A grande maioria das pessoas que vêm para Dublin chega com o objetivo de aprender ou aprimorar o inglês – ainda que esta não seja a prioridade número 1 em muitos casos.
Por isso, resolvi escrever este texto para falar sobre como é a experiência de quem quer aprender inglês na Irlanda, como foi o meu caso.
Quer aprender inglês na Irlanda? Dedique-se em primeiro lugar!
Sim, você vai aprender inglês no dia a dia. Mas como tudo na vida, isso vai depender muito de você. É possível viver uma vida inteira em Dublin com pouco uso do inglês: more com brasileiro, vá pra escola e só fale português com os amigos brasileiros, vá para a festa brasileira e quando precisar mesmo falar em inglês peça aquela força para o amigo brasileiro que é um pouco mais fluente.
Importante: nada contra essa interação com outros brasileiros, ter o apoio de alguém da mesma cultura e língua é essencial quando se está longe de casa. Porém, se o seu objetivo é realmente aprender inglês e principalmente, se seu inglês já for intermediário, é preciso um pouco mais de esforço. Por isso, seguem as dicas:
- Tire o máximo das suas aulas: afinal, você pagou caro por isso. Anote as dúvidas que teve nas ruas (algo que você queria falar e não sabia que palavras usar, ou algo que você ouviu e não entendeu) e peça ao professor para te explicar. Isso evita repetir os mesmos erros.
- A Biblioteca Central (Ilac Center) tem cursos gratuitos: trata-se de autoaprendizado, você e o computador, mas vale muito a pena, e você ainda leva um certificado para casa após 50 horas/aula. Fora isto, pegue livros e DVDs emprestados em qualquer biblioteca. É só fazer sua carteirinha de empréstimo com eles, apresentando passaporte e comprovante de endereço, para poder levar uma infinidade de recursos para casa.
- Frequente lugares onde você possa conversar com outros estrangeiros ou irlandeses: não é tarefa fácil, porque a vida de todos é muito corrida e o dinheiro curto. Mas vale tentar academia, cursos de outras línguas ou habilidades, aulas de ioga, serviço voluntário, hobbies etc. Busque no site MeetUp.ie, por eventos sociais e encontros de language exchange gratuitos.
- Fale muito no trabalho: tente conversar com seus colegas estrangeiros e chefes sempre que possível e sobre diferentes assuntos (não apenas sobre trabalho).
- Faça walking tours e city tours com guias nativos: além do passeio em si, você vai ouvir outros sotaques e expandir o seu vocabulário.
- Assista à TV e vá ao cinema, teatro, exposições, etc, para incrementar sua pronúncia e compreensão auditiva.
Por outro lado, também não tenha excessivas ilusões. Você vai encontrar muitos estrangeiros com um inglês muito pior que o seu, mesmo após trezentos anos em Dublin, e irlandeses com péssima gramática e dicção. Fique atento para não copiar os erros de outros pessoas – o segredo para isso? Leia e estude muito. Logo logo, você vai começar a reconhecer os problemas linguísticos alheios.
Também não surte se chegar em Dublin e não entender uma palavra do que os irlandeses falam. O sotaque deles é bem característico e diferente do americano ao qual nós, brasileiros em geral, estamos mais acostumados, graças à nossa cultura hollywoodiana.
Some a isso as gírias e expressões locais que não estão listadas em nenhum dicionário. Relaxe e continue estudando – com o tempo, seu ouvido se acostumará aos novos sons – leia mais sobre isso em outro artigo sobre o inglês dos irlandeses.
Dublin não tem só curso de inglês. Línguas, computação, artes, esportes são algumas das opções para quem já está com o inglês em dia e quer estar com o currículo turbinado quando voltar pro Brasil. A cidade oferece um vasto número de cursos noturnos (já que você estará estudando inglês em um turno e trabalhando no outro) a preços acessíveis – para quem está ganhando em euro, é claro. Cheque sites especializados e os jornais para saber as opções disponíveis (leia-os de graça na Biblioteca Central). Alguns cursos estão disponíveis o ano todo; outros, somente no mesmo período de ínicio de aulas escolares: fevereiro e setembro. Mas são todos conduzidos com muito profissionalismo, mesmo os mais baratos, por isso seu investimento vai ser recompensado. E mesmo que seja só pela diversão, no final das contas, tudo vira uma oportunidade de praticar o inglês.
Sobre a qualidade das aulas de inglês na Irlanda
Aqui vai um adendo. Um dos comentários que você vai ouvir bastante nas comunidades virtuais de brasileiros na Irlanda é sobre a baixa ou péssima qualidade das aulas de inglês no país. E não vou esconder o sol com a peneira: isso é verdade, em muitos casos. Se você for comparar o serviço oferecido pelas escolas de inglês brasileiras, boa parte das escolas irlandesas vai deixar muito a desejar. Por outro lado, também vamos fazer uma mea culpa e verificar o próprio comportamento. Muitos brasileiros sequer vão à escola. Outros, quando vão, insistem em falar português na sala, mesmo após constantes reclamações de outros alunos e dos professores.
A boa notícia é que o governo irlandês vem trabalhando duro para corrigir isso, criando padrões e novas exigências para escolas e estudantes (leia mais sobre isso neste artigo sobre visto para estudantes e neste outro sobre a permissão de trabalho para estudantes aqui). O resultado disso tem sido fechamento de muitas escolas e, também, a crescente deportação (ou um gentil convite para ir embora em 2 semanas) de estudantes que tentam burlar as regras.
Assim, esteja atento às regras e venha com o objetivo de estudar o período contratado e seguindo as regras estabelecidas. Exija da escola bons professores ( e muitas delas os têm) e razoável infraestrutura, além do que mais tiverem te prometido quando venderam o curso. No mais, leve o aprendizado a sério, pois como se diz aí no Brasil, quem faz a escola é o aluno.
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Parabéns, muito bom mesmo, ajudou muito.