Carnaval no Panamá.
Desde o final do ano começaram os movimentos para o carnaval do Panamá e, nestas últimas semanas, as notícias se intensificaram. As festas acontecem na mesma época do Carnaval do Brasil, terminando na quarta-feira de cinzas. Até aí tudo bem, já sabemos que o carnaval é tradição antiga no mundo e que alguns lugares continuam o celebrando, de acordo com a identidade do país. Nós brasileiros, então, sabemos muito bem disso. A novidade é que o Panamá também investe nessa festa e há um histórico centenário nessa celebração.
Reza a lenda e conta a história que, na época colonial espanhola, várias pessoas se fantasiavam de reis e rainhas. Daí surgiu a grande tradição do Carnaval do país: as rainhas do carnaval, eleitas no ano anterior, em bailes e desfiles cheios de glamour.
A maior festa do país acontece em Los Santos, uma das províncias do Panamá. Muitos panamenhos e turistas vão para lá aproveitar o carnaval, com festa noite e dia. As rainhas do carnaval são representantes de bairros contrários, Calle Arriba e Calle Abajo (rua acima e rua abaixo). A cada noite de Carnaval, as rainhas esbanjam suas fantasias belíssimas em desfiles acima de carros alegóricos, seguidas de uma multidão de pessoas. Nas devidas proporções de comparação ao carnaval do Brasil, pode lembrar um bloco misturado com carro alegórico.
Pela cidade do Panamá, na capital onde vivo, também tem celebrações carnavalescas que iniciam a tarde e vão até 3h da manhã. Sim! Tem horário de início e fim anunciados pelos organizadores do evento. Por aqui, a rainha da capital é coroada na sexta-feira a noite, iniciando os festejos. Nos outros dias a festa continua com desfiles, shows e muito folclore. Além disso, a grande diversão dos panamenhos nesses dias são os “culecos”, na qual caminhões-pipa vão passando para jogar água na multidão.
Tem filas e revista para entrar no espaço do evento, que é fechado, gratuito e acontece na Cinta Costera, calçadão da principal avenida da cidade. E a coisa é bem organizada pelo o que vivenciamos. Mostramos identidade, pertences e fomos revistados pelas/os policias. A segurança é redobrada nas ruas ao redor e no local. Vemos grupos de policiais a cada 100 metros, ou a cada 10 passos, não sei. São muitos.
Foram montados três palcos grandes e outros menores, alguns bares com mesas e cadeiras e um parque infantil com brinquedos infláveis. Além dos desfiles com pequenos carros alegóricos, reúne diferentes eventos ao mesmo tempo e muitas tendas de comidas e bebidas. Impressionou-me o tamanho e o envolvimento do país no evento, bem como a tradição e o significado folclórico.
A festa toda é promovida pelo Governo, com algumas parcerias. Nestas últimas semanas, por diversas vezes, os Ministros da Saúde e da Segurança apareceram nos noticiários falando sobre as medidas que seriam tomadas nos dias do carnaval. A discussão maior foi entre as precauções de saúde. Recomendaram incansavelmente o uso de protetor solar e, adivinhem, do preservativo. Exatamente como no Brasil. A diferença é que as recomendações vinham sempre de duas discussões. Por um lado, uma corrente que diz que a distribuição de camisinha não deveria ser feita nesta época, porque seria um estímulo à “promiscuidade”. Por outro lado, o Ministério da Saúde preocupado com os aumentos de índices de gravidez na adolescência e com o HIV. O que foi anunciado, portanto, foi a disponibilização do preservativo em postos de saúde, bem como a possibilidade de realizar exames rápidos e gratuitos de HIV.
Nos últimos anos, saíram decretos com deveres sobre o comportamento do cidadão nos dias de carnaval. O documento legal alerta para o uso de trajes cujo disfarce possa ser confundido com uniformes dos setores de segurança. Além da proibição de coolers, porte de armas de fogo (mesmo com permissão), facas ou materiais cortantes. A lei Zanahoria (cenoura), semelhante à “lei seca” do Brasil, também foi reforçada, referente aos locais externos ao Carnaval. Aqui no Panamá é proibido beber em vias públicas, a não ser que esteja sentado em um bar ou restaurante em que as cadeiras estão na rua, por exemplo. No entanto, a liberação da venda e o consumo de bebidas alcóolicas no local fechado do evento foi liberada.
Participei do domingo de carnaval da capital, do desfile das mil polleras panameñas, que iniciou no fim da tarde. No Panamá, pollera é o nome de uma vestimenta típica popular que se caracteriza por um vestido de saia rodada com decoração colorida e floral. A rainha da capital “puxa” o desfile, também caracterizada, seguida de outras mulheres, carros alegóricos e as bandas com muitos instrumentos de sopro e alguma percussão. Após, a festa continuou nos diferentes espaços do evento, com os shows ou música eletrônica.
Em resumo, eu sou daquelas pessoas que moram foram do Brasil e que sente saudades da nossa cultura. Como boa apreciadora de samba, eu gosto de carnaval. Carnaval, para mim, significa estar com amigos e família, confraternizando. Quis conhecer as práticas daqui, pelo movimento que vi durante a semana. Passado um tempo no local, senti falta de animação no Carnaval do Panamá. Enquanto os carros passavam, as pessoas não mexiam os pés, não pulavam, não cantavam “como se não houvesse amanhã”. Comentei com o meu marido que, pela organização e investimento, eles poderiam contratar brasileiros carnavalescos e ampliar a festa. Até que, percebi que os panamenhos pareciam super contentes com aquela forma de festa porque essa é a cultura deles. Foi quando voltei para casa e tentei sentir a minha cultura, acompanhando o samba da Sapucaí pela televisão e pelas lives das redes sociais dos meus amigos, que estavam juntos em uma boa roda de samba.
4 Comments
Queremos ir conhecer a Cidade do Panamá, moramos na Costa Rica. tenho a impressao de ser uma bela cidade, mas carnaval como no Brasil acho que só no Brasil rsrsrs
Oi Jesuela! Tem várias coisas legais por aqui, sim. Também quero conhecer a Costa Rica… Eu vi o seu texto sobre o espanhol e compartilhei pq me sinto igual! Abc
🙂 se vier pra cá de um toque podemos conversar em português! hahahahaha
Que alegria poder falar português! hehehe