Assim como em várias das grandes cidades do mundo tais como Paris, Nova Iorque, Londres e até mesmo à vizinha asiática Xangai, Cingapura adotou o sistema de aluguel de bicicletas para a população. O objetivo do sistema, é incentivar ainda mais a população a diminuir o uso de carros e passar a utilizar transportes alternativos, já que Cingapura precisa manter o número de carros reduzido por conta do limitado espaço geográfico. O sistema, tem sido usado principalmente no trajeto entre o metrô e a residência das pessoas minimizando desta forma, o uso dos táxis e carros privados.
Mas como o título deste texto diz, não é um aluguel e sim um compartilhamento. Como tudo por aqui é ultra tecnológico e prático, o sistema de bicicletas não seria diferente.
A principal diferença entre esse sistema e os já conhecidos, é que o usuário não precisa ir até uma estação fixa de bicicletas para pegar a sua. As bicicletas, ficam espalhadas pela cidade, soltas em diversos pontos, sem estarem presas nas estações – é o sistema chamado dockless (sem estação). O modelo já é aplicado na China e como obteve boa aceitação, Cingapura seguiu o exemplo, como explica o artigo do The Guardian.
Para isso ser possível, as bicicletas são equipadas com sistema de energia solar responsável por alimentar todos os equipamentos da bicicleta como GPS, por exemplo, que permite o não uso das estações.
O uso do sistema é todo feito através de aplicativos pelo celular. As bicicletas, são mapeadas por GPS e possuem um QR code (gerador de código) que identifica cada uma delas. O usuário procura no mapa do aplicativo onde estão as bicicletas mais próximas a ele, faz uma reserva e vai em direção à ela. Ao achá-la, simplesmente escaneia com o celular o QR code e a tranca é desbloqueada automaticamente, e aí, é só sair pedalando. É o sistema que eles chamam de: Find, Scan and Cycle (Ache, Escaneia e Pedala).
Após usá-la, é só deixar onde quiser (lugares em que não atrapalhe o pedestre ou trânsito), não tendo a necessidade de retornar para uma estação ou voltar para onde alugou e assim sucessivamente com os próximos usuários, o que facilita e muito. Ou seja, é como se você tivesse realmente compartilhando a sua bicicleta com várias pessoas.
Para usar o sistema, é só baixar o aplicativo, criar uma conta, cadastrar o cartão de crédito ou débito e pagar 49 dólares de cingapurianos, como se fosse um calção. Esse dinheiro é devolvido quando a pessoa decidir não usar mais o sistema. Ou seja, para turistas que irão usar por determinado período é ótimo, pois terão o dinheiro de volta após deixarem Cingapura. Além desse pagamento inicial, é cobrado um valor por 30 minutos que varia entre 50 centavos e 1 dólar que vai sendo debitado do cartão cadastrado. Porém, a maioria está oferecendo corridas grátis aos finais de semana para incentivar ainda mais o uso.
Na China, o sistema funciona da mesma maneira e tem feito sucesso entre os jovens de 20 a 30 anos, pois está trazendo de volta, a cultura antiga através do uso dos aplicativos. Andar de bicicleta, fazia parte da cultura deles e caiu por terra nas grandes cidades nas décadas de 80 e 90 quando a liberdade econômica chegou e junto com ela, os carros e o status de ter um carro próprio. Hoje, estima-se que mais de 1 milhão de bicicletas deste sistema estejam rodando nas cidades chinesas.
Para que o sistema funcione, é primordial o bom uso e a educação na hora de usar as bicicletas. E isso, mesmo aqui, está sendo o único problema encontrado até agora pelas empresas provedoras do serviço, segundo artigo da Today Online. Alguns usuários não estão respeitando os locais para estacionar as bicicletas e causando problemas para os próximos usuários. Por enquanto, não há multas aplicadas pelo governo.
Para controlar isso e conseguir educar os usuários com o novo sistema, assim como tudo em Cingapura, as empresas tiveram que criar um jeito de punir quem usar errado ou recompensar bons usuários. No aplicativo, é possível denunciar problemas, defeitos e mau uso da bicicleta encontrada além é claro, quando há bom uso. Com isso, o usuário pode ir acumulando pontos por ajudar o sistema e conseguir recompensas, que incluem descontos em tarifas nas próximas utilizações.
Um fato que prejudica o uso das bicicletas, atualmente, é o fato de Cingapura ainda não ter ciclofaixa nas ruas presentes somente em parques e em algumas regiões para passeio, como a região da Marina e também o East Coast Park. No entanto, as regiões mais densas já possuem uma faixa separada para atravessar a rua e, todas as estações de metrô têm estacionamento específico para bicicletas.
Até 2030, o governo tem planos de construir diversas ciclovias ligando os condomínios às estações de metrô chegando a um total de 700 quilômetros de ciclovias. O plano é tornar Cingapura uma cidade “cycling-friendly” (amigável para o ciclismo). Por enquanto, ciclistas circulam junto com pedestres na calçada, na maioria dos lugares onde é permitido o uso de bicicleta. Também notei isso quando fui ao Japão, o convívio é muito pacífico e as regras de convivência são bem claras. Se tiver interesse, veja mais informações aqui.
Cingapura, atualmente está com 3 empresas que promovem esse serviço. Você pode baixar o aplicativo das 3 e escolher a que melhor te atende. As empresas são: Obikesg única empresa de Cingapura, a Mobike e a Ofo ambas da China, onde o sistema também já funciona há um tempo.