O sul da Califórnia tem cerca de 10 mil terremotos por ano. Desses, muitos nem são sentidos, mas entre 15 e 20 possuem, pelo menos, 4 graus de magnitude na Escala de Richter. O maior pesadelo é o “Big One” (“O grande”, em português), nome dado ao terremoto que pode destruir uma boa parte do estado.
Infelizmente, ainda não existe uma forma de prever quando um terremoto irá acontecer, mas é possível ter uma ideia das chances de um tremor através do acompanhamento das atividades das falhas geológicas, rupturas ou cisão de um bloco de rochas ou faixas estreitas da superfície. O país inteiro corre o risco de um forte abalo, sendo o Alasca o estado que mais sofre com esse fenômeno, que ocorre pelo menos uma vez ao ano com 7 graus de magnitude.
Na Califórnia, a grande preocupação é a Falha de Santo André (ou San Andreas Fault), que se prolonga por cerca de 1.290 km através do estado, famosa por produzir grandes e devastadores sismos, como o de São Francisco, em 1906, que destruiu a cidade. A crença popular de que um grande abalo sísmico dividiria a Califórnia em dois é cientificamente possível, podendo ocorrer naturalmente em milhões de anos, no entanto, um sismo em grande escala aceleraria este processo.
Durante essa última semana de setembro, cientistas que acompanham a Falha de Santo André alertaram os moradores do sul da Califórnia para um possível grande tremor devido a atividades próximas a mesma. Na segunda-feira, 200 mini terremotos ocorreram no Lago Salton, que passa por essa falha geológica, o que aumentou em 600 vezes a probabilidade de abalo sísmico de pelo menos 7 graus de magnitude. Hoje de manhã, domingo, foi registrado um terremoto de 4.3, seguido por um de 4.1 de magnitude, próximo a mesma área. Segundo especialistas, o tempo de alerta será de sete dias, ou seja, a probabilidade de um grande terremoto diminui a partir de terça-feira. No início da semana, as probabilidades de um abalo, normalmente de 1 em 6.000, foram para 1 em 100. Na próxima semana, cairá de novo e irá para 1 em 3.000 chances. Além disso, o tremor que costuma ser de segundos duraria pelo menos um minuto.
Caso ocorresse, um desastre desses provocaria certa de 1.200 mortes e deixaria outros 200 mil feridos. Os danos seriam em torno de muitos milhões e vários perderiam suas casas. Infelizmente, essa é a realidade de quem vive na Califórnia e o melhor a se fazer é estar preparado. Para começar, todos os moradores deveriam ter um “Kit Terremoto” em casa, um no carro ou mochila, e se possível também em seu local de trabalho. Em alguns lugares, é possível comprar o kit pronto, mas você pode montar o seu com os seguintes itens selecionados pela Cruz Vermelha:
- Um galão de água para três dias, por pessoa, caso tenha que evacuar o local onde vive; e o suficiente para 2 semanas para a casa;
- Produtos não perecíveis, de preparação simples, suficiente para três dias em caso de deslocamento; e o suficiente para 2 semanas para a casa;
- Lanternas e velas;
- Pilhas e baterias;
- Fósforos;
- Kit para curativos;
- Remédios para, pelos menos, sete dias;
- Algum tipo de ferramenta;
- Abridor de lata e garrafa;
- Itens pessoais de higiene;
- Itens de limpeza;
- Cópias de todos os documentos importantes;
- Celular com bateria e carregador;
- Contatos para emergências e contato de familiares;
- Dinheiro;
- Cobertores;
- Mapa da cidade;
- Itens pessoais como óculos, lente de contato e seringas;
- Itens para bebês, como leite em pó, fórmulas, papinhas em lata, fraldas, mamadeira e chupeta;
- Jogos e brinquedos;
- Itens para bichos de estimação, como comida, água, tigela e coleira com identificação;
- Rádios;
- Chaves extras de casa e do carro;
- Apito;
- Máscaras;
- Capa de chuva;
- Toalhas;
- Luvas cirúrgicas;
- Roupas extras;
- Boné ou chapéu;
- Sapato;
- Fita adesiva;
- Tesoura;
- Faca;
- Cloro (que serve para tratar água);
- Travesseiro;
- Bloco de papel para anotações.
Outra dica seria separar objetos importantes, desde que sejam fáceis para o transporte, como anéis e fotos. Tenha também sempre com você os endereços e telefones de pessoas importantes e familiares. Anote os endereços de alojamentos no seu bairro. Se não tiver como sair do seu apartamento ou escritório por conta de algum bloqueio, ou por opção, vá para debaixo de uma mesa ou fique na faixa da porta. Não esqueça de proteger crianças, bebês, idosos, animais e pessoas com necessidades especiais. Fique longe de janelas, objetos, estantes e espelhos. Não use o elevador e, se possível, tenha um extintor de incêndio por perto.
Caso esteja na rua, fique em uma área sem prédios, placas, árvores e postes elétricos. Se estiver na praia ou perto, corra para um local alto para se proteger de tsunamis. Existem placas de sinalização para evacuação em caso de tsunamis. Se estiver dirigindo, pare o carro e não saia de dentro dele, mas tenha cuidado e não pare perto de postes ou árvores. Passado o susto, cheque o ambiente para ver se está seguro e tenha muito cuidado com fios elétricos. Ajude pessoas acidentadas, mas evite movê-las porque pode piorar a situação. Feche a saída de gás. Se você estiver preso em algum lugar, evite se desesperar, é muito provável que a equipe de resgate chegue rápido. Se puder, faça barulho para que saibam onde está, mas evite gritar. Tape a boca e o nariz com algum pedaço de pano, se possível, para proteger da poeira. E o mais importante, assim que estiver fora de perigo, tente contactar sua família.
Enquanto isso, aqui na Califórnia, só nos resta esperar até terça-feira para ver o que vai acontecer.