Morar na China. Por que não?
Quando viemos morar na China, muitas pessoas nos olharam surpresas e já com a”clássica pergunta” na ponta da língua: “vocês estão loucos”?
A verdade é que a China é basicamente “conhecida” por muitos: pela Grande Muralha, pelos espetinhos de escorpiões/insetos, pela língua cheia de “desenhos” e pelo slogan “made in China”. Sim, eu já fiz parte deste time. FIZ.
Assim que a oportunidade de vir morar fora do Brasil apontou pra cá, eu e Bel nos perguntamos “por que não”? Sim, por que não a China? Não, não conhecíamos nada daqui, nunca tínhamos sequer visitado o país: mudamos com a cara, a coragem e a fé de que estávamos tentando construir nosso futuro.
Assim que decidimos realmente morar na China, comecei a devorar tudo o que encontrava sobre a cultura e sobre o país. Li blogs – obrigada, Cris! – sites e dei não sei quantos Googles, além de pesquisar mapas, procurar livros… Foi uma maratona. E, depois de tudo, ainda no Brasil, descobri que o que eu mais precisava para morar aqui era uma mente aberta. Esse era o denominador comum em todas as postagens e textos que li. Não apenas para morar aqui, mas em qualquer lugar do mundo, porque precisamos nos despir de MUITA coisa se quisermos viver em outro país –
isso é assunto para outro post… Tudo muda, tudo é muito diferente, mesmo em países com cultura semelhante à nossa, então, imagine num país como a China…
Aqui, você aprende que o ar tem cor, cheiro, sabor E qualidade. Sim, é completamente diferente. “Cheiro de China”, isso existe. Assim que a gente desce do avião, ele invade o nariz e você acha que vai conseguir mastigar o ar. Verdade. A poluição aqui é palpável assim. Você aprende a sair de casa somente depois de checar o AQI do ar pra escolher se vai com ou sem máscara. AQI é o acrônimo para Air Quality Index, ou Índice de Qualidade do Ar em português. Sim…
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Você é quase que imediatamente alçado ao nível de “celebridade do momento”, tamanha é a curiosidade das chineses em relação a nós, ocidentais. Não importa a sua cor, como é o seu cabelo, se você está limpo, mal vestido ou seja lá o que for: prepare-se para tirar fotos com os chineses e ser alvo de fotos aleatórias. Com o tempo você acaba de acostumando e “se vinga” tirando fotos deles também.
Ao visitar a Grande Muralha ou a Cidade Proibida, vai sair em fotos com pessoas que nunca viu na vida. E tenha certeza de que estas fotos serão compartilhadas instantaneamente pra mostrar o “ser” que o(a) chinês(a) encontrou perambulando pela China.
A comida é um capítulo à parte. Muito antes de arriscar qualquer coisa em mandarim após sair do aeroporto, você sente o cheiro da comida. Forte, não tem como escapar. Alguns cheiros são estranhos, mas a maior parte é extremamente convidativa e a gente acaba chegando perto procurando aquele prato super lindo de tão cheiroso, mas acaba dando de cara com pés de galinha, pato, os tais hot pots, cabeças e miúdos, e dumplings – que a gente acaba aprendendo a comer mesmo, não tem jeito.
Aqui é muito seguro. Eu fiquei “horrorizada” no bom sentido. Você pode sair a qualquer hora do dia ou da noite com qualquer quantidade de dinheiro em espécie em mãos, com qualquer tipo de roupa – isso vale especialmente para nós, mulheres, que ninguém mexe ou parece reparar – com o último modelo daquela bolsa caríssima ou daquele celular super-ultra-mega-galaticamente-caro que você vai ser só mais um na multidão.
