Quando uma pessoa pesquisa sobre custo de vida no Uruguai, seguramente logo nos primeiros resultados encontra informações sobre os altos preços de quase tudo por aqui.
Ao mesmo tempo, se depara com relatos de que os salários pagos por essas bandas não são lá muito altos. Aí surge a pergunta que com frequência recebo: como as pessoas fazem para viver ganhando menos e pagando mais?
A resposta que eu encontro e que tento praticar não é a única explicação para essa ginástica financeira, mas funciona. Economizar no que for possível para gastar naquilo que é imprescindível.
Uma das formas de economizar que exerço desde que vim morar aqui é comprar coisas usadas. Comprei vários móveis para a casa, a minha bicicleta e inclusive as cortinas da sala!
Você pode comprar coisas usadas diretamente nos sites especializados nisso como o Mercado Livre e a OLX ou ainda fazer isso com mais categoria e diversão indo pessoalmente nos leilões, conhecidos como remates. Aqui é grande a tradição de ir aos remates para comprar ferramentas, louças de época, móveis, quadros e etc. Os meus preferidos são o Prado Remates e o Indalecio Muebles, mas existem inúmeros por toda a cidade. O fato do vintage estar na moda faz o preço subir um pouco, mas ainda compensa.
Existem também vários brechós, conhecidos como secondhand, pela cidade. Alguns inclusive só vendem roupas de marca. Itens usados de bebês também são bastante comercializados em brechós focados nesse nicho, já que os pequenos crescem rápido e usam pouco tempo certos apetrechos.
Como existe um mercado acostumado a comprar coisas usadas isso abre as portas para que também vendamos nossos objetos. Durante o ano eu faço várias limpas pela casa recolhendo itens em desuso e colocando à venda. Uso o mercado livre para objetos e o Me Cansé para roupas e sapatos. Devo ser boa nisso, porque até frascos vazios de picles já vendi!
Quem não curte comprar nada de segunda mão pode ainda fazer a compra daquilo que está precisando no dia do centro, dia em que há desconto de 18% nos preços. Costuma acontecer na primeira sexta-feira do mês e a maioria das lojas do centro da cidade aderem ao movimento. Algumas lojas de shoppings também entram, mas não são todas. Geralmente, nessa data é bom sair munida de paciência, pois a lojas costumam estar mais cheias que o normal, porém nada que ameace a dignidade!
Outra coisa que ajuda na economia e que já citei em textos anteriores, é fazer feira em lugar de comprar tudo no supermercado. Além de ser fresquinho, o preço é menor e não rola a tentação de levarmos produtos que não estávamos precisando mas que a posição estratégica na gôndola nos convenceu a levar.
Em relação à moradia, onde vai a maior parte da renda geralmente, pode ajudar a poupar tentar sair dos bairros mais famosos que costumam estar perto da praia e ir para bairros um pouco mais periféricos, sem que isso signifique perigoso.
Há bairros lindos em Montevidéu que poucos brasileiros conhecem e menos ainda que lá residem. As distâncias dentro da capital são pequenas e mesmo partindo de um bairro considerado longe pelos uruguaios não se gastará mais que meia hora de ônibus até o centro. Economizar no aluguel pode fazer toda a diferença para obter mais qualidade de vida, conseguir alugar um imóvel maior, se alimentar melhor, poder sair de vez em quando e aquecer a casa no inverno, seja com lenha, eletricidade ou gás, todos os três saem caro e serão indispensáveis.
É bem verdade que os bairros mais centralizados e próximos da praia são bonitos e cheios de comodidades devido a grande oferta de serviços e restaurantes, mas os bairros periféricos também tem muito charme, diversos parques e aquele ar de cidade do interior.
Outra saída encontrada para baratear o custo do imóvel tanto na hora de alugar como comprar, é ir morar nas cidades vizinhas de Montevidéu. Nos últimos anos isso aumentou tanto que mais da metade dos meus amigos vivem hoje pelas diversas cidadezinhas que constituem a Costa de Oro, um conjunto de balneários que sucedem Montevidéu em direção ao leste. São mais de 20, várias com ótima infraestrutura, outras um tanto rústicas.
Muitas tem excelente transporte público até a capital, onde geralmente se estuda e trabalha e volta-se somente no final do dia. As primeiras cidades dessa listinha são as que têm melhor infraestrutura e consequentemente transporte, estão em ordem de menor distância em relação à capital.
Cidades da Costa de Oro: Neptunia, Pinamar, Pinepark, Salinas, Marindia, Fortín de Santa Rosa, Villa Argentina, Atlántida, Las Toscas, Parque del Plata, Las Vegas, La Floresta, Costa Azul, Bello Horizonte, Guazuvirá Nuevo, Guazuvirá, San Luis, Los Titanes, La Tuna, Araminda, Santa Lucía del Este, Biarritz, Cuchilla Alta, Santa Ana, Balneario Argentino, Jaureguiberry.
Indubitavelmente, pululam outras maneiras de lidar com o descompasso entre o que se ganha e o que se gasta em terras charruas, se você sabe de outras compartilhe nos comentários!
1 Comment
Olá, Vanessa!
Como sempre, muito esclarecedor seu texto.
O Uruguai sem sombra de dúvidas devem ter lugares excelente para se viver. O maior problema é a questão de oportunidades.