Esta é, de longe, a pergunta que mais ouvi desde que tive a ideia de fazer uma volta ao mundo. Eu mesma me fiz esta pergunta diversas vezes durante o planejamento. E, acredite, não há uma resposta definitiva para ela, já que existem muitas variáveis que podem puxar para cima e para baixo o seu orçamento. Como também existem muitas escolhas que podem ser feitas e que diminuem muito os gastos. Há dois pontos chaves para o processo de fazer o orçamento em uma viagem tão longa e eclética: organização e pesquisa.
Pouca gente sabe, mas existe uma passagem de volta ao mundo, ou Round The World ticket. Ela é vendida pelas alianças de companhias aéreas e pode ser um facilitador na hora de orçar e de executar uma volta ao mundo. Ela tem vantagens e desvantagens, como tudo na vida, é claro. Você deve sair do Brasil com todos os trechos marcados, e normalmente há uma taxa se quiser fazer trocas, você pode escolher datas que vão de 10 a 365 dias, e pode fazer 16 paradas. O custo é em torno de US$ 4 mil – este valor pode variar com a quantidade de milhas e paradas. Pelas minhas pesquisas pessoais, e com base no meu roteiro, ficava mais barato comprar trecho por trecho. Também acho muito bom ter maior flexibilidade para poder mudar o roteiro enquanto viajamos. Mas não dá para negar que, em termos de planejamento e trabalho, é muito mais fácil e tranquilo comprar um RTW ticket.
A maioria da informação que queremos (e precisamos) está na internet, então se prepare para passar horas e horas no computador, e chamar o Google de melhor amigo. Os gastos são basicamente três: hospedagem, alimentação e passeios. Depois de um mês de viagem nós aprendemos a pesquisar no Booking sempre o menor preço. Ficamos em lugares bem toscos e em outros ótimos, mas descobri bem rápido que o hotel não é o mais importante. Apenas 3 ou 4 vezes até agora nos permitimos ficar em lugares com uma infraestrutura um pouco melhor, principalmente em lugares que resolvemos ficar mais tempo. E a maioria, grande maioria, das vezes, nossa pesquisa na internet era só para ter uma base de preços: em toda a Ásia só reservei hotéis antes de chegar na cidade no Japão ou se eu percebia que chegaríamos em horários bizarros (como quando aterrissamos no Camboja a 1 hora da madrugada).
Os gastos com passeios são os que eu faço questão de não ser mão de vaca. Afinal, de que adianta ir até Arlie Beach, na Austrália, e não conhecer Whitesunday? Fazer essa viagem é sobre ter experiências novas, ver coisas diversas, aproveitar o que a natureza tem para nos mostrar, então fizemos praticamente tudo o que desejamos neste quesito. Já os gastos com a alimentação foram diminuídos, e muito, cozinhando. A grande vantagem de ficar em apartamento ou hostel: ter cozinha. Além de ter facilitado a adaptação à exótica comida asiática, economizamos muito diminuindo a ida aos caros restaurantes na Nova Zelândia e Austrália.
Tudo isto considerado, posso dizer o meu orçamento: cerca de 40 dólares por dia, por pessoa. Tenha em mente que este orçamento é com base em nossas características pessoais e nosso roteiro. Nós pegamos ônibus e trem para baixar os custos, mesmo que tenhamos que ficar 16 horas dentro deles. E lembro de ter ido a um restaurante “de verdade” menos de 10 vezes. Mas essas coisas não diminuíram, em nada, o quanto aproveitamos a nossa viagem até agora.
E para terminar, algumas dicas para tentar diminuir os custos:
O roteiro faz mesmo toda a diferença. Lugares como Austrália, Inglaterra e Japão são muitas e muitas vezes mais caros do que o Vietnã, Tailândia e China, por exemplo. Portanto, se escolher ficar mais tempo nos lugares mais caros, seus gastos serão maiores, e isso pode dar mais diferença do que se imagina.
Deslocamento: outra coisa que pesa bastante num orçamento é a maneira que você se desloca, tanto de uma cidade para outra como dentro das cidades. Nós escolhemos caminhar muito e usar ônibus e metrô nas cidades, usando taxi apenas se não houvesse outra opção. E de um lugar para outro trem ou ônibus. Todas as vezes que pesquisei era muito mais barato assim do que ir de avião, mas não é uma regra, vale sempre pesquisar, pois as vezes há promoções e se consegue passagens aéreas muito em conta.
Coma onde os locais comem. Além de ser mais barato, também é mais autêntico. E ajuda o comércio local. Nós abusamos da comida de rua, como food trucks e pequenas lanchonetes. Como eu falei, restaurantes mais incrementados são exceção.
Couchsurfing. Uma rede social que conecta pessoas que estão dispostas a hospedar turistas às pessoas que precisam de um lugar para ficar. Eu acho a experiência incrível, um modo ótimo de conhecer a cultura local de forma única, pegar dicas de quem conhece a cidade de verdade, e ainda dá para fazer vários novos amigos. Só tivemos boas experiências fazendo couchsurfing.
Viajar a longo prazo é, em geral, mais barato do que parece. Com o mesmo que se gasta em 15 dias em Orlando, dá para passar 3 meses no sudeste asiático. Com planejamento e perseverança dá sim para realizar.
2 Comments
Maravilhosa sua experiência. Obrigada pelas dicas reais. Deu muita vontade de planejar uma viagem assim com o marido. Obrigada, parabéns pela coragem e por partilhar convosco suas experiências.
Oi Jéssica,tudo bem?Vc poderia contar sua experiência em relação viagem ao mundo com crianças em idade escolar,como é o procedimento de ensino,muito curiosa e muitas dúvidas na mente.Att Elaine Rangel