Se alguma de vocês já fechou os olhos e cantou “Garota eu vou pra Califórnia, viver a vida sobre as ondas”. E mais, imaginou-se cruzando a Golden Gate Bridge num dia de sol, sentindo o vento pelo teto solar do carro? Acho que temos algo em comum. Super clichê, eu sei, mas certas coisas são difíceis de evitar. Eu não sabia nada da tal Califórnia, mas toda vez que eu ouvia essa palavra meu coração pulsava e meu pensamento ia longe. Tinha alguma coisa ali que me chamava.
E cá estou eu, vivendo em São Francisco desde fevereiro de 2016, sem receio de afirmar: vivo um sonho toda vez que eu atravesso a tal ponte. E entre todas as dificuldades que a gente conhece relacionadas ao visto, o que me permite morar aqui atualmente é o visto de estudante. Faço um Certificate Program em Berkeley que eu não sonhava que existia quando eu estava no Brasil. É um curso que além do visto de estudante, também me autoriza a trabalhar nos EUA por um ano depois do término do curso.
Chegada aos EUA
Voltei a morar nos EUA em 2016. Eu já tinha morado por 9 meses na mesma cidade que estou, lá em 2008, quando participei do programa de Au Pair. Então, já conhecia a região e tinha algumas amigas que seguiram vivendo aqui, e não existem palavras pra descrever a importância dessas pessoas na minha jornada. Aprendi que sozinha é tudo mais difícil e que aprender a pedir ajuda pra tudo e o tempo todo faz parte da vida quando a gente tá longe da família. Ao mesmo tempo, a primeira vez que vim pra cá eu estava sozinha, com 21 anos e muita cara de pau na bagagem. Logo, não ter parceria pra viajar não é desculpa aceitável. Outro coisa importante, que eu me sinto na obrigação de compartilhar, é que eu me aventurei a viajar novamente com 29 anos. Sim, eu pensava que tava na hora de me aquietar, mas ao mesmo tempo eu não queria! Eu só queria viajar! E acreditem em mim: tá sendo lindo!
Certificate Program + OPT
Eu estudo na UC Berkeley Extension, uma universidade muito tradicional e que é bem reconhecida pelas empresas aqui nos Estados Unidos. O Certificate Program corresponde a uma pós-graduação no Brasil. Para receber o visto F1 você deve ser estudante em tempo integral, ou seja, não pode trabalhar, e precisa estar matriculado em 8 créditos por trimestre.
O curso pode ser concluído em 9 meses, mas se você quiser aplicar para o OPT (Optional Practical Training), que em resumo é um tipo de visto de trabalho, você precisa estudar por um ano. Ou seja, você pode terminar as disciplinas obrigatórias em 9 meses, e completar os três meses restantes com disciplinas eletivas.
Por onde eu começo? O que eu preciso?
Começa acalmando o coração que vai dar tudo certo. Alguns pré-requisitos para aplicar
para o curso:
● ter pelo menos 18 anos
● ter um curso de graduação
● proficiência em inglês (TOEFL: 79 iBT ou IELTS Academic Format: 6.5)
A parte dos documentos é bem detalhada. Você vai precisar de documentos originais, autenticados e traduzidos. E pra juntar tudo isso leva algum tempo. Então começa a organizar tudo isso com certa antecedência, pois as matrículas têm datas definidas e ainda tem o tempo do Correio. Bem importante: o Toefl tem datas específicas, o quanto antes você fizer o teste, melhor! Pois caso você não consiga a nota mínima, pode fazer o teste de novo depois de 15 dias.
Lista de vistos para morar nos Estados Unidos
Taxas e valores
Essa parte é a mais complicada. Pelo menos foi pra mim. Eu acho o curso bem caro, mas mais caro ainda é o valor que você precisa comprovar em conta. Explico: além dos documentos que citei, você precisa comprovar que tem dinheiro suficiente para viver nos Estados Unidos pelo período do curso, sem precisar trabalhar. E quem estipula o valor é a universidade. Você pode encontrar informações mais detalhadas aqui.
A taxa para aplicar para o curso é de $200 dólares. Essa taxa não é reembolsável, por isso você deve entender bem o curso, os custos e ter certeza que você preenche todos os requisitos, pra não perder dinheiro em nenhum momento do processo. Se você for aceito pela universidade, aí começa uma nova etapa e mais taxas. A taxa de inscrição no curso é de $4.900 dólares. O valor do curso varia de acordo com a área que você quer estudar.
