Da Grécia para Alemanha.
Mudanças são sempre boas, mas nem sempre fáceis. Quando decidi sair do Brasil, não imaginava que ficaria 5 anos fora do país, nem que moraria em 3 países diferentes nesse período. Mas aqui estou, na minha terceira experiência, vivendo em Berlim, na Alemanha.
Saí de Atenas, onde morava, há uns meses mas continuei trabalhando para a empresa grega por um tempinho até que, e em fevereiro, me desliguei completamente e mudei de vez para cá. Assim como sair do Brasil, me mudar da Grécia não foi uma decisão fácil, era algo que já tinha em mente há um tempo, mas que demorei de fato a dar o primeiro passo.
E por que resolvi sair da Grécia? Bom, diversos motivos. Para quem me conhece bem, sabe que gosto do país, mas que nunca fui completamente apaixonada nem pela Grécia e nem pela cultura grega. Não desencorajo ninguém que queira morar lá, pois há muitos pontos positivos e lugares incríveis para conhecer, além do clima tranquilo e menos caótico em Atenas do que em outras capitais da Europa. Mas alguns fatores, como a maneira de pensar e agir dos gregos e a crise no país, juntaram-se aos meus motivos pessoais.
Além disso, abri mão de muita coisa para me mudar, coisas como ter meu próprio apartamento e não ter que dividir com estudantes em seus 22 anos de idade ou acordar no meio da noite com um deles vomitando no banheiro (esse tópico vale um texto a parte, a arte de dividir apartamento depois dos 30). Também deixei para trás (mais uma vez) bons amigos que fiz nos quatro anos em que vivi em Atenas, e vivo um relacionamento à distância, mas, pelo menos, posso visitá-los com mais frequência do que minha família e amigos no Brasil.
Incentivos para a mudança
Afinal, o que aconteceu para que eu finalmente tomasse a decisão e me jogasse em uma cidade e país novos, com outros desafios pela frente? Não acho que tenha sido um único motivo, mas com certeza algumas coisas influenciaram e eu simplesmente senti que era chegado o momento. Terminei um curso de tradução que estava fazendo à distância pela NYU em maio do ano passado, e decidi que queria fazer um mestrado. Fora isso, tive um corte de salário na empresa grega onde trabalhava, que obviamente serviu de incentivo, já que seguir trabalhando no esquema remoto não faria mais tanta diferença financeiramente.
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Fazer pós-graduação na Grécia e pagar um preço justo não é uma ideia muito acessível. A maioria dos cursos, senão todos, são caros, e mesmo para quem tem cidadania europeia não muda muita coisa. Foi daí que comecei a buscar cursos fora e foquei a busca na Holanda e na Alemanha. Para resumir a história, me inscrevi em mestrados nos dois países, mas pelo custo de vida e por ter alguns amigos vivendo na Alemanha, optei por esse país. Inicialmente, vim para cá no esquema do trabalho remoto, esperando o resultado do mestrado e considerando que eu seguiria com a agora ex-empresa.
Mais tarde, porém, tomei a decisão de me desligar e focar na nova vida em Berlim. Mas tudo isso foi feito com muita ponderação e com a certeza de que eu não passaria por dificuldades financeiras ou apuros. Não aconselho ninguém a se mudar para outro país sem estar preparado. Como falei, mudanças nunca são fáceis, e mesmo já tendo passado por isso, esperei o momento certo para dar cada passo e não me arrepender ou cair em apuros.
Dicas para quem pensa em se mudar
Por mais que a cidadania europeia ajude (e muito!) na mudança do Brasil para a Europa e nas mudanças entre países europeus, nada pode garantir que você achará o emprego ideal em poucos meses e nem que estará morando em um lugar ideal. Eu sigo dividindo apartamento com outras pessoas e, por enquanto, não tenho previsão de morar sozinha. O custo de aluguel aqui é mais alto do que na Grécia e o processo para alugar seu próprio canto do zero, sem sublocar, é bem burocrático, principalmente se não falamos alemão.
Outro ponto muito importante: nunca se mude sem ter um preparo financeiro. Os gastos são sempre grandes no processo da mudança e nos primeiros meses morando em outra cidade. Portanto, se você não tem um emprego garantido, prepare-se para 6 meses de gastos (quanto maior o período com grana reservada, melhor). Isso também vai te ajudar a procurar com mais calma algo que queira fazer, e não simplesmente aceitar a primeira vaga que aparecer pelo desespero de precisar trabalhar.
No momento estou curtindo a vida em Berlim, explorando aos poucos a cidade e aprendendo o bendito alemão. Aos pouquinhos vou montando meu kit sobrevivência de Berlim, já tenho a bicicleta e as sacolas de compras reutilizáveis, que sempre levo comigo. E, aos poucos, vou começar a escrever sobre a cidade e sobre a vida na Alemanha com as outras meninas do BPM que moram por aqui.
Mas, claro, sempre que precisar estarei à disposição para falar sobre a Grécia e responder perguntas dos meus textos anteriores. Atenas foi um capítulo muito importante em minha vida, não sei se um dia voltaria a morar por lá (nunca sabemos), mas vou guardar sempre com carinho essa experiência de quatro anos e, claro, sempre que puder, voltarei para explorar mais esse país incrível.
1 Comment
Sucesso Claro!
Feliz em saber que finalmente mudasse 🙂
P.s: só falta atualizar sua descrição de autora hehe
Beijão