No domingo de 19 de novembro ocorreu o primeiro turno das eleições no Chile. Os eleitores deveriam votar para presidente, deputados e senadores. Participaram, aproximadamente, 6,6 milhões de eleitores e o resultado trouxe uma surpresa que desafiou todas as previsões das pesquisas anteriores ao pleito.
Beatriz Sánchez, candidata pela coligação Frente Amplio, obteve 20,27% dos votos, ao contrário dos 8.5% previstos pelas pesquisas. A coligação que representa foi constituída no começo deste ano com o apoio dos ex-líderes do movimento estudantil e reeleitos deputados, Gabriel Boric do Movimiento Autonomista e Giorgio Jackson da Revolución Democrática. Ambos são os políticos melhor avaliados pela população nas pesquisas de satisfação.
O que quer dizer tudo isso? Que a população exige mudanças e propostas que estejam mais relacionadas com as necessidades e realidades da sociedade e querem renovação na política do país. Além disso, esta coligação conseguiu eleger 18 deputados e 1 senador. Um resultado importante para romper com o velho duopólio da direita e a coligação da Concertación a qual esteve no poder desde o fim do governo militar, sendo interrompida com a ascenção de Piñera em seu primeiro mandato.
Já era esperado que Sebastián Piñera conseguisse a maior quantidade de votos, entretanto, estes ficaram abaixo do que previam as pesquisas teminando com 36,64% dos votos e disputará o segundo turno no dia 17 de dezembro com Alejandro Guillier candidato da Fuerza de la Mayoría que propõe seguir o legado da atual gestão.
Sebastián Piñera já ocupou o cargo de presidente do país uma vez. Representante da direita conservadora, volta com propostas polêmicas e com um discurso a la Donald Trump quando se trata da questão migratória. Se vence Piñera, o cenário para os imigrantes passa a ser desfavorável e muitas das avanços do governo Bachelet podem se perder. Já Guillier continua sendo o “mais do mesmo” sem propostas inovadoras, mas buscando manter as conquistas do governo atual. Agora ele precisa conquistar o eleitorado do Frente Amplio para tentar derrotar Piñera.
Um balanço do governo de Michelle Bachelet
Tem muita gente que vai discordar desta análise, mas o governo de Bachelet começou morno e sem novidades, porém no último ano apresentou avanços bastante importantes para um país conservador como o Chile e que estão mais próximos dos clamores por mudança da sociedade atual. Dentre eles, podemos citar a lei que tipifica a incitação á violência, a qual prevê a penalização com prisão de quem insulte direta ou indiretamente a qualquer pessoa por sua nacionalidade, sexo, gênero, orientação sexual, religião ou crenças. Esta medida promove uma penalização mais dura contra a discriminação e tem por objetivo criar um ambiente mais favorável a diversidade. A penalização também é válida também para pessoas jurídicas e meios de comunicação.
Outro avanço do governo de Bachelet foi a assinatura do projeto de lei que prevê o casamento igualitário, substituindo a lei atual que considera o casamento como um ato entre um homem e uma mulher, por um ato entre duas pessoas. Neste mesmo projeto, se considera a adoção em forma igualitária por casais homossexuais ou heterossexuais.
Podemos mencionar também como outra conquista do atual governo, o programa Chile te recibe que é um programa criado para facilitar a concessão de vistos para crianças e adolescentes imigrantes que a partir de agora só precisam da certidão de nascimento para dar início aos trâmites de vistos. Com isso, o governo do Chile já está em contato com diversos países da região para simplificar o fornecimento deste documento. Além disso, se eliminou a cobrança de tarifa para vistos de crianças e adolescentes e por meio da criação de um visto especial mais de 31.000 estudantes conseguiram regularizar a sua situação.
Também foi legalizado o aborto em casos de estupro, risco de vida para a mulher e inviabilidade fetal. Medida esta que foi bem polêmica e controversa, mas que representou uma decisão histórica para o país já que contava com o apoio de 71% da população.
Por último, Bachelet assinou o projeto de lei que proíbe o uso de sacolas plásticas em mais de 100 cidades em todo o país, tornando-se o primeiro país da América Latina a tomar uma medida importante contra a poluição gerada pelo consumo de plástico no mundo. Os comerciantes que não respeitarem a lei poderão ser multados em até US$ 300,00. Como o Chile tem um extenso litoral e sua economia depende muito da indústria da pesca, a medida busca defender essa indústria que se vê bastante afetada pela poluição de plástico acumulado nos oceanos e afetando os animais marinhos. Com esta medida, o Chile sai na frente em território latino-americano no que se refere a diminuição do consumo de plásticos.
O segundo do turno das eleições está chegando e agora nos resta esperar para saber qual será o percurso do país nos próximos anos.
2 Comments
Olá Renata, estou de mudança para o Chile provavelmente para las Condes, gostaria de informações de escolas próximas, como proceder com a matrícula, estou pensando em colocar meus filhos na internacional para melhor adaptação, obrigada
Oi, Cristiane! O processo nas escolas do Chile é bem diferente do Brasil. Não sei a idade dos seus filhos, mas primeiro voce precisa verificar nas escolas que te interessam se há vagas para a idade deles, assim como a documentação necessária. Cada escola, possui um procedimento diferente. No mês de março, a maioria das escolas começa o processo de seleção dos alunos para o ano seguinte. Dependendo da idade, a criança precisa passar por uma avaliação. Existem várias escolas internacionais na região de Las Condes, vou te passar o nome de algumas para que você possa entrar em contato, Dunalastair, Lincoln, Wenlock, Kilpatrick e Saint Andrews. É importante reservar um valor para a taxa de incorporação que é bem cara e varia de escola para escola. Essa taxa é paga uma vez que a criança é aceita. Algumas escolas já incluem na mensalidade os materiais. Boa sorte!