Outro processo separado, mas extremamente importante, é o visto. Depois que você for aceito, a universidade vai te enviar um documento chamado i-20, que deve ser apresentado no Consulado Brasileiro na hora da entrevista.
Ponto importante: a aprovação para estudar na universidade não garante o visto. Você precisa passar pela entrevista no consulado, apresentar todos os documentos necessários e só depois desse processo é que a sua entrada nos Estados Unidos é garantida.
Como é o curso?
O curso é presencial, tem exigência de frequência e estudantes internacionais precisam ter nota mínima C. Se você não cumprir esses requisitos, você perde o visto de estudante e precisa voltar imediatamente para o Brasil. As aulas têm provas, trabalhos individuais e trabalho em grupo. Para completar os 8 créditos, você precisa fazer uma média de 4 disciplinas por trimestre.
São Francisco – Califórnia
Essa cidade é realmente um sonho. E talvez por isso seja a cidade mais cara para morar nos Estados Unidos. É o paraíso das startups, da tecnologia e da inovação. Tudo é muito rápido. Eu acho que ninguém vive um trabalho das 9h às 5h. São 24 horas correndo. Todo mundo nos celulares, nos computadores ou em qualquer outro aparelho que a tecnologia pode trazer.
É Califórnia, mas é frio. Não sei se tem nem 4 semanas por ano de calor intenso. Faz frio todas as noites e o vento é o nosso companheiro diário. O que aquece é a diversidade cultural, a liberdade enraizada e a beleza em cada rua que a gente atravessa. O trânsito é tão caótico e acelerado quanto os empreendedores do mundo todo que escolhem o Silicon Valley como ponto de partida.
Esse é o teu sonho? Então fica na missão!
Eu sou extremamente contra pessoas que fazem todo esse processo soar fácil. Desculpa, mas não é. Você abre mão de muita coisa, o tempo todo, mas se esse é o seu sonho, eu acho que o negócio é se organizar e fazer acontecer. Planejamento! Leva tempo, dinheiro e poucas horas de sono. Começa a juntar dinheiro hoje. Peça ajuda para amigos que moram no exterior hoje. Os valores no início assustam, mas desenha uma tabela e guarda um pouco a cada dia. Substitui a balada do fim de semana, por um trabalho extra que vai ajudar a realizar o seu sonho. Abre mão de qualquer preconceito e abraça tua liberdade. E não esquece, o seu foco deve estar sempre naquilo que vai te trazer felicidade.
3 Comments
Fê, muito legal esse teu relato! Te acho uma mulher muito corajosa por ir em busca desse aprendizado mesmo com os riscos e as dificuldades que ele oferece. Parabéns por essa valentia, tu é muito inspiradora! E continua escrevendo, please!
Oi Fernanda, tudo bem?
Então, se eu optar por aplicar para o OPT (Optional Practical Training),qual o custo desses 3 meses restantes em relação ao curso, mais ou menos?
E esse trabalho prático, conseguimos trabalhar na área com alguma ajuda deles? Ou é difícil e o pessoal acaba trabalhando com faxina, etc?
Obrigado 😉
Oi Robson,
Tudo certo! Obrigada por acompanhar o Brasileiras pelo Mundo.
Se você optar pelo OPT aumenta o valor de mais 4 créditos. Ou seja, duas disciplinas de 2 créditos cada, você gastaria quase $1000 dólares por disciplina.
Infelizmente, Berkeley não ajuda em nada relacionado a busca de trabalho, é nós por nós mesmos. É bem difícil de conseguir, mas depende da tua área, a minha experiência é mais voltada pra comunicação (tenho a impressão que engenheiros sempre tem demanda aqui). A realidade é que não tem como vocˆ´ficar aqui com o OPT e trabalhar com faxina. Depois que você termina o curso, você tem três meses pra encontrar trabalho e encaminhar os documentos da empresa que vai te contratar pra Berkeley, que entra em contato com a imigração.
Também vale falar que está bem dificil encontrar trabalho por causa da situação política do país. Muitas empresas estão parando de fazer o visto H1B (visto de trabalho) e então acabam não vendo “lucro” em contratar alguém que está com o OPT e que vai precisar do sponsorship no futuro.
Se precisar de mais alguma coisa, fico a disposição.
Abraço,
Fernanda