Hoje vou contar um pouco da minha história e porquê sou muito grata a todas as mulheres argentinas que conheci.
Cena 1 – Brasil, Fortaleza, CE, tentando, em vão, dormir uma linda noite de sono.
Já que não estava dando certo rolar de um lado para o outro na cama, o jeito foi ligar a TV e assistir ao programa do Jô. Uma das entrevistadas daquela noite era a escritora espanhola María Dueñas. Ela estava lançando seu novo livro no Brasil. Como eu não a conhecia – ainda – não dei muita importância. Mas este mundo é redondo e dá tanta volta…
Cena 2 – EUA, NYC, NY, tentando achar o que fazer com minhas horas vagas.
Cidade nova, casa nova e eu com milhares de coisas para fazer. Resolvi que era hora de ter um passatempo e, por isso, decidi resgatar um costume das mulheres da minha família, que estávamos perdendo com a chegada das novas gerações: costurar. Ainda bem!
Cena 3 – Argentina, Buenos Aires, CABA, chegando na cidade.
Tentando conhecer um pouco mais sobre Buenos Aires descobri a revista feminina argentina Sophia. Como ela sempre traz artigos interessantes e dicas preciosas, passei a usá-la como uma aliada nas horas de aperto. E foi lendo um artigo sobre o resgate dos círculos femininos que conheci a Perfecta Couture (escola de costura).
Cena 4 – Argentina, Buenos Aires, CABA, aula de costura na Perfecta Couture.
Encontros semanais acompanhados de chá com biscoitos e muita conversa. Descobri no meu grupo de costura o poder que um círculo feminino pode ter. Amizade, apoio, ombro amigo, sábios conselhos, boas risadas e dicas de seriados: El Tiempo Entre Costuras.
Cena 5 – Argentina, Buenos Aires, CABA, indo na livraria El Ateneo.
Sempre que tem um livro que vira filme (ou seriado), eu prefiro ler o livro primeiro e assistir depois para que, assim, a imagem audiovisual não me “roube” a delícia de imaginar a história com todos seus detalhes. Por isso, quando salvei na minha lista do Netflix o seriado que me recomendaram na escola de costura, decidi que era hora de ir até a livraria. Qual não foi a minha surpresa quando vi que a escritora era a María Dueñas, a mesma daquela minha noite de quase insônia.
Engraçado, não? – Coincidência número 1
Cena 6 – Argentina, Buenos Aires, CABA, em casa, outra noite sem conseguir dormir.
Desta vez não por falta de sono, mas porque esse livro é daquele tipo “não consigo fazer mais nada até terminar e saber o fim dessa história”. Menos de vinte e quatro horas depois, eu já conhecia toda a saga da Sira Quiroga.
Cena 7 – Argentina, Buenos Aires, CABA, ainda pensando no livro.
A história é hipnotizante e o seriado muito bem produzido. Mas o que ficou rondando meus pensamentos por alguns dias foi como o tema amizade entre mulheres é abordado nela. As personagens femininas são amigas de um jeito que, ao meu ver, já não sabemos mais como ser. Talvez porque a história retrata uma época mais antiga ou, talvez, porque na cultura espanhola os amigos são muito importantes e exercem um papel fundamental em nossas vidas.
Eu não entendo muito bem do assunto, mas mesmo assim arriscaria dizer que a segunda opção é a mais provável. Pelo menos o que ficou dessa cultura em terras porteñas me faz pensar assim.
Qual outro país tem um dia especial para celebrar o dia do amigo?
Todo dia 20 de julho Buenos Aires para para comemorar o dia do amigo. Ai de você se não tiver nada programado. Dia dos namorados pode passar em branco, mas dia do amigo NEM PENSAR!
Em qual país se viaja de férias mais com a tchurma do que com a família?
É sério, sai ano entra ano, todo mês de “vacaciones” (férias em janeiro ou julho) os amigos se juntam para ir a algum destino “playero” (praia e calor de preferência) na Argentina mesmo, no Uruguia, no Brasil ou no Caribe. E nessa hora você vê casal ir cada um para um lado com os seus amigos.
Juro que não estou exagerando!
Mas o melhor para mim é ver que as amizades verdadeiras não são questionadas. Não há briga nem competição pelo salto mais alto ou pelo cabelo mais comprido. Nossa profissão não importa, nosso dinheiro menos. Somos amigas porque queremos ser amigas e seja o que for estamos aqui.
E num círculo de novas amizades conheci El Tiempo Entre Costuras para aprender mais sobre amizade e fortalecer este círculo que começou num curso de costura – Coincidência número 2
Cena 8 – Argentina, Buenos Aires, CABA, resgatando história e rituais.
A verdade é que quando decidi aprender a costurar nem imaginava o que estava por vir. Comecei com a desculpa de resgatar algo que já tinha feito parte da vida das minhas avós e acabei por me descobrir um pouco mais.
Hoje posso dizer que sou uma amiga melhor.
PS – Continuei lendo María Dueñas e recomendo. Ela lançou também Mision Olvido e La Templanza.
4 Comments
Que texto LINDO! Orgulho de ser sua irmã e amiga!
Obrigada!
Te amo mais que o infinito e além 😉
É por isso que sinto um privilégio gigante por você ser minha filha! Eu te adoro, te amo Fabiola ! Beijo.
que amor!! <3