Como é ser mãe na Grécia.
Mês de maio, mês das mães. Ainda estou longe de ser uma, mas gostaria de falar um pouco sobre maternidade na Grécia para os interessados em se mudar junto com a família ou fazer sua vida por lá. Antes, gostaria de dizer que não estou mais morando em Atenas, me mudei para Berlim, na Alemanha, e estou me organizando para começar a escrever sobre a cidade, enquanto procuro alguém que tenha interesse em falar sobre a Grécia. Portanto, se você vive no país e gostaria de escrever para o blog, entre em contato com a gente!
Bom, voltando ao nosso assunto, como é ser mãe no país mediterrâneo? Conheci esses dias uma brasileira que morou muitos anos na Grécia, casada com um grego e com dois filhos. Em conversa com ela, achei que seria uma boa ideia escrever sobre o tema, já que não foi abordado anteriormente. Já mencionei como a família grega é tradicional e com valores mais conservadores aqui nesse artigo sobre casamentos na Grécia, e o filme “Casamento Grego” também expõe perfeitamente essa realidade.
Mãe brasileira com marido e sogros gregos
Casar-se com um grego pode ser uma dádiva sim (para quem não sabe, os homens gregos são muito bonitos, não é à toa a expressão “Deus grego”), mas é bom saber que a família dele vai estar sempre presente, e às vezes muito mais do que você gostaria, na criação dos filhos e em todas as decisões e passos a serem tomados. Fora isso, infelizmente, na Grécia não há nenhum tipo de auxílio do governo para as mães e/ou para as crianças. Apenas a licença maternidade normal, nesse caso de seis meses, sendo três pagos pela empresa e três pelo governo. O valor recebido depende do tempo de trabalho.
Manter uma babá é complicado, um luxo apenas para famílias mais ricas, por isso, os avós acabam exercendo esse papel na maioria das famílias. Por um lado isso é positivo, pois a confiança é muito maior, são pessoas da família que estão cuidando do seu filho. O problema é a maneira como fazem isso. É muito comum que os avós gregos acabem guiando a educação da criança, até mesmo a escolha do melhor pediatra, da escola, da alimentação etc, e as mães devem ter cuidado e mão firme para não deixarem que a situação saia do seu controle.
A figura paterna não tem uma importância tão significativa nos primeiros anos do bebê, como em outros países da Europa, em que muitas vezes os pais pedem licença do trabalho e continuam recebendo para cuidar dos filhos por um certo período. Minha amiga conta que os amigos do marido chegavam a dar risada quando o viam trocando fraldas.
Educação, dependência e segurança
Sobre a educação na escola, também pude chegar à conclusão de que não é muito diferente do Brasil. Para se ter uma educação de qualidade, normalmente tem que se investir em cursos fora da escola pública, a não ser que os pais tenham condição de pagar pelo ensino privado. As férias escolares na Grécia chegam a quatro meses, três no verão e um mês a mais, somando os feriados, no período de Natal e Páscoa. A criança tem direito até de fazer greve se não estiver disposta a assistir aula. Em geral, não há muita disciplina e as famílias também não contribuem, muitas crianças gregas não têm uma rotina como hora para comer, hora para dormir etc.
Apesar de muitos gregos se aventurarem e buscarem uma vida melhor fora do país, especialmente nos momentos de crise, na maioria das vezes eles são criados com uma certa dependência, principalmente da mãe, mas da família de uma maneira geral. É muito comum alguns gregos morarem fora um tempo e retornarem, pois não aguentam ficar longe, sentem falta da comidinha caseira e de estar com os familiares. Isso não é de maneira alguma negativo, mas pelo que ouço e vejo, às vezes essa dependência não é tão saudável, pois os filhos demoram mais a ter sua própria vida e acabam trabalhando nos negócios da família, sem grandes ambições, o que não ajuda a economia a crescer.
Outro aspecto que tem preocupado é o aumento dos casos de violência, principalmente em Atenas, tornando os pais mais amedrontados quanto a deixar as crianças ou adolescentes saírem sozinhos nas ruas. Ainda assim, pessoalmente, acho muito mais seguro do que no Brasil e é bem comum ver adolescentes a partir de 13 anos circulando com amigos no metrô, parques e na rua. Lembro que conheci uma menina uma vez no metrô, devia ter 15 ou 16 anos, havia crescido no Brasil e mudado recentemente com os pais para Atenas, pois a família é de lá. E ela me falou que se sentia muito melhor, pois podia sair sem os pais, curtir mais os amigos, com menos riscos e preocupações.
No geral, a partir do que converso com pessoas e com amigos próximos que não são necessariamente brasileiros, mas que criam filhos na Grécia, há ainda alguns aspectos positivos quando comparados ao Brasil, principalmente em se tratando da segurança e dos preços em alimentação e roupas, por exemplo, mas não comparando a outros países europeus que garantem muito mais direitos às mães e famílias com crianças. O problema para nós brasileiras, em casar com grego e ter filhos, é a relação, complicada, às vezes, com a família, principalmente com a famosa sogra grega. Saber lidar com essa situação é certamente um desafio, é aceitar e se adaptar a uma cultura diferente. Mas como no Brasil a importância da mãe e dos avós em geral também é muito grande, acredito que o desafio não seja tão difícil assim, depende muito da maneira de pensar de cada um. Além do mais, sempre se dá um jeitinho de levar adiante.
2 Comments
Ainda não vistei a Grecia mas pretendo logo, amei seus post aqui é de muita ajuda
Que bom que gostou Gilce! Caso tenha alguma dúvida, pode sempre entrar em contato. Um abraço! 🙂