Atire a primeira pedra quem nunca entrou em uma farmácia nos EUA e quase teve um acesso de loucura querendo levar a sessão de cosméticos inteira pra casa ou pro hotel? Aqui, quando vamos à farmácia ou ao supermercado é quase uma missão impossível não sucumbir aos preços convidativos das vastas seções de cosméticos que prometem te deixar mais bonita, mais jovem, mas magra, mais cheirosa, mais “gostosa”, mais, mais, mais, mais! Mas será que mais saudável? A indústria de cosméticos norte-americana é poderosa e move milhões.
Foi apenas depois de mudar para os Estados Unidos, que me conscientizei da importância de prestarmos atenção não apenas na nossa alimentação, mas em todos os produtos que consumimos no nossa dia-a-dia. Será que aquele creme anti-envelhecimento tem uma composição confiável? Será que esse esmalte realmente deixa minha unha mais forte? Será que esse protetor solar causa algum efeito colateral?
Você já parou pra pensar que, mesmo mantendo uma dieta saudável, é possível estar ingerindo produtos nocivos a sua saúde através da maquiagem, de bloqueadores solares, absorventes ou até mesmo de esmaltes? Se a sua resposta foi sim, que ótimo, continue alerta! Se a sua resposta foi não, sugiro que leia este texto com mais atenção ainda e continue a se informar!
Aposto que muitos leitores já devem estar pensando: “Lá vem essa papo natureba de novo…” Bem, é verdade, esse papo natureba as vezes é cansativo né? Atualmente a gente tem que viver prestando atenção em tudo, lendo rótulo de tudo. Dizem pra gente comprar apenas produtos orgânicos, fazer a própria comida porque é mais saudável, beber menos leite de vaca e mais leite de soja, amêndoas ou arroz, não fumar, beber com muita moderação, não comprar roupas de marcas que seguem a linha Fast-Fashion, não consumir tanto açúcar, dormir 8 horas por dia, malhar pelo menos 3 vezes na semana, reciclar, fazer composting…. UFA!
Realmente, levar uma vida saudável nos tempos modernos é quase impossível e agora a colunista do Brasileiras Pelo Mundo quer te convencer que até a maquiagem tem que ser natureba…? Sim, é isso mesmo. Esse é mais um artigo de conscientização sobre a importância do consumo de produtos naturais para a nossa saúde, de conscientização sobre o meio ambiente, de conscientização dos efeitos dessa falta de informação sobre produtos que consumimos no nosso dia a dia. Além dos malefícios à nossa saúde, também existe um outro fator muito importante: o meio ambiente. Além dos efeitos nocivos ao corpo humano, muitos desses produtos também são nocivos ao meio ambiente, e, para se chegar às fórmulas que usamos diariamente, existem inúmeros testes em animais. Então sem mais rodeios, vamos lá:
De acordo com a ONG Environmental Working Group (EWG), atualmente, nos EUA, aproximadamente dos 11 mil “ingredientes” colocados em nossos xampus, condicionadores, pastas de dente, maquiagem, cremes, esmaltes e bloqueadores solares, 89% NÃO passam por testes de segurança da Food and Drugs Administration (FDA), a Anvisa norte-americana. Em vez disso, a segurança (ou não) dos ingredientes nesses produtos é analisada quase exclusivamente por um comitê de segurança controlado pelo fabricante, chamado Painel de Revisão de Ingrediente Cosmético (CIR). A falta de supervisão governamental para essa indústria, que chega a atingir US$ 63 bilhões por ano, leva empresas a comercializarem, rotineiramente, produtos com ingredientes mal estudados, não estudados, ou, ainda pior, conhecidos por apresentar riscos à saúde potencialmente sérios.
