Na véspera do Natal eles não consomem carne durante todo o dia (eles fazem um tipo de jejum), no café da manhã, no almoço e inclusive na ceia de Natal. As comemorações durante a ceia se iniciam com uma oração ao redor da mesa com todos os familiares, não sei se é alguma parte da Bíblia ou algum livro religioso, mas minha sogra sempre lê um livrinho com uma oração e, logo em seguida, é servido um pão feito pela própria família (eles valorizam muito tudo o que é caseiro). Esse pão contém vários objetos: um pedacinho de madeira, uma moeda, um feijão (isso na família do meu marido, acredito que pode haver alguma variação dependendo da região). Cada objeto tem um significado, como saúde, trabalho e dinheiro. Esse pão é repartido entre todos os familiares da casa, e um pedaço representa a própria casa (a família toda), que simboliza o que a casa e os familiares vão ter como “sorte” no próximo ano que vai chegar, e também é comum ser servido um banitza (pão feito com massa filo, e geralmente e recheado com queijo Sirene – mas pode possuir outras variações de recheio – tanto recheios salgados como recheios doces). No topo do banitza algumas famílias também colocam pequenos bilhetinhos embrulhados papel alumínio, que podem ser assados juntos ou colocados apenas depois de prontos, com frases de sorte e encorajamento (iguais aqueles que encontramos nos biscoitinhos chineses). Na mesa, tem que conter 7, 9 ou 11 pratos tradicionais natalinos, que devem ser veganos (não pode conter carne, ovos ou derivados, pelo menos na minha família, essa é a regra, mas sei que algumas regiões da Bulgária, a regra é apenas consumir comidas vegetarianas).
Os pratos tradicionais de Natal geralmente são: feijão branco cozido, diferentes tipos de salada, pimentões recheados com arroz, folhas de repolho cozidas e recheadas com arroz, o pão de Natal (o qual me referi no início do texto), o pão banitza, vários tipos de castanhas e frutas secas, baklava (receita também típica da Turquia e da Grécia). Depois da ceia, a tradição na região onde eu moro, é de deixar a ceia posta até o dia seguinte, convidando o Pai, o Filho e o Espírito Santo para comerem, como se essa comida fosse uma oferta para eles.
No dia seguinte, no almoço de Natal, é permitido o consumo de carnes e derivados. Nessa hora a comemoração fica bem parecida com a do Brasil (pelo menos as comidas). Geralmente são servidos carne de carneiro, pato assado, peru (influência da globalização), vários tipos de salada, além de nozes, castanhas, frutas secas, sobremesas. Para beber, geralmente são servidos vinho caseiro e o famoso destilado búlgaro a Rakia (destilado feito a partir de frutas como damascos, cerejas, uvas, ameixas e que pode ser confeccionado apenas com uma fruta, ou misturado; é um destilado bem aromático).
Uma curiosidade é que mesmo as senhoras de idade avançada, sempre bebem um pouco de destilado, nem que seja apenas para brindar (a bebida pura, pois aqui eles não misturam o destilado, no máximo adicionam uma pedrinha de gelo). A bebida alcoólica é muito presente, tem um peso cultural muito grande, sempre está incluída em todo o tipo de comemoração. Embriagar-se é algo comum e aceitável na sociedade búlgara.
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1 Comment
Oi Aimée…
A Bulgária sempre me surpreende com tanta cultura .