O ano de 2016 vai ficar marcado, além de outros acontecimentos, pelas eleições presidenciais nos Estados Unidos. O mundo inteiro estava de olho em quem seria o próximo presidente. As bolsas de valores do mundo inteiro estavam instáveis e muitos temiam um grande desastre financeiro. Ainda não sabemos as consequência da escolha feita pelos Estados Unidos, mas pelo menos já sabemos e, na minha opinião inacreditavelmente, Donald Trump vai comandar o país por pelo menos quatro anos.
Você já reparou como o sistema de votação americana é complicado? A Hillary Clinton teve mais votos populares e mesmo assim perdeu a eleição. Estranho, não é? Eu mesma levei um bom tempo para entender. Vou tentar explicar da maneira mais simples possível.
Vamos começar com o que acontece antes das eleições. Essa parte do processo é muito parecida com o do Brasil. Durante um ano inteiro os candidatos apresentam suas propostas, participam de entrevistas e encontros partidários e perto da decisão acontecem os debates entre os presidenciáveis. Os debates são enormes eventos nacionais. Dependendo da empresa e estado em que você trabalha, é possível sair mais cedo para assistir aos candidatos.
Mas como é escolhido o grande vencedor? Os norte-americanos escolhem seu presidente a cada quatro anos. Na maioria dos casos, os cidadãos vão até seu cartório eleitoral e fazem sua escolha. Por aqui as máquinas também são usadas, mas o voto com o papel ainda é bastante comum. O interessante é que o eleitor pode optar por enviar seu voto pelo correio, nesse caso, algumas semanas antes das eleições, recebe pelo correio as informações sobre as eleições, os candidatos e um cartão de votação.
Uma das grandes diferenças entre a disputa presidencial aqui é que é facultativa e indireta, ou seja, não há obrigatoriedade e os votos dos eleitores de cada Estado são para eleger delegados no Colégio Eleitoral, que representarão os eleitores na escolha do futuro presidente. Por não ser obrigatório, o eleitor não precisa nem justificar sua ausência. Isso também implica em uma diferença de campanha, os candidatos precisam convencer seus eleitores a votar. Esse ano, por exemplo, houve uma grande movimentação para que as pessoas votassem já que diversas pesquisas mostravam os candidatos com números muito próximos.
O Colégio Eleitoral é composto, desde 1954, por 538 assentos, dos quais pelo menos 270 votos são necessários para que o presidente seja eleito. O sistema usado é conhecido como “The Winner Takes It All” (O Vencedor Leva Tudo), onde a determinação final de cada Estado é absoluta, e não proporcional, ou seja, se o candidato “A” derrotar o candidato “B” no Estado “X” por 60% conta 40% dos votos válidos, o “A” obterá todos os representante de “X” e o “B” não levará nenhum ao colégio eleitoral.
Cada Estado tem uma quantidade de representantes proporcional ao tamanho de sua população. Por isso que mesmo que um candidato tenha mais votos, ainda assim, pode ser derrotado no Colégio Eleitoral por ter perdido nos mais populosos. Em 2000, o democrata Al Gore perdeu para o republicano George W. Bush no Colégio Eleitoral por 271 a 266, embora tenha perdido na soma total de votos. Esse fenômeno aconteceu apenas quatro vezes. Esse sistema pode atrasar o resultado ou, no caso do atual Presidente Barack Obama, pode sair antes mesmo de acabar as contagens dos votos.
Muita gente acha que só existem dois partidos, Republicano e Democrata, mas na realidade, existem diversos partidos, embora esses dois sejam os principais. O eleitor ao se registrar precisa decidir também seu partido. Pode-se registrar como Republicano, Democrata ou Independente. Se escolher o último, significa que pode votar por um, pelo outro ou até mesmo um completamente diferente dos dois. Antes da disputa é escolhido também, da mesma maneira, quem representará cada partido. E como os eles têm uma identidade política tão diferente, é comum encontrar alguns Estados, como o Texas, que é conhecido por ter voto Republicano independente do candidato. A Flórida, por exemplo, é sempre muito importante, já que pode ir para um lado ou para o outro. Estados como esse são chamados de “Swing States” e geralmente decidem as eleições, que acontecem sempre na primeira terça-feira do mês de Outubro.
Esse ano, além da escolha do próximo presidente, umas vinte propostas (conhecidas como “Props”) também foram votadas. Dentre elas estão construções de casas para moradores de rua e obras nas escolas públicas. As Props são muito interessantes, mas é importante ler e pesquisar bastante sobre elas para saber quais são os prós e contras.
Essa eleição foi marcada por enormes ataques ao candidato republicano Donald Trump, que, na minha opinião, nunca deveria nem ter sido um candidato. Além de propagar o ódio e racismo, ele dividiu o país e criou um grande desconforto, principalmente entre os jovens e crianças.
A grande preocupação de todos é que o novo presidente pode mudar completamente o rumo da política pelo mundo, principalmente em se tratando da tão amada paz. A volta do racismo, e dessa vez mais forte, também é outro problema, e diversos protestos já se espalharam pelo país. Eu não estou muito confiante no futuro dos Estados Unidos no momento, mas a boa notícia é que o candidato, ao contrário do Brasil, não pode voltar após 8 anos de mandato – que equivalem uma eleição e uma reeleição. Agora, só nos basta torcer e segurar firme na luta contra o racismo.