Curiosidades sobre Buenos Aires.
Chegar num país novo, numa cidade nova, requer planejamento e também coragem. Os motivos que nos levam a deixar nossas famílias são diversos. Às vezes queremos um futuro diferente, às vezes é a vida nos leva por esse caminho, mas uma coisa é certa: nunca é fácil.
Adaptar-se é um exercício diário de paciência, observação, aprendizado e perseverança. Primeiro a língua, depois a comida, em seguida os costumes e com o passar do tempo você começa até a entender e achar graça das piadas locais.
Após passar por esse “ritual” vi que gosto muito da fase de observação. É nela que vejo o quanto estou aprendendo coisas novas e como os processos do cotidiano podem ser bem diferentes dos que eu estava acostumada. E isso, com certeza, é muito enriquecedor.
E foi num desses momentos que pensei sobre as curiosidades de Buenos Aires (e talvez da Argentina) que trago hoje para vocês.
Mapa da Cidade
Buenos Aires é uma cidade até que bastante regular e planejada. Quase todos os bairros estão cortados por quadras de 100 m e as principais avenidas são paralelas e transversais entre si. O problema, pelo menos para mim, começa quando tenho que passar pelas avenidas que são diagonais. Simplesmente me desoriento de tal maneira que não consigo me achar mais. E olha que antes de sair de casa eu fico alguns minutos estudando o trajeto.
Nomes de ruas
Nada melhor do que a ajuda do Google Maps para entender uma cidade nova, não é mesmo? Onde fica o supermercado? E o consultório médico? A escola das crianças? Hoje fica tudo marcado com uma estrela dourada no meu “my maps” da cidade. Só que no começo não foi tão fácil assim. Percebi que as pessoas aqui costumam abreviar nomes e dizer, por exemplo, que tal lugar fica na Calle (rua) Uriburu. Só que, depois de me perder algumas vezes, aprendi que na verdade essa rua se chama Presidente José Evaristo Uriburu. Parece até uma coisa boba, mas não é, porque – para ajudar – quase todas as cidades argentinas têm os mesmos nomes de ruas e quando você procurar por uma rua abreviada na internet, o mapa te leva para qualquer outro lugar do país. Imagina só a confusão.
Aqui são duas as curiosidades.
A primeira, cada estação pode ou não te levar a ambos sentidos das linhas. Me explico: quando você se aproximar da entrada de qualquer estação de metrô veja – logo abaixo do seu nome – qual o destino final da linha. Porque se não for o correto, muito provavelmente você terá que atravessar a rua e descer pela outra entrada. Isso ocorre porque o sistema de metrô é antigo e não existem muitas conexões embaixo da terra. Exemplo: na linha B (que passa por baixo da Av Corrientes e Av Triunvirato, do centro até a outra extremidade da cidade), há apenas as estações antigas L N Alem, Florida e Carlos Pellegrini conectando ambos os lados. Significa que, por qualquer entrada que você desça, poderá tomar o trem certo.
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A segunda, como as linhas são retas (porque acompanham as principais avenidas que são paralelas e transversais entre si, lembra?), elas cortam quase sempre as mesmas avenidas. E como a criatividade passou longe na hora de nomear as estações, existem várias com o mesmo nome. Cuidado para não se confundir. As linhas D (que passa embaixo das Av Cordoba, Santa Fe e Cabildo) e B, têm estações chamadas Pueyrredón (que é nome de outra avenida) e também estações chamadas Callao (outra avenida). Entende o que digo?
Feriados
Com exceção do 25 de maio (Dia da Revolução) e do 9 de julho (Dia da Independência) os feriados e pontes turísticas mudam com uma frequência que eu diria ser quase histérica. Para que você não vá trabalhar e dê com a cara na porta – como já aconteceu comigo – recomendo fortemente ficar de olho no calendário de feriados emitido anualmente pelo ministério del interior.
Outros dias de celebração por aqui que não mudam: dia dos pais (terceiro domingo de junho), dia do amigo (20 de julho), dia das crianças (terceiro domingo de agosto) e dia das mães (terceiro domingo de outubro).
Pontos de ônibus
Existe um guia de linhas de ônibus chamado Guia T. Está à venda nas bancas de jornal e é muito útil para os que estão chegando por aqui. Eu até hoje tenho o meu. Só que eles te ajudam se tudo estiver bem. Se houver alguma construção justo na rua que seu ônibus passa, ele simplesmente muda o trajeto – e consequentemente os pontos – sem avisar. E você terá de descobrir sozinha por onde ele está passando e parando.
Assinatura de revista e jornal
No Brasil eu adorava assinar uma revista. Além de mais barato, era cômodo chegar em casa e recebê-la junto com a correspondência. Chegando em Buenos pensei: vou assinar também. E qual não foi a minha surpresa ao descobrir que além de ser mais caro eu teria que buscá-la numa determinada banca de jornal!? Cancelei minha assinatura no segundo mês e hoje compro em qualquer banca no caminho da casa ou do trabalho.
No Trânsito
É até engraçado, porque pela quantidade de motoristas ruins, o número de acidentes é quase inexistente. Digo isso porque qualquer pessoa de fora que já tenha dirigido uma vez na vida vai perceber como trânsito daqui é um pouco caótico. Tudo porque para tirar a “licencia de conducir” (carteira de habilitação) não é obrigatório fazer auto escola. Acreditam? É só um trâmite burocrático e um exame prático. Mais para frente venho explicar bem como fazer, ok?
Já os pedestres são mais doidos ainda, não respeitam sinal vermelho e muito menos faixa de cruzamento. Arriscam suas vidas a cada quadra… mas respeitam uma fila para entrar num “colectivo” (ônibus de linha) como niguém. E ai de você que tentar desrespeitá-la.
Bebedouros
Aqui se toma muito mate (no Brasil conhecido como chimarrão, o chá mate aqui na Argentina é chamado “mate cocido”). E em dias mais frios café solúvel e chá também. Por isso, o botão vermelho dos bebedouros é para água quente e o outro, azul, é para água a temperatura ambiente. Difícil encontrar um que seja água normal e água gelada como no Brasil.
Sushi
De uns tempos pra cá está ficando na moda comer sushi em Buenos Aires. Só que, como japonês do Japão eu ainda não vi em nenhum restaurante, os recheios são os mais inusitados possíveis (tem com carne e também com doce de leite). E como a maioria das pessoas não sabem usar o hashi (os talheres japoneses) quase todos os restaurantes são só para entrega. A teoria é que comer sushi em casa é não passar vergonha em público.
Hora do Almoço
No Brasil estamos acostumados a almoçar entre 11h30 e 13h30, não é mesmo? Pois por aqui as pessoas estão acostumadas a fazer de um tudo menos comer nesse horário. É aula na faculdade, horário no médico ou no dentista, reunião de trabalho e até eventos sociais. Acho muito estranho isso.
Alguma outra curiosidade de Buenos Aires que tenha te chamado a atenção?