César Pimentel, publicitário e sócio da Evoé Beer.
O BPM hoje entrevista, para a coluna do Clube do Bolinha, o empresário César Pimentel, sócio da cervejaria Evoé, na Bulgária.
A primeira vez que ouvi falar da Evoé (cervejaria artesanal da qual é sócio), em julho de 2016, me interessei muito, primeiro por ser fã de cerveja, e segundo, por ser uma cerveja artesanal, combinando as qualidades da cerveja brasileira e da búlgara. Para os amantes de cerveja, eu recomendo a Evoé de olhos fechados, pois ela é maravilhosa.
O César é casado com uma búlgara e tem uma filhinha de 1 ano, e vai contar um pouco da sua trajetória de jovem empresário aqui na Bulgária.
BPM – Fale sobre sua trajetória – de onde é, quanto tempo mora fora, em que países já morou, etc.
César – Me chamo César, nascido em Vitória-ES, capixaba. Sou formado em Publicidade e Propaganda, cursei livremente Artes Visuais, e ainda no campo das artes, estudei desenho no ateliê do mestre búlgaro Kuzmynov. Minha trajetória implica no “desapego”: um hobby de 7 anos tornou-se minha atual profissão: Cerveja Artesanal. Trabalhar com cerveja artesanal não me separou de minha profissão por formação, ao contrário, utilizo-me dela todos os dias. Já estive por terras lusitanas (Lisboa, Portugal) e gostaria muito de voltar, mas hoje vivo no país de minha esposa, a Bulgária. Entre idas e voltas já se vão 9 anos.
BPM – O que você faz agora profissionalmente e como alcançou isso?
César – Trabalho com Cerveja Artesanal, EVOÉ Beer é nossa marca, uma fusão entre duas culturas e sua culinária: Brasil e Bulgária. A falta de oportunidade de trabalho, como de produtos de qualidade me motivaram em investir no meu próprio negócio aqui na Bulgária.
Minha família, principalmente, a minha esposa, são os maiores motivadores por hoje estar me aventurando no business world.
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BPM – O que te motivou a empreender?
César – Realmente a falta de oportunidade, pois até o momento em que tomei essa decisão, só existia uma microcervejaria no país, o hobby virou trabalho desde então. Minha família me motivou e me assegura financeiramente para que eu possa estar focado 100% no projeto EVOÉ Cerveja Artesanal, como qualquer tipo de negócio, o início é árduo.
Posso dizer que minha família é o maior motivo para que eu possa empreender.
BPM – No começo, qual foi o seu maior desafio?
César – Burocracia. O Brasil não é diferente do restante do mundo, temos esse empecilho na grande parte das culturas consumistas. A Bulgária é um país com legislações atrasadas, mas o pior é que não existem programas focados no micro empreendedor. Falta estímulo por parte do país, como muitos outros problemas que não temos no Brasil. O desafio continua: mostrar ao consumidor búlgaro que beber menos, mas com qualidade, vale o preço pago para um produto “caro” para os padrões de consumo do país.
BPM – Fez algum curso na sua área fora do Brasil? Se sim, quais indicaria para alguém que tenha interesse em seguir a mesma carreira.
César – Estudei desenho livre em ateliê. A Bulgária tem um tradição gráfica que está se perdendo, acredito ser bom vir estudar numa escola tradicional das artes gráficas, mas também os custos são baixos se comparados ao Brasil, um bom estímulo.
BPM – Sofreu algum preconceito por ser brasileiro? Ou a sua nacionalidade é irrelevante?
César – Não! Acredito que ser brasileiro cause um estranhamento, mas é positivo, eles não acreditam que tenha deixado o Brasil para viver aqui, acaba sendo positivo essa escolha e sempre sou bem recebido.
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BPM – Você acha que se estivesse no Brasil teria as mesmas oportunidades ou morando fora lhe proporciona mais chances?
César – O Brasil é um país grande, gera mais oportunidades, tem uma economia que gira rápido, somos consumistas. Por exemplo, o mercado das cervejas artesanais no Brasil cresce numa velocidade espantosa, gera empregos, fortalece a economia local das cidades.
Aqui é diferente, os custos que tive foram e são menores que teria no Brasil, mas o mercado é pequeno, muito monopolizado e o baixo poder aquisitivo gera um obstáculo para elevar as vendas, expandir mercado, gerar empregos, não existe incentivo para pequenas empresas.
BPM – O que você mais gosta na Bulgária?
César – Minha família, meus amigos. Gosto da tranquilidade, da liotenitsa (molho búlgaro a base de tomate e pimentão vermelho).
BPM – Deixe um recado para os leitores do BPM que possam estar se preparando ou apenas sonhando em empreender, fora do Brasil.
César – Paciência! Todo país tem suas burocracias, nada é simples dentro ou fora do Brasil. Estamos buscando investidores para abrirmos nossa microcervejaria em Portugal, deixo o convite para os interessados.