Na China todo mundo sai às ruas com o que tem de melhor. Sério. Prepare-se para ver muita coisa diferente…
O mandarim, ah, o mandarim… esse me encanta, apesar de não ter conseguido dominar nem o mais básico “oi” sem entregar meu “sotaque de estrangeira” – como se a cara não entregasse, né? O idioma é um desafio: há quem ame, há quem odeie, há quem aprenda somente o básico, há quem queria fazer o último nível do HSK – teste de proficiência em mandarim. Eu sou suspeita porque, além de sempre ter sido apaixonada por idiomas, aqui ainda acho um plus: a caligrafia em mandarim é uma arte por si só.
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E a riqueza cultural e lugares “bem do ladinho” pra gente conhecer? São tantos templos, e seções da Grande Muralha… Tem a Cidade Proibida, tem o santuário dos pandas, tem Macau com seu pedacinho de Portugal, tem Hong Kong, tem Taiwan, tem Tailândia… além de tem Kung Fu e Tai Chi nos parques das cidades e a tradição do chá bem no seu “quintal”.
Enfim, só queria dizer que o mundo é muito grande e cheio de oportunidades que não podemos deixar de lado por preconceitos bobos: cada país tem sua peculiaridade e, se você tem algum desejo de sair do Brasil, mesmo que seja a passeio, comece se despindo de qualquer preconceito e saia daí com a mente aberta pra aproveitar ao máximo a sua experiência.
Você pode descobrir que aquele lugar que nunca imaginou “ser legal”, ou que um dia iria visitar, pode ser aquela caixinha de surpresas que faltava pra um crescimento cultural e pessoal inacreditável. E, num país com uma história milenar, tudo aqui é qualquer coisa, menos algo comum.
Então, sim, China porque sim. E pronto.
10 Comments
Que massa, My Horse!! Curti muito e sigo acompanhando e torcendo muito por vc’s!! Estão sempre em meu coração!! Lov U!! ?❤️
Muito tks, My Horse! Fico mais do que feliz em saber que você gostou! 🙂 Muitas saudades… Beijos
Você é uma pessoa corajosa que não tem lugares,idiomas dificilimos e conviver bem com os costumes locais e é uma cidadã do MUndo .Que sejam felizes, e me mandem notícias Macau e da província de S,aquela dos mussulmanos rebeldes e quenãotemolhos puxados.
Obrigada, Solon! Ainda não conheço Macau, mas, assim que for à região, escreverei sobre.
Não, não tenho medo algum aqui – não mais, no início senti um pouco de insegurança por não conhecer, mas não tenho mais. A diversidade cultural é impressionante e algo muito bom de ver de perto.
………digo não tem medo del ugares exóticos etc…….e absorvem a cultura destes paises.parabéns.
Gostaria de saber muito sobre Shangai a cosmopolita e também como vocês se comunicam,em ingles,básico de mandarim,gestos etc…….E o que faz a comunidade brasileira no país ? e os estrangeiros outros?
Eu também ainda não fui a Shanghai. Estou programando minha ida para lá. A comunicação aqui para mim ainda é basicamente em inglês e à base do “mimiquês, já que meu mandarim é inexistente ainda. Aqui em Beijing é relativamente tranquilo em relação a outras cidades da China para estrangeiros que não sabem mandarim se comunicarem. As atividades da comunidade brasileira aqui variam bastante. De pessoas que trabalham em grandes empresas a estudantes, passando por pilotos de companhias aéreas a atletas, além de estudantes. Aqui tem de tudo um pouco.
Caso eu queira ir pra conhecer e talvez morar, quais opções de trabalho? base de gastos mensais e salários?
Tenho muito interesse em ir, conhecer o outro lado do mundo, mais não gosto muito de dar tiros no escuro.
Vistos, passaportes, visto fixo para morar, como faço com tudo isso?
Agradeceria se conseguisse tirar essas minhas dúvidas.
Att; Willian
Olá Willian,
A Héllen Moreira parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na China que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Além disso, há diversas publicações em nosso site sobre vistos, custos de vida, etc. Você pode fazer uma busca e verificar se há publicações mais atualizadas abordando tais assuntos sobre a China.
Obrigada,
Edição BPM