Esse texto é sobre a minha mudança para a Hungria. Mudanças nunca são fáceis. Até para os mais entusiasmados em transformações constantes, recomeçar pode ser um desafio que demanda muita resiliência.
Imagine planejar uma mudança de país sem nunca ter pisado lá antes, dá um frio na barriga? MUITO! É complicado pensar em algo que você nunca viu anteriormente, surgem dúvidas complexas e até curiosidades simples como a máquina de lavar ficar no banheiro ou cozinha e não ter tanque.
Felizmente, descobri que o ser humano que busca a evolução logo se adapta com adversidades e um novo ambiente. Sabe aquele medo de não conseguir se comunicar? Logo é substituído por uma coragem de correr atrás dos seus sonhos que às vezes nem sabemos de onde vem.
Confesso que o que mais temia era o fato de ficar sozinha, estar sempre rodeada de amigos e família era a minha zona de conforto e sair de casa sem previsão de volta me deixava muito tensa, mas logo ocupei meu tempo da melhor forma possível e ficou tudo certo!
Bom, no meio de todas essas sensações de insegurança, dúvidas e o objetivo de buscar o novo e recomeçar em outro lugar, existe o planejamento.
Eu recomendo que ele seja minucioso e considere principalmente fatores como a idade, área de atuação, se tem filhos, estilo de vida, clima e condições financeiras.
Outro ponto a ser observado ao escolher o país de destino é o período que você pretende ficar: para quem busca experiências de longo prazo, saber os processos de renovação de visto podem ser úteis nessa tomada de decisão.
Use a internet ao seu favor, muitos países possuem grupos de brasileiros no exterior, diversos blogs contando como é a vida no destino dos seus sonhos e principalmente, entenda também que nenhum lugar é perfeito e cada experiência é única. Permita-se vivenciar todas as etapas dessa transformação.
Vou contar brevemente como cheguei aqui e os procedimentos necessários no meu caso (lembrando que quando o assunto é migração, cada caso é um caso, existem diversas classes de visto e muitas variáveis, ok?).
Conheci a AIESEC em 2012, quando meus melhores amigos abriram uma na minha cidade. É uma organização fundada em 1948 e presente em mais de 125 países proporcionando experiências de liderança, trabalho em equipe e intercâmbios. Tive alguns cargos de gestão e fiz um voluntariado em Camarões, em 2013, minha primeira experiência internacional sozinha, aos 18 anos.
Voltando para 2017, estava cursando Gestão de Recursos Humanos e buscando qualquer tipo de oportunidade, conhecer o mundo durante as férias já não era suficiente para mim, queria algo mais desafiador. Como a AIESEC também promove intercâmbios profissionais, encontrei um estágio na minha área e após a análise de currículo e muitas entrevistas, recebo a ligação dos sonhos: Aprovada!
O mais indicado é aplicar o visto do Brasil, como minha data de início aqui era muito próxima, cheguei na Europa como turista. A imigração foi na França e apenas carimbaram o meu passaporte, super tranquilo.
Chegando aqui, o primeiro passo foi buscar uma acomodação. Meus principais critérios eram a proximidade do trabalho e do transporte público. Apesar de existirem diversos sites, acabei encontrando nos grupos do Facebook mesmo.
É comum pagar um caução que varia de 1 a 3 aluguéis, no entanto, achei tudo bem mais simples que no Brasil. Conversei diretamente com a manager, ou administradora, do apartamento, minha finalidade aqui e quanto tempo ficaria. Após isso, efetuei os pagamentos e em 48 horas já tinha o contrato.
Abri minha conta no Budapest Bank, mas existem diversas opções e indico pesquisar as taxas e também qual agência tem uma pessoa que fale inglês, tenho certeza que você também quer entender cada centavo do que precisa pagar e quais serviços seu pacote oferece. Uma coisa que acho ótima aqui é o cartão ser por aproximação, na maioria dos lugares você pode simplesmente encostá-lo e sua compra é aprovada (sem inserir o cartão ou digitar senha). É bom ficar atento, pois caso ele seja extraviado, qualquer pessoa pode utilizá-lo com muita facilidade. Além disso, recebo SMS com o valor da compra, local e meu saldo atual gratuitamente na mesma hora. Leia mais sobre abrir conta no banco na Hungria, aqui.
Com o contrato do flat em mãos e seguro saúde por 1 ano, hora de juntar com o contrato de estágio, formulários devidamente preenchidos e os stamps (selos que custam 18.000 HUF – aproximadamente 60 euros) é hora de ir até a imigração solicitar o Resident Permit (Permissão de Residência).
É fundamental chegar bem cedo, pois a procura tem sido grande e isso pode ocupar uma manhã inteira. Após a entrega dos originais e cópias, você receberá uma folha e costuma aguardar até 45 dias. Com esse cartão em mãos, estará legal no país por 1 ano e pode viajar pela Europa sem preocupações.
Já tirei alguns outros vistos na vida e considerando a complexidade de morar aqui com uma permissão de trabalho, achei o processo super tranquilo e simplificado. Burocrático? Um pouco, com certeza. No entanto, qualquer esforço é recompensado ao avistar o Rio Danúbio e andar por ruas charmosas, cheias de beleza e com uma arquitetura riquíssima. Até quem não é tão fã de história começa a gostar e fica fascinado depois de chegar aqui.
3 Comments
És corajosa.Pois a lingua hungara e uma das mais dificeis do mundo.Mas gostas de cultura,e viajar e isso te move.Aprecio isso.
Olá Solon,
O idioma realmente é bem complicado, o texto desse mês foi dedicado a ele. Você pode conferir aqui: https://brasileiraspelomundo.com/nocoes-basicas-para-ajudar-com-o-idioma-hungaro-150867426
Muito obrigada pelas palavras, felizmente aqui em Budapeste o inglês resolve praticamente tudo, principalmente para quem vem a turismo.
Até mais!
May
Oi, Mayra! Você tem sugestões de qual seguro saúde contratar? Obrigada!