As eleições estão chegando e como em todo período eleitoral não se fala em outra coisa, como sou eleitora no Brasil e nos EUA, vou falar um pouco das eleições em ambos países.
As eleições brasileiras acontecem em anos pares e a cada quatro anos, intercalando as eleições federais e estaduais com as eleições municipais, diferentemente das eleições americanas, que desde 1970 acontecem TODOS os anos, na primeira terça-feira, após a primeira segunda-feira do mês de novembro.
No Brasil, para votar é necessário ser cadastrado em uma zona eleitoral, podendo ser feito no cartório mais próximo de sua residência, portando um documento oficial com foto, comprovante de residência e, para os homens maiores de 18 anos, o certificado de quitação do serviço militar.
Nos EUA, há a obrigatoriedade da comprovação da cidadania americana através do passaporte ou certidão de nascimento e/ ou casamento (e Certificado de Naturalização para o estrangeiro naturalizado), residir no estado do registro, se filiar em um dos partidos políticos no momento do registro. Caso não tenha preferência por um partido ou na dúvida é só se declarar independente.
Para votar, a maioria dos estados exige ser maior de 18 anos, mas alguns permitem o cadastramento de pessoas com 17 anos. A data limite para o registro da votação, varia de acordo com cada estado e nos estados de Iowa, Maine, Minnesota, New Hampshire, Wisconsin e Wyoming é possível se cadastrar no dia da eleição, já na Dakota do Norte não há a obrigatoriedade do registro para votar. Leia mais no link.
No Brasil, para se candidatar a um cargo político é necessário ser brasileiro nato, ser filiado a um partido político e ter domicílio elitoral definido um ano antes das eleições. Porém, há uma idade mínima exigida (até o dia da posse) dependendo do cargo a ser concorrido.
- Presidente e Vice-Presidente – 35 anos.
- Governador e Vice-Governador – 30 anos
- Senador e Suplente de Senador – 35 anos
- Deputado Federal, Distrital e Estadual – 21 anos.
Enquanto que, em solo americano qualquer cidadão naturalizado pode se candidatar a um cargo político, com exceção dos cargos de Presidente e Vice-Presidente. Para concorrer à presidência é necessário ser americano nato. Os EUA não elegem suplentes e quando um político morre, renuncia ou é cassado, a escolha do substituto é feita através de eleições especiais (special elections também conhecida como by-election).
Há diferença também na campanha eleitoral. Estamos acostumados com horário político, outdoor, carro de som, santinhos, além dos showmícios (ilegais desde 2006). Porém aqui são usados cartazes e comerciais na TV. Inclusive é permitido fazer campanha usando o nome do adversário e de ataques a outros candidatos ou partidos, além dos lobistas e famosos que ajudam na busca pelos votos.
No Brasil, o voto é secreto e obrigatório àqueles com idade entre 18 e 70 anos e que sabem ler e escrever e desde 2000 é feito por urna eletrônica, o que torna a votação e a contagem do votos mais rápidas. Diferentemente dos EUA, onde não há a obrigatoriedade do voto e a votação se dá com cédula de papel, é possível votar no posto de votação ou ainda, como a maioria dos americanos faz, através e enviado pelos Correios. Recebemos na residência um envelope verde, e dentro dele um envelope amarelo, outro branco, a cédula e as instruções para votar.
Após selecionarmos os candidatos, colocamos a cédula dentro do envelope branco (com nome e número de identificação do eleitor), assinamos e lacramos, então o colocamos dentro do envelope amarelo e o enviamos para ser computado. O prazo para o envio é determinado por estado e consta na cédula de votação. Cada estado determina as regras para a lista de candidatos que aparecerão na cédula e se o seu candidato não constar na lista, é possível escrever o nome dele na cédula.
Vale lembrar que a escolha do presidente da República Americana não é feita por eleição direta, mas por um Colégio Eleitoral.
“Colégio Eleitoral é o nome dado a um grupo de ‘eleitores’ indicado pelos militantes políticos e membros dos partidos nos estados. No dia da eleição, esses eleitores, comprometidos com um ou outro candidato, são eleitos pelo voto popular. Em dezembro, depois da eleição presidencial, os eleitores do colégio eleitoral reúnem-se nas capitais dos respectivos estados e votam para presidente e vice (sic)”.
O número de eleitores do Colégio Eleitoral de um Estado é igual ao número de senadores e deputados desse Estado. Porém, o Distrito de Colúmbia, que não tem representação no Congresso, tem três votos eleitorais, totalizando 538 eleitores.
É necessária maioria dos votos para que um candidato seja eleito (mínimo 270 votos), mas se nenhum candidato à presidência conseguir a maioria dos votos eleitorais, a Câmara dos Deputados escolherá o vencedor entre os três mais votados. Dessa maneira, os membros da Câmara votam por Estado e cada delegação estadual tem direito a um voto.
As informações sobre o Colégio Eleitoral foram tiradas do site da Embaixada Americana, para ler mais clique aqui.
Lembrando que todo brasileiro, maior de 18 anos, mesmo morando fora do Brasil é obrigado a votar. Para saber mais, consulte o link Como Votar Vivendo no Exterior.
Vote consciente!
3 Comments
Pingback: Donald Trump, contra tudo e contra todos, vence as eleições no EUA | Politicos Do Brazil
Cleo, obrigada pelos esclarecimentos, foram muito bons. Mas há uma coisa que ainda não entendi. Por ordem:
– na cédula que o eleitor americano recebe em casa consta com que partido os “eleitores” do Colégio Eleitoral estão comprometidos?
– nunca entendi como, por exemplo na eleição de 2016, a Hillary Clinton ganhou mais votos do povo (o mesmo povo que elegeu o Colégio Eleitoral!), mas menos votos desses mesmos “eleitores”? Alguém “traiu”?
– como são distribuídos esses votos do povo entre os “eleitores” do Colégio Eleitoral, voto direto? Só como exemplo, se os eleitores da Hillary deram mais votos pra ela (elegendo consequentemente mais Democratas no Colégio Eleitoral) como é que mesmo assim o Trump ganhou? Onde é que está “o pulo do gato” que ainda não consegui entender?
Agradeço muitíssimo se me ajudar a entender. Todas as explicações que já encontrei na internet, até agora, não foram100% satisfatórias. Continuo “tapada” 🙂
Olá Magda,
Essa autora não faz mais parte do nosso time de colunistas para responder sua pergunta. Qualquer coisa, você ainda pode procurar por textos mais recentes sobre os EUA e deixar sua mensagem por lá. Pode ser que as colunistas atuais consigam lhe responder.
Agradecemos por sua visita.
Equipe BPM