégio mais do que feliz: ela fez aniversário e o presente foi nosso.
Anavilhanas é um lugar de sonhos. Um arquipélago fluvial com mais de 400 ilhas. Confesso que por mais que imaginasse como seria o rio, não dava para ter a noção exata da grandeza e da beleza desse lugar até visitá-lo.
Sua extensão divide-se entre 30% na área de Manaus e 70% na área de Novo Airão.
As “praias” mais próximas da capital, ficam a aproximadamente 115 km de distância e são possíveis de serem alcançadas sem ser de barco, mas as mais paradisíacas e reservadas, são alcançadas apenas de barco.
Há algum tempo atrás o local chegou a ser transformado em uma estação ecológica. O esforço valeu a pena, já que os botos cor-de-rosa em risco de eminente extinção multiplicaram-se bastante durante este período. Nesta época, o acesso via Rio Negro só era permitido para pesquisadores e ambientalistas que justificassem o motivo de sua visita.
A estação ecológica foi transformada em parque, mas a administração do local tem se esforçado ao máximo para manter os cuidados até então dedicados a esse santuário.
Há um grande esforço para que se regulamente as comunidades ribeirinhas e também os povos indígenas que vivem às margens do Rio Negro.
O parque é protegido por uma lei federal que garante a sua preservação e para promover uma integração saudável entre a população que vive às margens do rio (caboclos, comunidades indígenas e ribeirinhas), existe um esforço coletivo para a regulamentação de cerca de 60 comunidades ali estabelecidas. Eles vivem basicamente da caça e pesca e do extrativismo vegetal de castanha-do-pará e mandioca, entre outras espécies nativas.
Há também alguns moradores que fazem uso do turismo para garantir seu sustento. São ações simples, como a “pesca”do pirarucu (onde o turista na verdade alimenta o pirarucu com uma corda com um peixe amarrado, e tira a foto do “peixão” levantado no ar).
Eu fiz isso e adorei!
Há também os que cuidam dos botos. Numa pequena plataforma no meio do rio são disponibilizados coletes salva-vidas e baldes de peixe. Junto com o guia, o turista pode entrar na água para nadar com os botos. Não é um tanque de botos ou um tipo de reserva, é tudo simples. Você entra na água com um balde cheio de peixes e os botos vêm até você. É quase uma versão amazônica de alimentação de pombos. O fato mais legal dessa atividade é a gente se dar conta de que os esforços para salvar os botos cor-de-rosa têm sido bem sucedidos, eles estavam por toda parte, não apenas nessa plataforma. Muitas vezes nadando no rio um pequeno boto saltava do seu lado.
Dá pra expressar o tamanho dessa emoção?
Havia ainda as arraias, ariranhas e peixes, circundando-nos o tempo todo.
A paisagem de tirar o fôlego, a comida de enlouquecer. Iguarias como tambaqui e pirarucu fazem a gente esquecer da dieta sem culpa.
Eu tive o privilégio de conhecer esse paraíso com uma legítima amazonense que me falou das histórias e segredos dessa terra com uma delicadeza ímpar.
Adele é uma grande médica e amiga que decidiu fazer sessenta anos ao lado dos amigos mais próximos. Assim fomos em uma turma muito afinada que divide o trabalho, a amizade e o idealismo. Foram 4 dias desbravando o Rio Negro, cantando noite afora, se encantando rio adentro. Dias inesquecíveis.
Se você tiver uma oportunidade na vida de singrar essas águas, faça! Ali há encantamento e amor para carregar para o resto da existência. Ao lado de amigos queridos então, vale cada momento.
Colhi o sol com as mãos, entoei cantigas, provei da doçura da amizade e do cupuaçu. Carregarei aquela paisagem dentro do peito e cada parceiro desta viagem bem no fundo do meu errante coração.
Há alguns anos o Globo Repórter fez um especial sobre esse arquipélago, assista os melhores momentos aqui:
4 Comments
Que maravilha! Quadro viajei junto por aqui 🙂
Ah que delícia! Tem coisa melhor do que poder propiciar aos leitores essa sensação? Obrigada por comentar!
Realmente fiquei encantada com a descriçao e a emoção colicada. como vc disse, os brasileiros pagam muio caro para conhecer as próprias belezas e cultura. Se pudesse comentar os meios para essa linda aventura?
Oi querida, obrigada pela visita! Então, o que faço é me cadastrar nesses sites que anunciam quando tem promoção de passagem e tento sempre ficar na casa de amigos, isso ajuda um pouco, embora dificulte planejar demais a viagem, já que as promoções nem sempre acontecem nas datas que queremos. Nessa viagem em especial, ganhamos o cruzeiro, já que uma amiga de Manaus fez aniversario e ganhou de presente um passeio no rio com os melhores amigos. Maridão né? Mas ela merece! Sei que há pacotes de cruzeiro para todos os bolsos
Beijos e obrigada pela visita