Pré-natal é um período privilegiado, onde redescobrimos o tempo lento da gravidez, quando nos colocamos na escuta e saboreamos o grande milagre, eterno e sempre novo, da vida que nasce e cresce dentro do ventre materno.
A gestação é um momento especial e inesquecível na vida de uma mulher. Durante nove meses mãe e filho começam a se conhecer, aprendem a se comunicar. Provam-se emoções intensas: mente e corpo se transformam e lentamente se abre espaço para a criatura que está se formando. Para conseguir curtir tudo isso ao máximo é preciso, porém, desacelerar, diminuir o ritmo, informar-se, dar-se tempo e espaço. Entretanto, orientar-se nem sempre é fácil, principalmente se a criança que está crescendo dentro de você é o seu primeiro filho e se você mora fora, longe dos familiares e amigos que poderiam te auxiliar com suas experiências.
Pensando nisso e nas minhas conterrâneas que também moram na Itália, resolvi criar essa série de posts sobre a maternidade. No primeiro texto, intitulado Itália – Maternidade: Gravidez e Parto, fiz um panorama geral do que vivi por aqui; neste, falarei especificamente de como funciona o pré-natal.
Consulta de controle
A primeira pergunta que te fazem ao constatar a positividade da sua gravidez é se ela é desejada e se você quer dar continuidade a ela. É algo estranho, eu sei. Choquei-me quando ouvi tal questionamento. Porém, na Itália o aborto é legal e esse é o procedimento padrão. No meu caso, a resposta foi que a minha gestação era muito esperada e desejada e, assim, a médica e a obstetra (minhas consultas foram sempre com as duas juntas) me passaram uma série de exames clínicos para atestar o meu estado de saúde, meu tipo sanguíneo, etc.
As consultas de controle são mensais e alguns exames de sangue e urina também. Uma vez optado pelo sistema público de saúde, é preciso solicitar, para todos os exames e as consultas de controle, as receitas ao seu médico de família e para realizar quase todos os exames é necessário agendar pelo CUP (sistema de agendamento do governo) da sua região ou diretamente na instituição que te atende.
Exames, ecografias e controles
Estatísticas italianas confirmam que a maioria das mães se submete a um número excessivo de exames, com uma frequência injustificada.
Para monitorar o bem-estar da mãe e do bebê são suficientes as análises (exames de sangue e ginecológicos) e as ecografias previstas nas Diretrizes do Sistema Sanitário Nacional. De acordo com isso, são três as ecografias aconselhadas: a primeira, que se realiza até a 12ª semana de gestação, é útil para a datação da gravidez e para controlar o número de embriões; a ecografia morfológica, realizada lá pela 22ª semana, é a mais importante, porque permite observar os órgãos fetais em detalhe para diagnosticar eventuais anomalias; e o último controle, que acontece no terceiro trimestre, avalia o desenvolvimento do bebê em relação à idade gestacional.
Todos esses controles, previstos pelo sistema público de saúde italiano, são gratuitos.
Escolher o lugar do parto
Para escolher a estrutura hospitalar é importante se informar com antecedência. A futura mãe que quer conhecer e avaliar as práticas de parto no local onde quer dar à luz pode se dirigir diretamente ao hospital para colher informações que a interessam ou conversar com outras mulheres que já deram à luz ali.
Eu recorri à minha doula. Com ela obtive todas as informações que precisava para escolher o hospital que melhor atendia as minhas expectativas. Foi com ela também que fiz o meu ‘plano de parto’, que levei comigo e entreguei para a equipe médica que me atendeu quando minha bolsa estourou.
Assim como no Brasil, aqui também se está redescobrindo o parto em casa. Notícias relatam o aumento do número de casais que optam por essa modalidade. Para esses casos, sei que existem associações de obstetras e/ou de pais que se dedicam aos nascimentos a domicílio. É preciso se informar, no entanto, a respeito de se o parto em casa será reembolsado na sua totalidade ou em parte pelo sistema de saúde público, pois não sendo previsto nenhum reembolso as despesas recaem inteiramente sobre os pais.
Cursos de preparação para o parto
Em todas as cidades, nos hospitais ou nas clínicas são organizados cursos de preparação para o parto. Conduzidos pelas obstetras, representam uma oportunidade preciosa para se receber informações e para compartilhar as emoções da espera com outras futuras mamães que estão vivendo a mesma experiência. Frequentemente, também, é prevista uma visita ao departamento da maternidade que garante uma primeira aproximação com a equipe, os lugares, e as salas de parto onde acontecerão os nascimentos. Novamente, nesta ocasião, a futura mãe poderá se informar a respeito das práticas do departamento e avaliar se a estrutura corresponde às suas próprias expectativas.
Normalmente esses cursos são gratuitos ou têm custos irrisórios.
As grandes redes de lojas infantis igualmente oferecem cursos que são mais voltados para a preparação do enxoval e para o retorno a casa com a criança.
Público ou privado?
Depende de você. Os custos para fazer o pré-natal em uma clínica privada são bem elevados, porém são cobertos pela maioria dos seguros de saúde. A este propósito cada futura mãe deverá avaliar, com base em suas próprias exigências, qual figura prefere contatar. Saliento apenas que a maioria das estruturas públicas italianas oferece uma assistência adequada, com a possibilidade de se conhecer os médicos que depois se encontrarão na maternidade no momento do parto. Contudo, sistema público é sistema público.
Eu, particularmente, devido às ótimas opções de atendimento hospitalar da minha cidade, optei por realizá-lo através do sistema público de saúde italiano.
Enxoval e retorno para casa
Além disso, é durante o pré-natal que se prepara o enxoval do bebê e sua ida para casa. Aqui o risco é o de comprar grandes quantidades de acessórios, em muitos casos supérfluos e pouco apreciados pelo bebê, tendo que sustentar uma despesa relevante Fique alerta em relação ao que o recém-nascido realmente precisa, pois, naturalmente, vários acessórios podem se revelar mais ou menos úteis para um genitor, de acordo com o contexto em que se vive, da cidade, do estilo de cuidados maternais adotados e das preferências da criança. O importante é saber que nem todos os produtos presentes no mercado são realmente necessários e nenhum é indispensável.
Toda mãe deveria poder ter acesso à informação para poder cuidar de si e de seu filho da melhor forma. É muito importante que ela tenha o tempo necessário para dedicar-se a si mesma, relaxando e dando asas aos pensamentos, sonhos e fantasias ligadas ao seu próprio futuro de mãe e da criança que nascerá.
Arrivederci!
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*Citações e fonte: Cozza, Giorgia. Bebè a costo zero. Edizioni Il leone verdi, 2016