Depois que mudei do Brasil para o Peru, passei a amar essa palavra “saudade”, tão cheia de significado, tão musical quanto nosso Brasil lindo que, hoje, também amo mais.
Minha saudade tem sabor às vezes de gente; às vezes saudade daquele abraço apertadinho que te enche de energia e te revigora; às vezes de pequi com frango – só quem é goiano entende -, às vezes de farofa, às vezes de caipifruta; às vezes de música, um samba, um axé, um sertanejo sofrência – êee, Goiás!-; às vezes de alegria; às vezes do cheiro de uma loja específica de moda brasileira que eu tanto amo, mas não posso dizer o nome; às vezes como um sentimento de solidão, ao caminhar olhando o mar; às vezes ao procurar um céu azul, do tipo que só existe em Brasília, e não achar. Ela está sempre ali, mesmo em momentos de felicidade.
Quando escuto que não há espaço pra saudade quando se vive uma vida feliz longe de seu país, sinto um orgulho tremendo de ser essa pessoa sensível e simplesmente sinto.
Besta daquele que pensa que não pode!
Só entende quem tem sensibilidade com o outro e pode dividir os conflitos, a dores e as alegrias, que somente quando se está longe é possível saber. Por essa sensibilidade, eu acredito que consegui superar inúmeras coisas e também ter sofrido mais.
Hoje em dia, temos inúmeros meios de estar em contato: WhatsApp, Facebook, FaceTime. De verdade, a internet é uma benção para quem tem saudade. Mas também, ao mesmo tempo, pode ser tão doído acompanhar tudo de longe.
Tenho tantas coisas pra dizer!
Mas a primeira delas é que sou grata por estar longe e viver esta experiência. Louco esse paradoxo, né? Mas é assim mesmo. A segunda é que amo me sentir nostálgica, me traz profundas reflexões. A terceira é que amo farofa e sei que tem muito nutricionista deletando a farofa da vida de muitos brasileiros, embora seja contra!
Estou aqui longe, em Lima. Já mudando de novo, agora para Cuba. Acredito que, por isso, veio este sentimento de nostalgia. É uma mudança boa, bonita e esperada, mas que mexe com a gente. Principalmente quando se é ansiosa, como eu sou. Sei também que vai ter muito brasileiro torcendo o nariz para minhas novas publicações a respeito de Cuba. É muito louco este clima de bipolaridade que vive o país, muita gente se perdeu e também perdeu o sentimento de empatia, isso me deixa triste.
Me sinto virada ao avesso. Será que só eu vejo isso? Me pergunto, várias vezes, em diversas ocasiões.
Por favor, não precisam me mandar pra Cuba nos comentários, eu já estou indo! Mas, enfim, tirando as brincadeiras, só a saudade consegue ser boa e ruim ao mesmo tempo, e consegue provocar tantos sentimentos contraditórios. Pense! Só tem saudade quem viveu, e eu amo tanto a vida. Espero ainda ter saudade de muitas coisas mais e, agora, além da saudade do meu país, vou carregar minha saudade de um outro, o Peru.
Foi no Peru que minha porção mais aventureira aflorou e me descobri capaz de escalar uma montanha, caminhando muitas horas e quase sem ar para respirar. A primeira vez foi em Huaraz, cheguei até a laguna 69 nos Andes. A segunda foi em Cusco, a Montanha Vinicunca ou montanha de 7 cores que a revista National Geographic classificou como um dos lugares que se deve conhecer antes de morrer. Me senti tão orgulhosa. Conto um pouco dessas aventuras nesse post aqui.
E também, no Peru, me descobri escritora, primeiro, com uma coluna só minha, escrevendo em espanhol para um jornal chileno e, logo depois, e não menos importante, participando dessa plataforma, Brasileiras pelo Mundo, um projeto fantástico só de mulheres, idealizado pela querida Ann.
A vida, queridos leitores, é feita de oportunidades e, para aproveitá-las, tem que se estar aberto a profundas mudanças. Este é o preço que se paga!
Cada lugar tem seus encantos e seus problemas e só você poderá decidir o que terá mais peso na sua vida. Todos temos dificuldades, em alguns momentos mais fáceis de lidar e em outros quase impossíveis. Assim como a saudade que varia como o humor de um bipolar. Vai de 8 a 80, não existindo meio termo, pelo menos para mim, não tem não!
Vou ter uma saudade danada dos amigos que fiz, da minha professora de espanhol do meu coração, de Gothan City – vulgarmente chamada de Lima! – da comida peruana, das viagens incríveis que fiz para conhecer este país lindo, dos cafés de Lima, principalmente o Buena Vista (quantas fotos tirei desse lugar, minha segunda casa), da primeira casa que construí junto com o amor da minha vida. Vixe, tanta coisa! E ainda somada com a saudade da família, dos amigos, desse Brasil lindo. Eita! Haja coração e emoção!
Saudade vai virar um sobrenome pra mim: prazer, sou Viviane Saudade.
“É muita saudade pra pouco eu.”
2 Comments
Adored seu post!
Mas fiquei com uma dùvida.
‘Você construiu a casa no seriado literal ou foi modo de falar?
(Por um momento imaginei você e o Moisés rebocando paredes e careegando tijolos)
Rss casa coisa que eu penso! Kkk
Sofia , obrigada pelos comentários!
Ainda não paasamos por essa situação de rebocar paredes e nem carregar tijolos mas carregamos nossa casa nas costas uns bons meses até encontrar de novo um lar.
Bj grande