Mudei para a Itália em 2005 e em relação ao bem-estar e perspectiva de trabalho as coisas mudaram e muito de lá para cá. Essa crise que está prejudicando a Europa , principalmente Itália, Grecia, Espanha e Portugal, atrapalham o crescimento de um futuro fácil e seguro.
A desocupação de jovens é elevadissima e as pessoas que já possuem um trabalho devem concordar com situaçoes nada agradáveis, como o abaixo do salário para garantir o pròprio emprego ou estarão desempregados no dia seguinte. Nos dias de hoje é muito dificil encontrar vaga em empresas que estejam mandando embora as pessoas mais velhas em idade perto da aposentadoria. O motivo e redução de custos e funcionários.
O número de empresas falidas esta no record històrico e as previsoes para o futuro nao são tão animadoras assim. O custo de energia é muito alto e, apesar dos avanços através de geradores de energia natural, como o teto solar ou as energia eolica, os valores da energia elétrica não se abaixam em total crise economica no paìs. Sim, é verdade, o europeu, ao menos o italiano , é um povo pessimista e o que escutamos ou lemos nos jornais é assustador. O número de suicidos por conta dessa falta de trabalho aumentou muito nesse último ano.
Se uma pessoa mora já na Itália e possui uma casa pròpria e tem um emprego, ela se basta e consegue viver assim. Se uma pessoa pensa em vir nesse momento à Itália, sem um trabalho em vista, ou procurando algo de grande como uma especialização ou um cargo importante, terá que colocar no papel os riscos que irá correr como por exemplo: com aluguel à pagar – e nao custa pouco- alimentação e o mìnimo para se viver, nao compensaria realizar esse plano nesse momento. Principalmente à um estrangeiro as portas são mais difìceis a se abrir, a não ser que venha para procurar um trabalho mais simples, como garçom, limpeza, obras, enfim. Terá um salário inferior mas conseguirá ter qualidade em educação e saúde, visto que sao gratuitas e, diferentemente do Brasil, ao menos em minha região, ao norte da Itália, de qualidade.
Se um estudante vier à Italia para especialização de um curso deve saber o custo dos exames e o nìvel de dificuldade que o mesmo irá oferecer ou seja todo tempo disponivel será ocupado para se dedicar aos estudos. Se procurar em albergues e casas de estudantes poderá encontrar preços mais baixos de moradia. Mas, sempre com um emprego para se manter. Eu friso bem a importancia de conseguir um trabalho ANTES de vir embora do Brasil pois poderá levar meses até encontrar um “bico” por aqui.
Talvez quem venha para abrir um pròprio negòcio poderia negociar com um banco, mas, nesse momento, o pròprio banco está evitando e dificultando os empréstimos aos clientes. E para o mesmo precisa de uma garantia, seja um salário ou a hipoteca de um bem. Vale lembrar que a Itália é um paìs principalmente agricola, entao quem tem intenção de trabalhar nesse campo, poderá ter chance em pequenas cidades interioranas.
Cidades como Florença, Verona, Roma oferecem maiores oportunidades, mas a concorrência é grande. Em Milão tenho lido em jornais depoimentos de cidadãos com seus somente 40 anos de idade sem trabalho, assustados com a discriminação da idade e a situação de “falsa imagem” de Milão, cidade da moda e do comércio italiano. Então, nao sei se posso pronunciá-la aqui como oportunidade. Obviamente que quanto menor a cidade, menor a chance de um bom trabalho no mercado. Mas não é regra.
Vou citar um exemplo para termos idéia do custo de vida atual na Itália através de um empregado (casado sem filhos) de uma empresa onde o salário minimo é de 1200 euros ao mes.
- Custo bimestral de energia elétrica é de 200 euros;
- Custo bimestral de gás para a cozinha, o aquecedor da água e da casa(no inverno usamos o gás) : 350 euros
- Custo anual para a “Comune” da sua cidade pelo lixo diferenciado recolhido na porta de sua casa (150 euros)e para a água do esgoto mais ou menos um total de 500 euros. A não ser que voce tenha o poço de água em sua casa.
- Para quem possui carro, um custo entre taxa, seguro, revisão a cada 2 anos sem contatar a manutenção um valor de 500 euros ao ano.
