Eu (e quase todo mundo também) desde sempre tenho uma lista mental de todos os países que gostaria de conhecer, isso já bem antes de ter vindo morar na Arábia Saudita. Depois da minha mudança, essa lista se modificou um pouco porque comecei a olhar melhor o mapa e ver outros países que estão bem pertinho, mas que antes nunca chamaram minha atenção. Foi o caso da Jordânia.
Não que eu não fizesse ideia do que era a Jordânia, pois lembrava do Mar Morto de alguma aula de geografia na 5ª série, e de Petra por causa de alguma novela. Também tem toda a história bíblica daquela região. Nada mal conhecer um país com tanta história e tão pertinho. E lá fomos nós.
Fomos no início de outubro/2016 e, por sorte, a época de chuvas ainda não tinha chegado. As estações do ano são bem definidas: o verão é bem quente, e o inverno é frio e chuvoso. A temperatura estava agradável, típica de outono.
Chegamos em Amã, capital do país e de lá seguimos turistando a região. A cidade é grande e há muitas ruínas de impérios antigos. No centro da cidade, em meio a prédios e ruas, existem as ruínas de um antigo teatro romano. Aproveitamos a primeira noite para comer algumas comidas da região e fomos provar um doce chamado kunafah, uma mistura de doce com queijo, em um lugar bem típico chamado Habibas. O lugar é tão famoso que mesmo tendo duas lojas novas em uma localização mais nobre da cidade, o pessoal ainda dá preferência a ir na primeira loja que eles abriram, um lugar bem pequeno, simples e escondido no centro da cidade, onde só tem espaço para comprar os doces; ou seja, uma vez que compram os doces, as pessoas se aglomeram pela ruela que tem na frente, sentam na calçada ou ficam em pé para comer. A fila é grande e todas as vezes que passei por lá estava sempre cheio. E os doces também são muito gostosos.
No segundo dia partimos a Petra, um sítio histórico e arqueológico que foi uma importante rota comercial durante o século VI a.C. Petra foi destruída por dois terremotos, o último no ano 551, e hoje é considerada uma das maravilhas do mundo moderno pela UNESCO.
Além das belas formações rochosas, podemos encontrar edificações esculpidas em arenito, que foram palco de algumas cenas do filme “Indiana Jones e a Última Cruzada” e de “Transformers 2”. É um passeio de bastante caminhada e poeira, mas enche os olhos de tanta beleza. Em último caso, você pode escolher pegar carona com cavalos ou burros que os beduínos “alugam”.
Aproveitando a parte bíblica, fomos ao local onde Jesus foi batizado no Rio Jordão. Até pouco tempo atrás, esse local era fechado para visitas, abrindo apenas em algumas datas específicas, pois lá é fronteira com Israel e estes dois países não tem uma história muito pacífica (tanto é que jordanianos não podem ir livremente para Israel). O local exato do batismo é contestado pelas autoridades israelenses, mas pelo sim pelo não, vamos acreditar que pelo menos foi nas águas desse rio. O mais curioso é que tem uma parte do rio bem estreita em que um lado é Jordânia e o outro Israel. Na margem de Israel estava acontecendo uma espécie de cerimônia de batismo com muitos turistas nas águas do rio. Ficamos assistindo e molhando os pézinhos do lado da Jordânia.
Passamos pelo Monte Nebo, onde acredita-se que Moisés foi enterrado. Deste monte podemos ver um panorama que compreende o Vale do Rio Jordão, o Mar Morto, Jericó e Jerusalém, também chamada de “Terra Santa”. O Monte Nebo foi designado pelo papa João Paulo II como local de peregrinação para os cristãos.
Também demos um mergulho no Mar Morto. Mas nem posso dizer que foi um mergulho pois a água do Mar Morto é 10 vezes mais salgada que qualquer água de oceano e isso faz com que seja quase impossível afundar, é até difícil de tentar ficar na posição vertical dentro da água. O local também é o ponto mais baixo da terra estando a mais de 400m abaixo do nível do mar. O nome “Morto” também se deve à água ser tão salgada que nenhum tipo de peixe consegue sobreviver lá. Além de podermos ver crostas de sal na areia, a lama do Mar Morto também é muito conhecida para tratamentos de beleza e por tratar doenças de pele. É claro que aproveitamos para nos besuntar de lama e esperar pela promessa de ficarmos 10 anos mais jovens…
Produtos do Mar Morto, tais como sais de banho, sabonetes, argila, cremes… são encontrados em várias lojinhas pela estrada e na cidade. Há uma variedade sem tamanho que enchem os olhos dos mais vaidosos.
Como disse, o país tem muita história e muitas ruínas de civilizações antigas, então visitamos outros lugares próximos à capital. Jerash foi um desses lugares. As ruínas da cidade antiga, que teve seu auge durante o domínio Romano, passaram um bom tempo escondidas sob as areias até serem descoberta e restauradas nos últimos 70 anos.
Se passar pela Jordânia também vale a pena dar um pulinho em Israel, conhecer a Palestina, Jericó, Jerusalém, seguir o caminho da Via Sacra e conhecer o Muro das Lamentações, entre outros lugares bíblicos. Por lá você respira história!
