Como se candidatar nas universidades alemãs?
Estudar no exterior é um desejo de muitos. E, com a globalização, essa possibilidade torna-se cada vez menos distante. No entanto, não há dúvidas de que organização e planejamento são mais do que necessários. Pra começar, acho importante ressaltar que, quando se trata de processos de candidatura em universidades alemãs, fica difícil falar de uma regra geral. Os procedimentos, bem como os requisitos a serem preenchidos, podem mudar muito de acordo com cada instituição e até mesmo de acordo com cada curso. Além disso, a cidade e/ou região escolhida também pode ser um fator importante. Essa falta de procedimento geral deixa o assunto, infelizmente, bastante confuso. Mesmo assim, como não há nada melhor do que conseguir o maior número de informações possível e se preparar com antecedência, vale a pena falar sobre alguns dos pontos que costumam se repetir.
Os estrangeiros normalmente se candidatam da mesma forma que os alemães. O principal a ser considerado é que, quem vem de outro país, deve traduzir oficialmente os documentos e algumas vezes apresentar documentos extras. Nos cursos mais concorridos, quase sempre o numerus clausus (NC) é o fator decisivo – ou seja, a nota média da escola (no caso de candidatura a um Bacharelado) e nota média da graduação anterior. Em cursos como Medicina, Psicologia ou Direito, por exemplo, conseguem entrar somente candidatos com praticamente nota máxima. Já cursos como Informática, Química ou Matemática possuem menos pré-requisitos de admissão – pois há geralmente mais vagas do que candidatos.
Para quem tem interesse em um curso concorrido, mas ao mesmo não tem uma média boa, a situação fica complicada. Porém, em alguns casos, certificados de estágios feitos anteriormente na área de interesse podem ajudar a agregar alguns pontos. Vale a pena apontar que não é suficiente mostrar um currículo onde os estágios estão listados: é necessário ter, de fato, documentos que comprovem o período de trabalho. Outra solução é o Wartezeit (tempo de espera), que nada mais é do que “esperar” um determinado número de semestres até que o candidato possa finalmente ser aceito no curso desejado. Para isso, é calculado o tempo decorrido entre a aquisição da qualificação de entrada na universidade (conclusão do ensino médio) e o início dos estudos acadêmicos. Nesse período o candidato pode fazer qualquer coisa, seja um voluntariado ou mesmo uma viagem de volta ao mundo – o importante é não estar matriculado em nenhuma instituição de ensino superior.
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Como se pode imaginar, algo quase sempre requerido é um certificado de proficiência em língua alemã. Há alguns cursos (principalmente em faculdade privadas) que ministram inteiramente em inglês, mas são exceções. Esse certificado não será conseguido apenas ao terminar um curso normal da língua – é necessário fazer um dos testes oficiais padronizados. Normalmente, as universidades aceitam o TestDaF e DSH, que são elaborados especialmente para o mundo acadêmico e avaliam leitura, escrita, compreensão auditiva e capacidade de comunicação. Dependendo da instituição, o Goethe-Zertifikat C2 ou Telc Deutsch C1 também podem valer. Pessoas que estudaram em escolas alemãs (ensino fundamental e médio) no exterior não precisam fazer esses testes.
Em todos os casos, o futuro estudante deve preencher o formulário de candidatura da universidade desejada e apresentar uma cópia autenticada do certificado de ensino médio e do histórico escolar. Vale lembrar que a conclusão do ensino médio no Brasil não é suficiente para ingressar em uma universidade alemã. Os estrangeiros (que não tenham cursado pelo menos a metade de uma graduação) necessitam fazer um ano de Studienkolleg, que nada mais é do que um complemento ao certificado escolar. Além disso, algumas instituições preparam exames de admissão para determinados cursos específicos. Outros documentos que normalmente podem ser exigidos são: currículo vitae, carta de motivação, teste de orientação profissional e motivo do pedido de segunda graduação (para pessoas que já possuem ensino superior completo).
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Outro ponto importante é que, nos últimos anos, muitas universidades decidiram trabalhar em conjunto com a Uni-assist em relação às candidaturas estrangeiras. Nesses casos, ao invés de enviar os documentos para a própria universidade, isso deve ser feito pelo portal da Uni-assist. Eles verificam se tudo está em conformidade com os requisitos formais especificados por cada instituição. A Uni-assist não executa os procedimentos de admissão, apenas faz uma “limpa” para que as candidaturas que não estejam em conformidade sejam desclassificadas antes de serem passadas aos cuidados da universidade.
Alguns sites que podem ajudar no planejamento de ingresso em universidades alemãs são Study in Germany, DAAD e Studieren. Uma boa ideia é sempre enviar a candidatura com bastante tempo de antecedência para que, caso falte algum documento necessário, ainda dê tempo de enviá-lo dentro do prazo. Dependendo do curso em questão, coisas específicas podem ser exigidas, como essays, testes de proficiência em outras línguas além do alemão ou portfólios artísticos. Para entrar no Sommersemester (semestre de verão, que começa em meados de abril), as candidaturas devem ser entregues normalmente até janeiro. Aos que pretendem ingressar no Wintersemester (semestre de inverno, que tem início em meados de outubro), o prazo vai até julho.
Vejo muitos brasileiros perguntando em grupos do Facebook sobre se é de fato necessário ter certificado X e Y para fazer um curso superior. Verdade seja dita: não importa o que o fulano ou ciclano afirmarem, pois o que o recrutador quer é ver que os requisitos pedidos pela universidade sejam devidamente preenchidos. Uma coisa que não deve ser esquecida é que, na Alemanha, normas são seguidas à risca. Portanto, se a instituição pede determinados documentos, os mesmo DEVEM ser apresentados – não tem conversa. Por isso, sem nenhuma dúvida, a dica mais importante é: informe-se no website oficial da faculdade/curso escolhido! Só assim pode-se ter a certeza de que a candidatura foi feita da forma correta e dentro do prazo. Isso é essencial para que o desejo de ingressar em uma universidade alemã torne-se uma possibilidade real.
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2 Comments
Oi Nathalia, ai na alemanha o que voce acha que ajuda mais na hora de arranjar um emprego, MBA ou Pós ??
outra coisa, sabe de alguma historia bem sucedida de reconhecimento de diploma brasileiro na area de direito ? Estou procurando mais informações sobre isso
obrigada pela atenção desde ja
Oi Bruna! Obrigada pelo comentário.
No entanto, infelizmente não tem como dar uma resposta concreta para a sua pergunta. Os documentos relevantes na procura de um emprego podem variar muito, dependendo da região, do background do candidato e da área de trabalho.
A área de Direito é bem complicada, pois tudo é completamente diferente do Brasil. Eu não conheço nenhum brasileiro que trabalhe com isso aqui, mas esse site tem todas as informacoes sobre validação de diplomas estrangeiros na Alemanha: http://anabin.kmk.org/anabin.html
Espero ter ajudado 🙂