- O aluguel ou financiamento de um apartamento pròprio pode ficar em uma margem de 400 euros ao mês;
- A manutenção da familia, nesse caso sem filhos, entre comida, gasolina, roupas, remédios, etc, 200 a 300 euros ao mês;
- Despesas extras, como telefone, celular, internet, mais ou menos em 30 euros mensais.
O custo médico é gratuito ou muito baixo entao prefiro nao incluir.
Vamos á matemática! 1.200 (salario) x 12(meses) = 14.400. A diferença com a somátoria do meu exemplo é de que sao 13.060 as despesas anuais para esse casal. Sobrará : 1340 euros ao ano. Se os dois trabalharem, terá uma sobra para viagens e poupança. Se somente um deles trabalhar, terão uma vida normal, dentro do padrão mas sem gastos com futilidades. Sobrará : 1340 euros ao ano.
A parte o meu exemplo, temos que pensar que atualmente os cargos de trabalhos com carteira assinada e tudo regular, tem um tempo de contrato de 3 meses. Depois disso a empresa decide se ira lhe dispensar ou nao. Ou seja, o risco é grande.
Relendo meu texto parece desencorajador, mas quando se trata de um assunto sério como esse é melhor sermos sinceros, porem, “diferente do pessimista, o otimista vê uma oportunidade em cada dificuldade”. E, por isso, eu prefiro nesse caso acreditar que a cada dia temos a chance de acordar e encontrar uma nova solução ao problema!
5 Comments
Daph, parece que vc está falando da Hungria! Por aqui a crise é a mesma. Empregos são poucos, quem tem se sujeita a qualquer coisa (menos salários, mais trabalho…), muita firma falida… Enfim, a coisa não está bonita por aqui e por isso muitos jovens estão procurando oportunidade fora do país. Ouvimos falar em patrotismo, abandonar o país… Mas creio que o fato é que o país está expulsando os jovens daqui, não o contrário. Uma vez que não existe trabalho e os impostos são absurdamente caros, muitas vezes não deixa escolha… É triste isso e espero que acabe logo, mas seu conselho é bem válido pra quem pensa numa vida de sonhos na europa. No momento, esse continente não é a terra das oportunidades…
Parabéns pelo texto!
Beijos!
taxa de desemprego na Hungria é de 5,5%, desemprego jovem 14%, Itália 12%, desemprego jovem 39%
Oi Daphne, muito bom texto! Eu noa so concordo como também reinforço a mensagem, é necessario planejar e se preparar pra um potencial processo de emigraçao, eu DESACONSELHO totalmente a ilegalidade, esta estoria de viver de bico, que é uma fria, uma vez que é instavel. De forma que se alguem quiser vir pra Europa no momento, somente com trabalho, ou como estudante, e com a possibilidade de se manter! Gostaria também de sobressaltar que mesmos os paises europeus que nao estao em crise tao critica como a Sul da Europa, estes estao recebendo enorme fluxo de europeus destes mesmos paises, a fim de procurar trabalho. e como sao parte da comunidade europeia, estes teem maior oportunidades de conseguir emprego nos paises do norte Europeu, doq ue emigrantes vindo de outros continentes. Parabens!!!!!!! Namasté! e Desejo todo sucesso pra voce ai na Italia, e que esta crise possa mudar brevemente!!!!!!!
Ótimo texto Dafne, ha algumas semanas eu vi um documentário a respeito de europeus que vinham a Noruega justamente para fugir da crise, entre eles uma italiana que vivia com o filho e apesar de ter educacão superior a nivel de mestrado ela tinha dificuldade em conseguir emprego. Estamos passando por momentos dificeis, mas se Deus quiser é apenas uma fase. Sucesso e obrigada pelos otimos textos que vc compartilhou conosco! Abraco!
Aqui em Portugal está assim ou pior porque os salários são ainda mais baixos. Além da situação ser difícil em si, há a questão do pessimismo, da sensação de tragédia, parece que um tsunami passou pelo país devastando tudo, um tsunami político e financeiro. Ficamos na expectativa do que será que o governo vai fazer , que medidas de austeridade irá tomar. Dias pouco favoráveis para a vinda de imigrantes.