Quando dizemos que a China ou mesmo a Ásia são outro mundo, em parte é porque aqui fazem muitas coisas do cotidiano de maneira diferente da que estamos acostumados. Aí surgem os choques culturais, mas também oportunidades de aprendizado. Eu, particularmente, adoro observar as diferenças culturais e notar aspectos que, para nós brasileiros, são no mínimo curiosos. Nos próximos posts trarei algumas curiosidades sobre Hong Kong e os chineses:
Andaimes de Bambu
Nas construções e reformas em prédios, os andaimes não são feitos de metal, mas sim de… bambu! Até mesmo os arranha-céus são construídos usando essas varas que variam entre 6 e 7 metros e são atadas com nylon. Esse é um método milenar e dizem que Hong Kong é um dos últimos redutos do mesmo, já que tanto o material quanto as pessoas especializadas estão escasseando. Quando a gente olha parece frágil e inseguro, mas eles juram que é um material mais resistente e flexível que o metal, além de ser mais barato. O que eu observei é que é super prático, pois montam e desmontam andaimes bem altos em questão de horas!
Internet
Hong Kong é uma cidade toda conectada à internet. 98% das residências possuem banda larga. Nas ruas, há vários lugares de wi-fi grátis, inclusive dentro das estações de metrô. Há também redes wi-fi privadas: é possível pagar um pacote mensal para ter acesso a milhares de pontos espalhados por Hong Kong. Além da disponibilidade, a qualidade é excelente. O mínimo de velocidade para contratar internet residencial é de 300 Mega, que é a velocidade máxima oferecida no Brasil (o mínimo no Brasil é 15 Mega). Os smartphones possuem uma velocidade tão boa, que é comum ver várias pessoas no metrô conversando pelo Skype e assistindo a vídeos online. Aliás, o pessoal é tão fissurado em celular que há vários gadgets (dispositivos eletrônicos portáteis) e maneiras de personalizá-los. Nas ocasiões em que ganhei brindes, todos eram relacionados a celular, como canetas touch e anéis para colocar na parte de trás e segurar o telefone enquanto andam. Sim, o pessoal literalmente anda na rua de olho no celular. Tanto, que há campanhas do governo para evitar acidentes causados pela distração com o celular.
Moeda
A moeda em Hong Kong é diferente da chinesa. O dólar de Hong Kong tem, inclusive, uma cotação diferente do yuan chinês. Em Hong Kong não há um banco central para emitir o dinheiro, como na maioria dos países do mundo. Assim, 3 bancos comerciais são licenciados para emitir as notas de dólares de Hong Kong, entre eles o HSBC (cujo H da sigla é de Hong Kong). Isso gera um fator curioso: as notas de um mesmo valor, por exemplo de $20, têm três versões diferentes, todas válidas. Isso porque cada banco tem um design próprio, inclusive com desenhos distintos e tamanhos ligeiramente diferentes. Cada nota tem, então, o nome e o símbolo do banco emissor. Mas isso não gera confusão porque a cor de cada valor é a mesma para os três bancos. As 3 versões só não acontecem com a nota de menor valor: $10, que é emitida pelo governo e feita de plástico. Na primeira vez que vi, achei que era dinheiro de mentirinha.
Metrô
Duas regras do metrô de Hong Kong me chamam a atenção:
1) Não se pode entrar nas estações com balões metálicos. Há placas espalhadas nas estações que relembram isso. Eu nunca tinha visto isso antes e fiquei curiosa em saber a razão. Tive que pesquisar e descobri que, na década de 90, houve alguns acidentes causados por balões metálicos que foram soltos sem querer por crianças e acabaram voando. O problema é que, no metrô de Hong Kong, o cabo de energia é na parte superior. Na maior parte dos metrôs do mundo esses cabos estão no chão, ao longo dos trilhos, o que tem como desvantagem uma voltagem menor, gerando trens mais lentos e ar condicionado menos potente. Num lugar superpovoado e com calor intenso, ambas as coisas trariam dificuldades. Enfim, os balões metálicos, ao encostar nos cabos de energia, entravam em combustão, causando um curto circuito que paralisava as linhas. Por isso, resolveram proibir a entrada desses “perigosos” objetos.
2) Sabe quando a gente viaja de avião e as malas têm um limite de peso? Pois na linha East Rail Line do metrô em Hong Kong, pessoas que carregam malas também devem observar o limite de 23 kilos por passageiro. Isso porque essa linha é a que vai para até a fronteira com a China. Há um comércio paralelo enorme de pessoas comprando alguns itens em Hong Kong e levando para a cidade chinesa da fronteira: Shenzhen. Os produtos aqui são só um pouco mais baratos que em Shenzhen, mas os chineses acreditam que são mais confiáveis, já que a pirataria na China rola tão solta que nunca se sabe se algo de marca realmente é de marca. Há ainda algumas marcas que não vendem na China. Os produtos mais procurados são comésticos e itens para bebês. As fórmulas infantis são consideradas de maior qualidade e tão procuradas que já houve falta do produto em Hong Kong. Por isso, teve-se que se estabelecer que cada pessoa pode comprar no máximo duas latas por vez. Enfim, com isso, os chineses estavam voltando para Shenzhen com as malas carregadas. Numa tentativa de se coibir isso, implantaram o limite de peso da mala. E não é regra para chinês ver não: eles realmente verificam. Como é a linha que eu pego todo dia, já vi funcionários com balanças pesando as malas.
Por fim, umas das nossas primeiras “manotas” culturais aqui. Nos primeiros dias aqui, entramos em um restaurante e já foram nos trazendo chaleira com chá, copos e uma tigela. Não entendemos a tigela, mas colocamos o chá no copo e começamos a tomar. Chega um grupo e senta ao lado. Pegam o chá, viram na tigela e começam a lavar os utensílios no chá. Várias coisas nos vieram à mente: isso não é chá e estamos tomando! Isso é chá mas não de tomar. Será que é para tomar e lavar ao mesmo tempo? Por que cargas d’água eles estão lavando os utensílios? E por que no chá? Aí vimos que é comum que eles usem o chá para lavar os utensílios à mesa. Parece que não confiam na lavagem dos restaurantes e o chá fervendo elimina bactérias e restos de comida. Esse chá que foi usado para lavar é descartado, mas eles continuam bebendo o chá da chaleira. Vejam o vídeo abaixo.
2 Comments
Amei amei amei! Uma outra diferença gritante pra mim é que em alguns restaurantes nós precisamos levar nossos próprios guardanapos, maior loucura!
Vc ainda está por HK? Adoraria sair bater um papo, sou brasileira e me mudei pra HK uns meses atrás. Meu ig é @evy_dias
Bjss
Olá Evelyn,
A Ana Clara Oliveira Garner, infelizmente parou de colaborar conosco.
Obrigada,
Edição BPM