Phnom Penh é o centro econômico/político do país e a maior e mais populosa província, com mais de 1,5 milhão de habitantes. O turismo é um dos principais contribuintes da economia. Phnom Penh é o terceiro principal destino turístico cambojano, atrás apenas de Siem Reap e Sihanoukville.
Tornou-se, oficialmente, a capital depois de 1860, após a colonização francesa. Até então, foram várias as províncias que serviram de capital, inclusive Siem Reap. Um dos motivos para a mudança foi a geografia: três rios (Tonle Sap, Mekong e o Bassac) cruzam a capital sendo uma importante rota comercial.
Por volta de 1920, Phnom Penh era conhecida como a “Pérola da Ásia”, mas a capital tem um histórico bem trágico e conturbado. Por diversas vezes foi saqueada e invadida pelos tailandeses, foi ocupada pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial, sofreu os efeitos da Guerra do Vietnã e foi o centro das ações políticas do Regime do Khmer Vermelho.
Fui para Phnom Penh fazer uma entrevista de trabalho para uma empresa de cerveja local, a Cambodia Beer, uma das maiores do país. Como a entrevista era super cedo, peguei o ônibus noturno de Siem Reap para Phnom Penh (aproximadamente 6 horas de viagem). Não existe uma rodoviária em si, é mais um local perto do centro, mais próximo ao rio, onde a área de turismo é maior e na qual se encontram também restaurantes, cafés e mercados noturnos. Como minha entrevista era às 8:30 e eu tinha chegado umas 6 da manhã, entrei num café e fiquei fazendo hora.
A minha primeira impressão não foi a das melhores: mau cheiro, sujeira, poluição, caos, enfim tudo de negativo que uma grande cidade tem a oferecer. Após muita negociação de preço, peguei um Tuk Tuk para ir até o escritório. Demorei quase uma hora e meia e nem era tão longe assim! Aquele trânsito caótico com um milhão de motos, Tuk Tuks, carros, buzinas, semáforos quebrados, cruzamentos fechados, sol de rachar… eu estava no inferno! Por um instante me vi de volta a São Paulo e aquela sensação me estressou de um modo que nem eu imaginava ser possível. Pela capital ser considerada “nova”, está em bastante desenvolvimento, com obras e prédios modernos sendo construídos. Aquele contraste que temos em SP riqueza x pobreza é bem nítido na capital também.
Pois bem, cheguei no escritório e me pediram para preencher aquela velha ficha cadastral. Até hoje isso não faz sentindo para mim, afinal enviamos o CV para quê? Enfim… após preencher as intermináveis paginas e tomar um chá de cadeira, a pessoa responsável pelo RH veio me pedir desculpas, pois a gerente estava na fábrica e não iria conseguir ir para o escritório para me entrevistar. Quando vi, estava indo para a fábrica para fazer a entrevista (risos). Neste ponto eu até que gostei, pois pude conhecer mais sobre a marca (que recebe investimento alemão), visitar a fábrica, ver a planta da empresa de forma geral e dar uma segunda volta na cidade, que, para a minha experiência, continuou tão caótica quanto a primeira, mas desta vez estava no conforto de um carro com ar condicionado.
Mais um chá de cadeira e me chamaram para a entrevista. Reparei que o cambojano é tão atrasado quanto o brasileiro. Definitivamente não somos pontuais, o que acho péssimo. Nesse ponto me considero quase uma britânica!
Me apresentei, contei sobre minhas experiências, disse que morava em Siem Reap, mas, que dependendo da oferta estaria disposta a me mudar, enfim, me mostrei interessada e aberta para a vaga e possíveis mudanças. Quando fui surpreendida com a seguinte pergunta: “Quanto você acha que deveria ganhar? Eu olhei meio assustada, desnorteada. “Oi, pode repetir? Acho que não entendi”. “Quanto você acha que devemos pagar pelo seu cargo e pela sua experiência?” Estática, eu pensei, como assim, eu tenho que dizer o salário? Tá de brincadeira, né? Respirei fundo, olhei para ela e disse: – Não sei! Não sei qual é a média salarial no Camboja, não sei quanto um profissional da minha área ganha aqui, meus parâmetros são brasileiros e posso passar um valor completamente fora da realidade da que vocês têm a me oferecer, tanto para mais quanto para menos. Também não sei se o salário é em dólar ou em riel (moeda local).
Aí ficou aquela situação, ninguém sabendo ao certo como lidar e insistiram: “mas nos dê um número.” Mas é para eu falar pensando em benefícios ou apenas no salário? Terei hospedagem, transporte e telefonia? “Iremos arcar com transporte e telefone”. Fiz as contas meio que rápido, sem saber muito bem o que eu estava fazendo e foi. Agradeceram minha presença e disse que me retornavam.
Na hora de ir embora, ao invés de voltar para o escritório o motorista me deixou na “rodoviária”, o que foi ótimo, porque também demoramos em torno de uma hora para chegar. No final eu sei que eu fiquei tão chocada com aquele caos que cheguei a pensar em negar o trabalho caso fosse contratada. Afinal uma das razões de ter saído de SP era, justamente, para dar uma trégua na vida de trânsito, caos e estresse de uma cidade grande para levar uma vida mais tranquila.
A viagem por si só é uma aventura, os motoristas, de modo geral, são bem irresponsáveis e o número de acidentes é relativamente alto. As estradas não são 100% pavimentadas, não há iluminação e é comum também ver animais cruzando a pista. Não tive noção disso na ida, já que fui a noite, mas na volta, que ocorreu depois do almoço, pude constatar a loucura que tinha feito.
Outra opção mais segura e rápida, porém mais cara é via aérea. São quarenta minutos e, geralmente, custa em torno de 120 dólares o trecho. Mas este gasto estava fora de cogitação.
Para meu aprendizado, em qualquer lugar do Camboja, seja na capital ou em outra cidade, eles sempre vão te perguntar sobre o salário e que este nunca é fixo. Vai de acordo com você e suas experiências. Ou seja, em todos os meus trabalhos (até agora já passei por cinco tipos de emprego) eu sempre jogo o valor mais alto para poder ser negociado e chegar aonde eu acho que vale a pena. O resultado da entrevista? Não me retornaram (risos). Acho que a experiência foi traumática para os dois lados.
Este mês completo 10 meses de Camboja, morando em Siem Reap. Gosto daqui, mas acho que arriscaria uma mudança para a capital dependendo da empresa e da proposta de trabalho.
O futuro a Deus pertence.
2 Comments
Adorei o texto, Roberta!
Deu para ter uma noção bem legal de como funciona o mercado de trabalho e a própria cidade.
Espero que você receba uma boa proposta de emprego!
Sucesso!
Beijos.
Oi Beatriz!
Super obrigada 😉
Sim, consegui um outro emprego recentemente, tudo dando certo por aqui!
Beijos