A EWG encontrou ingredientes certificados pelo governo dos EUA como “cancerígenos conhecidos ou prováveis” em um de cada 120 produtos cosméticos no mercado, incluindo xampus, loções, bases e batons. O que isto nos diz é que uma a cada 13 mulheres e um a cada 23 homens são expostos a ingredientes que são cancerígenos ou prováveis cancerígenos em seres humanos, todos os dias, através do uso desses produtos em atividades rotineiras de cuidados pessoais.
Também são particularmente preocupantes a inclusão de ftalatos (fa, o que???) – um grupo de produtos químicos industriais ligados a defeitos de formação de fetos, que são comumente usados em muitos produtos cosméticos, desde de esmaltes até nossos desodorantes. Os ftalatos não estão listados como ingredientes nos rótulos dos produtos. Eles só podem ser detectados através de análises laboratoriais. De acordo com informações preliminares descobertas pelo CSC, dois terços dos produtos de saúde e beleza analisados pela FDA contêm ftalatos. Dois dos ftalatos mais tóxicos, DBP e DEHP, foram proibidos em produtos cosméticos vendidos na União Europeia (UE), mas permanecem não regulamentados nos EUA.
Agora você deve estar se perguntando: como isso é possível, Lorrane? As respostas são simples, meus amigos:
1) Falta de tempo e interesse no assunto: nos dias de hoje, quem tem tempo de pesquisar a fórmula do esmalte ou do xampu?
2) Lobby: A indústria de cosméticos nos EUA gera MUITO dinheiro. Aproximadamente US$ 63 bilhões ao ano, com crescimento médio de 7% ao ano (dados Goldman Sachs). Você acha mesmo que existe interesse, por parte de grandes conglomerados, em falar sobre produtos que causam câncer ou má formação de fetos? Ou você acha que o interesse maior está em vender mais?
3) Descrença: existe um número muito grande de pessoas que antes de se informarem sobre o assunto, preferem acreditar que isso tudo é bobagem, é teoria de conspiração, e que todos nós um dia vamos morrer de qualquer forma, então pra que se preocupar com essas “bobagens naturebas”? Afinal, isso tudo é caraminhola da cabeça de Millenials como eu, certo?
Bem, se você faz parte do grupo dos descrentes, eu te desejo boa sorte, mas se você ficou meio preocupado com o que anda colocando no corpo, calma, existe a luz no fim do túnel e aqui vão algumas dicas para (tentar) se proteger sem ter que deixar de usar maquiagem, creme, xampu ou desodorante:
1) Não caia no conto do vigário! Produtos que muitas vezes se dizem naturais, nem sempre são naturais. Aquela palavrinha apenas está ali, pois parte da composição é de produtos naturais, mas não necessariamente apenas de produtos naturais. As empresas fazem isso, justamente por saber que atualmente há uma procura maior por produtos com composição livre de produtos químicos maléficos à saúde, mas nem sempre esses produtos são o que parecem ser.
Existem bancos de dados compilados por ONGs sérias, como por exemplo, a Green America ou o Vegan Make Up Guide, que mostram marcas que devem ser evitadas, e até aplicativos como o Dirty Think que tem o mesmo intuito. Nesse último é possível scanear produtos quando você for comprá-los e o app te mostra os níveis de químico em uma forma simples de ler. Através dele também é possível comprar, pelo celular mesmo, produtos confiáveis de diversas marcas.
2) Pesquise e se informe! Já existem muitas marcas de cosméticos que vendem linhas inteiras de produtos que substituem os “não-naturais”. Abaixo algumas que já experimentei foram a Pitri NYC, a Scotch Naturals e a Zoya. Todas são vendidas no próprio site da empresa, pelo Amazon.com, em farmácias, em mercados orgânicos como Whole Foods, Yes Organic, Mom’s, etc.
Ficou interessado (e preocupado) e quer saber mais? Aqui segue um vídeo para você entender, pelas palavras de um especialista o quão grave o assunto é. Clica aqui.
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Gostaria de saber quais são as melhores fabricantes de maquiagem e cosméticos, nos Estados Unidos .