A única parte ruim é que achei que o turista as vezes é muito explorado, o que acaba tirando a magia de alguns lugares. Em Petra, por exemplo, a gente precisava se desvencilhar de beduínos tentando vender coisas a preços absurdos e crianças vendendo cartões postais. Procure não dar muita conversa, pois eles são incansáveis e às vezes você se sente obrigado a pagar para poder curtir o passeio em paz… até que o próximo vendedor te aborde.
Também é o momento de negociar preços! Sem vergonha nenhuma peça desconto; se não conseguir, e ainda estiver muito caro, vá para a próxima loja. Nós encontramos exatamente o mesmo produto por 40 dólares e por 250 dólares. Não gaste à toa! E também se certifique sempre do preço antes de pegar alguma coisa e ir pagar. Ás vezes eles falam um valor e na hora de pagar é outro. Não se iluda com elogios quando você falar que é do Brasil. Muitos deles conhecem palavras em português e sabem o quanto amolecemos com esse tipo de agradinho.
Eu sei que muitos destinos turísticos no mundo podemos conhecer por conta própria, pesquisando na internet e desbravando nós mesmos. Porém, para esse tipo de viagem, eu recomendo que se utilizem de um guia turístico, pois fica muito mais proveitoso conhecer detalhes da história que podem passar despercebidos sem o auxílio de alguém que conhece bem. Já me arrependi algumas vezes de ter economizado demais nessa parte.
Até o próximo post!
8 Comments
Jordanianos podem sim visitar Israel e vice-versa, inclusive de carro – existe um tratado de paz entre os dois países, relações diplomáticas, é necessário visto.
Rota Ma´an – Amã. 1ª vez que tomo conhecimento. Primeiras impressões. Trecho todo duplicado. O landscape é típico da região, desertão nivelado, bege cashmere, arenoso de granulometria maior. O horizonte urbano é povoado por torres de mesquitas. O landscape urbano bate com a região, um esbranquiçado bege-cashmere predominante. Ainda que um país pobre, não tem “cacarias”. O trecho tem manutenção de recapeamento ainda que sob pequenas falhas da engenharia rodoviária, acabamento geral falho, mas razoável. Nada gritante. No trecho, se coincidência ou não, só vi até agora caminhões mercedes. Um carro da polícia me chamou a atenção pelo porte do veículo e pelo jogo de cores. Me fez lembrar os lincões pretos-dourados da polícia americana…:)
E continua a viagem Estou na estrada de Ma an para Amã. O trecho é duplicado. Para um país pobre o acabamento da estrada é razoável. Tudo nivelado, mas há cordões de serra ao longe. Desertão arenoso granular. O landscape é instigante, nada ao derredor, mas o deserto está ocupado, como que uma convivência amorosa com a imensidão inóspita porque assim o Deus Alá quis. Chiquérrimo o raciocínio porque Deus é um só. Tem pouco inglês na sinalização, mas parada em beira de estrada tem o P do parking, retonas sem fim, céu sem nuvens. A mercedes é hegemônica quando o assunto é caminhão nesta estrada. Há detalhes como que insólitos, taxis coloridos e postos de gasolina fantasmas na vastidão aberta do deserto. Muitas carretas mas que seguras vagam na imensidão nivelada, onde há espaço demais. Ao longe power lines viajam paralelas à estrada como que amigonas solidárias para cruzar o complanado e vasto sem fim quebrando o estigma de ermo do mundo.
Eu nunca viajei numa estrada como que balizada por pedaços de pneus, como esta de Ma´an – Amã. São recapagens ou ressolagens que descolaram de pneus provavelmente recauchutados e jazem alguns metros ora do lado direito deserto da estrada, ora no lado esquerdo canteiro central. É um caso insólito. A dúvida me gravita. A visibilidade se deve às condições físicas ou é um problema da região quando o assunto é pneus?. Se a coisa é trágica, não deixa de ser cômica e inusitada…:)
The show must go on. É a rodovia do sol da Jordânia. Simples mas instigante. Estou cruzando por um lugar de nome Al Hasa. Espaço nivelado é o que não falta. Tudo bege-cashmere (cor do meu antigo dodge dart). Não vejo moradias como que mitificadas. São construções simples, mas que até surpreende, a Jordânia não é rica. Não tem uma urbanização cheia. O deserto e o areião sem fim são como que permitidos serem a paisagem predominante. Talvez seja o elã da coisa. E a restama hilárica de pneus continua como sentinelas à margem da estrada, inusitadamente ao longo da estrada…:)
A paisagem é então como que homogênea. Não aparecem novidades. O deserto é soberano. É uma rodovia de carretas, quase literalmente mercedes actros 1843 e 2544. Não há escritos em língua árabe nos caminhões. Não vi o menor de um recado religioso nos caminhões, como é muito comum no Brasil. Um pórtico já me anuncia Queen Alia International Airport, Amã está a 30 km… From the things a man builds maybe the road is the one that must suggests him the fast, the transitory and the ephemeral in life…:)
A Jordânia é um país “invadido” pelo deserto da Arábia Saudita. Isto não a incomoda. O jordaniano é um homem de paz. Na demarcação ancestral das fronteiras correram o “risco” de também acharem petróleo. Devagar eles vão como que apagando o estigma de uma vastidão erma e ignota como já o fizeram os australianos e americanos do norte em desertos de seus países…:)
Boa noite, tudo bem?
Como é a relação com mulheres? Mulheres sozinhas ou uma mulher sozinha pode ser perigoso?
Não me senti muito segura em alguns países não ocidentais, por isso minha pergunta.