Quem vem para Madri tem a sorte de estar, literalmente, no centro da Espanha. Assim, o visitante pode planejar várias viagens do estilo bate-e-volta e aproveitar para conhecer cidades pequenas e cheias de história que estão a tão somente meia hora de Madri, em trem de alta velocidade, saindo das estações de Atocha ou de Chamartín.
A preferida de todos turistas – não sem razão – é Toledo, mas outra cidade que vale a pena passar o dia é Segóvia. A melhor opção é ir de trem de alta velocidade que sai da estação de Chamartín. A passagem custa 10,30 euros e o trajeto dura cerca de 27 minutos. Ao chegar ali, um ônibus da linha municipal leva o turista para a praça do Aqueduto em 15 minutos e o valor da passagem é de 1,03 euros.
A grande atração de Segóvia é o Aqueduto construído pelos romanos, provavelmente no século I. Mas a cidade também abriga um dos maiores conjuntos de igrejas do estilo românico da Europa, com 20 templos no total. Igualmente, em Segóvia, a rainha Isabel, a Católica, nossa conhecida dos livros de história, foi proclamada rainha de Castela. Para quem gosta de boa mesa, prove o cochinillo de Segóvia (leitãozinho) e se delicie com o porquinho preparado ao forno com batatas; mas faça isso somente no inverno e depois não diga que não avisei.
O ônibus deixa o visitante no cartão-postal da cidade. O Aqueduto foi construído con uns 25 mil blocos de granito unidos sem nenhum tipo de cimento, como era uso entre os romanos. Tem 818 metros de largura, 170 arcos e sua parte mais alta mede 29 metros, e ao centro, uma imagem de Nossa Senhora. Com tanta beleza e história, não é de se espantar que muitos turistas “esquecem” de visitar o resto da cidade.
Porém, há muito mais! A Catedral de Segóvia é um belo exemplo do que se chama “gótico castelhano tardio”, pois foi construída quando o estilo gótico já havia alcançado seu esplendor e outros estilos começavam a imperar. A construção demorou quase 200 anos para ser concluída e, assim, encontramos um pouco de várias escolas artísticas. É possível visitar o claustro e o pequeno museu também. Uma das curiosidades da catedral gira em torno do padroeiro da cidade, São Frutos. Na véspera do seu dia, 25 de outubro, a população vai para a porta onde há a imagem do santo para vê-lo virar a página do livro que ele carrega. Como as pessoas na Idade Média eram muito crédulas, não me estranha nada que muitos viam a folha se mover. Hoje em dia, um livro é colocado ali, e a página é virada por um mecanismo invisível. A entrada custa 3 euros.
Quem tem um museu pequeno, mas interessante, é o escritor Antonio Machado. Além da estátua na plaza Mayor, a casa onde Machado viveu foi transformada em um aconchegante museu onde se pode apreciar o mobiliário dos anos 20. O poeta é autor dos versos mais recitados pelos espanhóis e estrangeiros: “Caminante no hay caminho/ se hace camino al caminar.” O ingresso custa 2,50 euros.
Para terminar, sugiro um passeio pelo Alcázar – palavra que significa castelo ou fortaleza em árabe – e há muitos pela Espanha como o de Sevilha e o de Córdoba. O de Segóvia data do século XII e foi usado tanto pelos árabes quanto pelos reis cristãos que o reconstruíram ao seu gosto e segundo as modas. Esta mescla fica evidente nos tetos são ricamente decorados com palavras em árabe e desenhos geométricos com cores fortes; na sala dos reis, se encontram estátuas esculpidas dos vários reis da Espanha e de Castela. Na capela, o retábulo impressiona por sua riqueza de pinturas e coloridos. Ainda há uma linda exposição de armaduras medievais, armamentos, miniaturas e instrumentos da escola de química que funcionava ali. Também é possível subir na torre, mas confesso que ao saber que eram 158 degraus a serem enfrentados, rapidamente eu desisti. A entrada para o Alcázar custa 5 euros.
Para completar, passeie pela Judería, o antigo bairro dos judeus, e contemple as construções, as torres e observe as inscrições em hebraico escritas nas paredes e no chão. Outra opção é fazer compras nas lojinhas de lembranças. Em seguida, basta ir para a praça do Aqueduto, pegar o ônibus e depois o trem de volta a Madri.
Claro que tem muito mais coisa para se ver por ali, mas para um dia, a caminhada já está de bom tamanho. E você? Já esteve em Segóvia? Conte para gente nos comentários e compartilhe suas dicas com os leitores do BPM.
3 Comments
Obrigada por esse post! Eu estou louca para visitar Segovia, é bom saber de outros pontos turísticos além do Aqueduto (que por mim já valia a viagem rs). Beijo!
Olá Juliana! Já estive em Segóvia na opção bate e volta, utilizando carro alugado, e percebi que ficou faltando desfrutar mais desta linda cidade. Voltarei à Espanha, por Madri, em fevereiro de 2018, para uma viagem de 10 dias ao Marrocos. Desta vez, terei 6 dias em terras de Castela e Leão e pretendo pernoitar em 3 cidades fantásticas: Segóvia, Ávila e Toledo. O restante do tempo estarei em Madri. Eu e minha esposa adoramos conhecer a culinária local, acompanhada de um bom vinho. O que você sugere?
Olá Alberto,
A Juliana Bezerra parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas na Espanha.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM