Como brasileira de nascimento e internacionalista de profissão e alma, já tinha certa ideia de como seria Bruxelas. Não é Paris, não é Londres, não é Amsterdã, é outra coisa. É um lugar lindo por ser estranho.
Oi? Estranho? É, estranho, diferente, único.
Aqui você encontra um prédio horrível ao lado de uma joia em Art Nouveau. A capital da Europa – vocês sabiam disso? – é Bruxelas. É uma sensação de Brasília, sabe? É um conceito criado, a capital de muita gente diferente. Mas assim como Brasília, Bruxelles/Brussel/Brussels foi criando sua cultura própria: uma mistura de europeus de clima frio e quente e também inúmeros imigrantes ou refugiados. Aliás, foi aqui que aprendi a expressão “expats”. What? Vem do termo expatriados, um termo très chic, para designar imigrantes/migrantes, mas de mão de obra mais qualificada – termo muito interessante para ser estudado por aí…
Enfim, é gente que, como nós, pulou a fronteira e agora é sapo fêmea em outro pântano. O fenômeno expats, como livremente o defino, é um efeito dos fluxos migratórios mundiais, mas principalmente o fluxo migratório europeu, logo da criação da União Europeia. E em Bruxelas, por ser a sede da Comissão Europeia, naturalmente tem gente de todas as partes da Europa. O mais interessante é que os milhares de estagiários, funcionários, deputados e seus inúmeros assistentes e conselheiros (a burocracia é gigante e rica) chegam aqui muitas vezes sem conhecer ninguém, sem família ou amigos. Então, pensando nesse imenso grupo de pessoas, vários deles criaram organizações e grupos, geralmente online, que servem de plataforma para fomentar eventos e encontros, tipo um clube, sabe? É a velha busca por pertencer a um grupo, as sociólogas que me ajudem nessa. Entre os eventos, existem as festas de expats, os shows, as oficinas de idiomas, o clube do livro e autores; é riqueza pura.
O que mais me chamou a atenção foi que nesses sites eles incentivam a pessoa a chegar sozinha nos happy hours (Apéro Afterwork – Brussels Expats) e lá, conhecer gente. Tive que provar, né?
Chegar sozinha em algum lugar é sempre desafiador, entretanto após de anos fora de casa e fora da nossa zona de conforto, acabamos nos soltando e aprendendo. No começo foi curioso: festa estranha com gente esquisita. Mas depois que a gente faz certa reflexão entendemos que ser estranho é o que somos, porque aos olhos do outro e do diferente nunca somos o comum, verdade? Então logo depois da primeira taça de vinho relaxei e realmente me senti bem, em casa, entre seres do mundo todo que por um motivo ou outro saíram de suas casas e compartilham essa cultura de “ser estrangeiro” em algum lugar. Vale a experiência. Até porque Caetano tem razão: de perto todo mundo é estranho.
Mas voltando a Bruxelas, o que senti aqui é isso: existe um intenso ambiente totalmente aberto a estrangeiros, talvez porque muitos belgas trabalham em Bruxelas, porém moram nas cidades vizinhas, ou porque os belgas são tão diferentes entre si que o estrangeiro pode ser qualquer um. Só que isso é assunto pra outro texto. Acho que também é fácil escutar inglês entre francês e flamengo; aliás, me surpreendeu o quanto é comum. Acredito que a presença da Comissão aqui mudou totalmente a cultura da cidade e a transformou. A palavra de ordem é aceitar o diferente, conviver com outros idiomas nessa mistura tão rica entre o clássico e o novo, viver em meio à diversidade, num almanaque de pessoas, símbolos, línguas, valores e culturas. É isso que, pra mim, torna Bruxelas tão rica e tão atraente para os estrangeiros que, mesmo fora de seu país, encontram entre seus semelhantes expatriados uma forma de se sentirem ’em casa’ à sua maneira.
6 Comments
Bem-vinda ao BPM, Marcela! Você descreveu bem o clima de Bruxelas, ótimo post.
Obrigada! Abraço!
Muito bom o site/Blog de vocês! Gosto de ver aa parte turística mas também curto muito ficar uns dias a mais para conhecer melhor a cultura local… Gostei das dicas também…
Ola, marcela! Eu estava pensando em fazer RI, mas ainda tenhk duvidas sobre o curso. Será que vc poderia me ajudar? Tem algum veiculo dw contato? Bjs, lorena
Oi!
meu email marcela_vitarelli@yahoo.com.br
Abraço!
Marcela
Não entendo porque se fala tanto de que viver em Bruxelas é tão maravilhoso e se omite a parte menos boa. Para quem já viveu em várias cidades da Europa e em São Paulo, Bruxelas é uma cidade complicada. Das piores onde vivi. Não é que não hajam coisas boas mas as coisas más são mais. Gostava muito de perceber como se ultrapassa esta parte para começar a ver esse lado cor de rosa de Bruxelas.