Logo que descobrimos que tínhamos uma oportunidade de ir morar em outro país, um misto de excitação e medo tomou conta. São vários os fatores que devem ser avaliados antes de tomar a decisão final, como por exemplo: Quais serão as vantagens e desvantagens? Vou ter dificuldade para me adaptar? Vou sentir saudades? A língua vai ser um problema?
Entre tantas perguntas que surgem nessa hora, não custava nada perguntar aos que conhecem e pesquisar sobre o novo país.
As experiências das pessoas são sempre variadas, pois depende muito do que ela viveu, da forma como ela encara o mundo e as mudanças, mas mesmo pesquisando muito, você só vai ter as respostas que servem para você se passar pela experiência.
Para mim, foi muito mais forte a emoção da aventura que o receio. Pesquisei, conversei com pessoas, já estava ciente das restrições que teria e vim com a mente aberta. Confesso, que nem pensei muito em não mudar, eu precisava viver algo novo, por isso que em meus textos, sempre puxo para o lado mais positivo da experiência. Mas isso não significa que eu viva no mundo da “Pollyanna” como uma vez me disseram.
O fato é que por muito tempo na minha vida, reclamei muito e vivia insatisfeita. Mudei de atitude para o meu bem e hoje sou muito mais feliz, o que não significa, que eu não passe alguns perrengues aqui na Arábia Saudita, o fato é que eu só não dou tanto valor pra eles.
Mas pra ser justa e honesta com quem me acompanha, hoje vou escrever um pouco sobre as coisas boas de morar aqui. Então, se você que está lendo agora e está passando pelo momento da decisão de vir pra cá ou não, é bom ler as partes boas e as partes ruins (que será publicado no próximo mês) e ver se consegue fazer como eu, não valorizar tanto.
Devo começar amaciando o terreno? Pois bem… começarei pela parte boa.
1. Bons salários – Geralmente, as empresas oferecem ótimos salários para expatriados com nível superior que vem pra cá trabalhar principalmente na área petrolífera. Os pacotes podem incluir um bom plano de saúde, passagens anuais para a família visitar o país de origem, moradia, auxílio transporte e dependendo a empresa, até mesmo um bônus anual. Algumas empresas são mais generosas que outras, mas em geral os benefícios são bastante atrativos, afinal… ninguém resolve vir pra Arábia Saudita só porque quis. E por mais algum tempinho, o salário ainda vem limpo, sem imposto nenhum deduzido.
2. Segurança – Um pouco pela religião, um pouco pelas leis rigorosas, mas aqui os crimes são infinitamente menores se formos comparar com o Brasil. Claro que crimes acontecem em qualquer lugar do mundo, mas ainda assim a proporção é bem pequena. Muita gente acha que só porque há árabes, têm atentados terroristas o tempo todo, mas não é assim.
3. Inglês – Esse item é bem específico da cidade que eu moro, Al Khobar na Província Leste, em outras cidades grandes como Jeddah e a capital Riyadh. Já em outras cidades menores, esse aspecto pode ser diferente. Aqui tudo do seu dia a dia como expatriado está em árabe e em inglês. Isso porque é grande o número de estrangeiros que mora e trabalha aqui.
Mercado, placas, produtos, vendedores nas lojas. A não ser que você trabalhe com árabes como eu, dá pra viver anos sem aprender nem a dar bom dia em árabe.
E esse aspecto é maravilhoso pra quem quer melhorar o inglês. Aproveitar essa oportunidade para praticar a segunda língua e se não sabe, aprender.
O inglês é ensinado nas escolas aqui e muitos sauditas também estudam em outros países como Inglaterra e Estados Unidos.
4. Se descobrir – Muitas mulheres vêm pra cá com visto de “dona de casa” e, para acompanhar os maridos, precisam abdicar das carreiras que tinham no Brasil, mas esse é o momento de se descobrir sem culpa. Optar por cuidar dos filhos, tirar um ano sabático para descobrir novos hobbies, estudar, viajar ou tentar se recolocar no mercado de trabalho.
Para mim, o título de dona de casa me incomodou um pouco. Era ótimo acordar a qualquer hora do dia e só ficar esperando o marido chegar em casa para ir passear, mas como eu tive uma curta passagem no mercado de trabalho no Brasil, antes de vir pra cá ainda estava tentando descobrir com o que me identificava. Me incomodava o fato de ficar parada.
Graças a uma amiga que sentiu a mesma ânsia que eu e pôde me dar boas dicas, acabei mudando de carreira e até me encaixando no mercado de trabalho daqui. Hoje trabalho como personal trainer após ter estudado e me qualificado por aqui mesmo.
Me descobri, o que antes fazia por hobby hoje me agrega e a cada dia, tenho um novo aprendizado. Falo inglês o dia todo e isso é um sonho de criança sendo realizado.
5. Variedade – Como moro em uma cidade cheia de estrangeiros, no mercado tem produtos de todos os lugares do mundo. Eu acho até uma bala que é produzida numa cidadezinha do RS chamada Erechim por aqui. Então algumas coisas que sempre via os americanos se esbanjarem, aqui eu encontro também. Fora o tanto de frutas e produtos totalmente desconhecidos de outros países que a gente vai encontrando nas prateleiras.
6. Eletrônicos e encomendas – Os eletrônicos aqui são consideravelmente mais baratos se comparados ao Brasil. Então, aquele smartphone tão caro, aqui não é algo tão exclusivo. Dá pra se dar vários luxos que no Brasil seria impensável. Quanto as compras online, para a gente, aqui está sendo um paraíso. Aquelas comprinhas da China que eu fiz em 2014 e ainda não chegaram no Brasil, por aqui chegam rapidinho. E muitos países entregam aqui também, sem burocracia e sem impostos.
7. Carros e gasolina baratas – Aqui, o preço dos carros e da gasolina é muito mais barato que no Brasil. A gasolina custa custa cerca de 63 centavos o litro (março/2017) e também encontramos muitos modelos de carros top de linha que nem existem no Brasil por preços bem mais em conta.
Apesar das mulheres não poderem dirigir, aqui podemos pagar por carros que jamais teríamos no Brasil.
Curioso pra saber as partes ruins? Na parte 2 falo delas.
Confere lá!
6 Comments
Ola Gabriela,
Obrigado por compartilhar suas experiências na Arabia Saudita.
Com certeza esclarece e ajuda quem procura um pouco mais sobre as verdades e mitos de decidir viver no oriente médio.
Continue com os posts! (Ja li o de Maio tb que esta muito bom)
Fabricio
Valeu Fabricio!
Querida achei seu texto bom demais, só não consegui achar as coisas ruins, me ajude estou nesse empasse meu marido foi chamado hoje pra trablhar na empresa saudi aramanco e estamos indecisos sobre essa mudança se me ajudasse seria muito grata
Muito bom ler o seu relato Gabriela. Isso de certa forma ajuda a quebrar diversos mitos que temos sobre esse pais muitas vezes construida pela nossa propria midia querendo vender uma imagem de regime opressor para com a populacao.
Gostaria de saber as regras de estrangeiros casados que vão trabalhar em Jeddah.
Ola Gabi,
Vi seu post e achei super legal… vc me faria uma gentileza, conhece algum brasileiro que trabalhe na area da construção civil ai na Atabia Saudita??