É consenso que não há melhor maneira de conhecer um lugar do que através de sua cultura gastronômica. Muitos pensam que gastronomia é apenas sobre comida e esquecem um elemento essencial que acompanha a mesa e muitos momentos de lazer com a família e amigos: as bebidas.
Vir à Argentina e não provar um bom vinho é um verdadeiro pecado. Infelizmente o paladar brasileiro para vinho é muito doce e por sorte, muitos que vêm morar aqui, acabam mudando a percepção com essa bebida tão fantástica e aprendem a bebê-la como se deve. E os que fazem turismo deveriam se permitir sair com um “local” ou amigo que goste de vinhos e deixá-lo mostrar como degustar uma boa taça. Poderá se surpreender com a experiência!
É um luxo entrar em qualquer supermercado e se deparar com uma excelente bodega com os mais variados preços, além de termos lojas de vinhos em muitas esquinas. O vinho neste país é uma bebida para todos os bolsos e muito boa. É possível beber um bom vinho por 20$ ou por 300$. A estrela argentina é o Malbec; tinto, seco, forte e perfeito para acompanhar um bife ou churrasco, além de ser a companhia ideal em encontros com amigos. Para mim, uma garrafa de Malbec sempre está associada a noitadas com amigos. Ao morar, vamos nos acostumando com outros nomes: Syrah, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, etc. E entre os diversos vinhos brancos, a excelente uva Torrontés. Além de nos acostumarmos a beber espumantes e descobrir que há uma diferença entre eles e o champanhe.
Faz parte do hábito levar uma garrafa de vinho ao dono/a da casa que nos convida para comer. É realmente difícil almoçar, jantar, ir a um churrasco ou comer uma tábua de frios sem encontrar uma taça de vinho. No verão, o vinho tinto dá lugar à Cidra, a espumantes e ao Clericó. Essa última é uma jarra com salada de frutas e uma bebida clara que pode ser vinho branco, cidra ou champanhe, uma versão mais fresca da Sangria. E apesar de fazer parte desta gastronomia, a Argentina não vive só de vinho.
Quem sai à noite para festas, bares e cai na balada, conhece rapidinho o Fernet. Essa é uma bebida escura de origem italiana com ervas amargas, que era uma beberagem em suas origens, já que atuava como um digestivo. Os imigrantes italianos trouxeram essa bebida ao solo argentino e, na província de Córdoba, ela ganhou espaço na mesa e, ao ser misturada com Coca-Cola, ganhou os jovens. É uma bebida fortíssima e bastante amarga; possui alto teor alcoólico e por isso deve ser misturada. É servida com três dedos de fernet, gelo e bastante Coca-Cola. Agora existe a versão mais suave e perfeita para os quentes dias de verão: a Fernet Menta, que é misturada a Sprite ou Soda, não combina com outros refrigerantes.
E se acima eu disse que o vinho está presente nos encontros entre amigos, podem acrescentar o Fernet como o companheiro inseparável dele, pois, ao combinar algo, essas serão as garrafas que estarão na mesa, até mais que a cerveja. Principalmente no inverno, já estive com amigos e não havia uma só garrafa de cerveja. E outra presença muito frequente por aqui nesses encontros é a vodka com suco de laranja.
E para quem não gosta de bebidas alcoólicas, as opções, além da água, são refrigerantes e a soda é mais consumida que a Coca-Cola. Dificilmente falta uma garrafa de Soda na geladeira. Eu mesma já cheguei à conclusão que ela substitui a água. Já tive amigas argentinas que sempre que tinham sede abriam a geladeira e bebiam soda. E o interessante é que aqui os refrigerantes não são tão doces como no Brasil. Outra alternativa é a água “saborizada” nos mais diversos sabores. Acredito que os melhores são os de uva italiana e pomelo.
O pomelo é como uma laranja rosa, muito azeda e o seu uso é principalmente para sucos. Se quiserem provar algo diferente, tem refrigerante e água “saborizada”. Os mais velhos, principalmente italianos e espanhóis têm o costume de beber a grapa, que é, grosseiramente falando, a versão italiana da nossa cachaça e pode ser encontrada em bons restaurantes.
Para terminar, não posso deixar de falar da cerveja. Há uns dois anos começaram a vendê-la em latinhas, mas o forte mesmo são as garrafas de 1 litro e muitos argentinos não se preocupam se ela esquentar. É normal pedir a cerveja e deixá-la na mesa durante a conversa e, mesmo que ela esteja ali há uma hora, vão bebê-la. E também é comum, se estiver em casa e não bebê-la toda, colocar a tampa de volta e colocá-la na geladeira. Pois é, ainda fico surpresa quando dizem que poderão consumi-la depois quando para nós ela já estará choca, muitas vezes já tive que explicar essa palavrinha para eles. Algo legal com as cervejas que vejo em Buenos Aires é que há muitas cervejarias artesanais com muitas variedades e diversos pubs no melhor estilo europeu. Assim, para os amantes da boa cerveja, Buenos Aires também é um destino perfeito.
2 Comments
Olá Ina, estou com planos de passar uns 15 dias em Buenos Aires, no mês de Agosto.
Teria como me enviar dicas de hotéis, passeios, ou onde posso achar certo conteúdo? Gracias.
Oi,
Se você estiver procurando um serviço personalizado posso te passar o valor para a montagem do mesmo.