Tenho recebido muitas perguntas sobre se é fácil conseguir um emprego na Argentina atual e como estão determinadas áreas e o mercado laboral.
Percebo que há uma certa ingenuidade em muitas destas perguntas, porque não podem esquecer que estão falando de procurar emprego em outro país. Você será imigrante. Sempre. Não é tão fácil quanto mudar de estado, mudar o endereço no curriculum e enviá-lo. Para os que estão cogitando a ideia de ir para outro país é importante se preparar. Ter um diploma não significa muita coisa em outro país, pois em primeiro lugar sempre estará o fato de ser imigrante. É importante estudar o idioma. Chegar com o idioma do país pode fazer a diferença na sua vida.
Pesquisar é fundamental. A internet não é só rede social. Há sites, relatos, blogs como este, jornais que ajudam a ter uma ideia de como está o país. Dar uma olhada nos classificados dos jornais mais importantes também é fundamental, inclusive para ter ideia dos requisitos e dos salários que estão oferecendo. Cada país tem a sua própria realidade, a crise econômica ou política afeta de forma diferente em cada lugar. No momento, o número de desempregados aqui aumentou bastante. Algumas empresas multinacionais têm listas desde o ano passado de funcionários que serão demitidos agora em junho. Os funcionários foram avisados e estavam procurando uma nova colocação laboral. As previsões para o ano de 2016 não são boas. No jornal Cronista, fizeram uma enquete e 49% das pessoas entrevistadas disseram ter certeza sobre continuar no emprego atual. Os outros 51% não têm a mesma certeza. A Argentina está em primeiro lugar da lista com maior índice de desemprego da América do Sul.
Atualmente os classificados que pedem pessoas que falem português são muito claros sobre ser necessário falar o espanhol e de preferência o inglês de formas fluentes também. Já soube de casos de brasileiros que foram numa entrevista e saíram muito chateados porque a empresa ou o comércio os descartou porque eles não falavam espanhol. E aí eu pergunto: ficou chateado por quê? Este é um país de fala hispana, a obrigação é que o imigrante fale o idioma e que se adapte, não o contrário.
Também há o fato de que no Brasil, culturalmente, muitas pessoas estão acostumadas a que outras”passem a mão sobre a sua cabeça”, que ajudem, e aqui não é assim. Muitas pessoas podem ajudá-lo, mas é uma cultura onde ninguém tem a obrigação de agradar a nenhum desconhecido. O discurso é muito direto: não é não e ponto final.
Agora, se a pessoa tem um bom curriculum, estudou o idioma e é flexível as chances são muito maiores, mas não certas. O fator sorte pode ajudar bastante. Sabe aquela coisa de estar no lugar certo, na hora certa? Pois é. Às vezes é só isso. Conheci pessoas com diploma de jornalista no Brasil e aqui ganhavam dinheiro vendendo pão de queijo. Outro era engenheiro no Brasil e aqui estava entregando panfleto na Calle Florida porque não conseguia nada. Outro que ao não conseguir nada começou a dar aula de português, mas não deu certo, afinal nem todos podem ser professores ou têm a didática ou tolerância para sê-lo.
É importante vir preparado para trabalhar, mas também é importante vir preparado para qualquer eventualidade. Quando vamos para outro país, por opção, para morar, é importante ter em mente os dois caminhos: posso conseguir ficar e posso ter que voltar. Tem pessoas que ficam com vergonha de voltar e dizer que não deu certo. Isso é algo que não pode ficar pensando muito, porque são muitos os fatores quando somos imigrantes. A minha história, a minha realidade com este país – como a de outros estrangeiros – com os argentinos é muito positiva, mas quantas foram pessoas eu conheci que a experiência foi realmente sofrida e se sentiram imigrantes e foram tratados como tal todo o tempo que estiveram aqui.
Informe-se o máximo que puder. Estar aberto à mudança é muito bom, eu adoro pessoas que arriscam a sair da mesmice, mas também é preciso estar aberto a tudo o que pode vir com esta mudança. Nem tudo é culpa do novo país ou das pessoas que vivem nele. Que as coisas não aconteçam como você quer pode vir de você que quis mudar de país, mas não de vida.
7 Comments
Gostei muito! parabéns!
Gostei muito do seu Post. E gostaria de uma informação. Estou indo de férias para Argentina em Agosto deste ano. Como está a cotação do peso em relação ao real. Vou ficar 19 dias, quanto você acha que será necessário, somente para passeios e alimentação, já que hostel eu já tenho a cotação?
Obrigada e parabéns!
Oi Kátia,
Tudo depende de que tipo de viajante você é. Por isso nao tenho como te passar nenhuma estimativa, pois existem muitos tipos de viajantes.
quanto a cotaçao você realmente vai precisar ficar de olho quando estiver mais perto, pois com o dólar subindo no cenário internacional e com a aproximaçao das eleiçoes presidenciais na Argentina, a verdade é que nao temos a menor ideia de qual será a cotaçao depois de julho.
Muito boa a sua colocação! Acho super ironico o fato de pessoas quererem mudar de país mas não estarem dispostas a aprender o idioma local hahhah não entendo isso. É a primeira coisa que devem fazer.
Excelente suas colocações! Concordo plenamente que a primeira coisa que devemos ter em mente ao decidirmos mudar de país é a COMUNICAÇÃO, falar bem a Língua do país que elegemos como a nossa NOVA casa; é também uma questão de respeito e demonstração de real interesse em fazer parte daquela sociedade.Adoro situações novas, sinto que me saio bem. Gostei muito de seus comentários, ajuda muito a quem tem a intenção de ter uma segunda pátria.Ana Maria Castelo Branco- Pedagoga e psicopedagoga – PUC- SP
Olá Boa Tarde
Eu e meu namorado estamos indo pra Argentina em Março de 2017, ele está indo cursar medicina, e eu vou á procura de um trabalho!
Gostaria de saber como anda a situação atual do Pais, e se você tem alguma dica de locais pra indicar , pra começar procura por ele!
Obrigada
Gostaria muito de trocar algumas idéias , caso se interesse deixo aqui meu e-mail.
gabipiatti@hotmail.com
Oi Gabriele,
A situacao continua a mesma, ruim, o custo de vida está altíssimo. Todos estavam esperando uma mudanca significativa com o novo governo, mas ele nao conseguiu diminuir o grande problema que é a inflacao. Tudo indica que terminaremos o anos com 38% de inflacao e os analistas dizem que se o governo nao mudar alguns planos urgentes poderemos ter um aprofundamento da crise para o ano que vem, o que nao é nada bom.
Além do debate sobre os estudantes estrangeiros. Há uma onda de insatisfacao por aqui. Muitos argentinos nao querem mais brasileiros, colombianos, etc, vindo estudar aqui de forma gratuita. Tudo indica que o governo criará novas medidas no ano que vem sobre isso, já que o debate está na ordem do dia, com muitos inclusive querendo que seja proibido na UBA e com muitas faculdades privadas já tratando muito mal alunos estrangeiros e elevando o valor da mensalidade para separar as nacionalidades e humilhando a muitos em sala de aula para que estes abandonem suas instituicoes.
Mas, somente teremos uma ideia do que vai acontecer no ano que vem quando o governo divulgar as novas medidas. Só resta acompanhar.