A partir de me meados de dezembro, o clima no Uruguai já começa a dar praia. É época dos balneários mais famosos do país ficarem povoados por brasileiros e argentinos.
O destino principal desses turistas costuma ser Punta Del Leste, que oferece praias legais, lojas chiques, cassinos e muito glamour. Entretanto, acho uma pena que depois de chegar até aqui as pessoas se restrinjam só a Punta, pois existem várias outras praias interessantes, inclusive lá perto, como Piriápolis, que merecerá um texto no futuro. Mas, hoje eu quero mesmo é falar sobre Atlântida!
Atlântida é uma cidade vizinha a Parque Del Plata, balneário fora do clichê que falei no post passado, aqui. Está somente a 45 km de distância da capital do país. Para ir de ônibus, partindo de Montevidéu, existem três linhas de empresas diferentes: o C3 e C4 da empresa Cutcsa, o 222 da Raincop, e o 710 da empresa Copsa. O tempo de viagem costuma ser uma hora e pouco, com valores ao redor de 15 reais.
Ao chegar a Atlântida, já nos deparamos com um lugar bastante cuidado, com muitos canteiros floridos nas avenidas, comércio amplo e gente jovem circulando. A infraestrutura da cidade é bem turística; no centro, há um bulevar (pergunte por “peatonal”) repleto de restaurantes e lojinhas de souvenirs, os preços são muito mais convidativos que os praticados em outras praias do país.
A duas quadras de distância da “peatonal”, tem uma feirinha de artesanatos, que começa a funcionar a partir de dezembro nos fins de tarde. Para quem está com crianças, há um parquinho de diversões ao lado.
Atlântida guarda histórias muito envolventes. Uma delas é sobre o caso de amor que o poeta Pablo Neruda vivia em segredo com Matilde Urrutia. A história conta que se refugiavam numa casa em frente à Playa Brava. Do outro lado da rua, em frente à casa, há um pequeno monumento com um poema de Pablo Neruda, fazendo referência a Atlântida. Como era segredo, ele se referia à cidade e ao refúgio usando um anagrama com as letras da palavra Atlântida sem a letra n. Até hoje, a casa carrega o nome “Datitla”!
Outra história cheia de mistério é a lenda por trás da construção de um mirante em forma de águia, “El Águila” ou “La Quimera”. É uma construção feita de pedras que simulam as penas da ave e janelas que simulam os olhos. É possível entrar na primeira parte da construção e olhar o mar estando dentro do bicho! A vista neste local é fantástica, além de muito inusitada.
Por apresentar essa ampla vista do mar à sua frente, circulam diversas versões sobre a verdadeira finalidade desta construção. A encontrada na placa em frente ao monumento diz que foi um presente de um homem rico a sua esposa e seria usado como capela. Mas já presenciei moradores contando histórias muito diferentes desta, alguns dizem que foi um laboratório alquimista, outros, que foi esconderijo de contrabandistas, e muitos dizem que era um refúgio nazista.
Pelo lado de fora, é possível o acesso a qualquer hora, mas para entrar dento da Águia o horário de funcionamento é das 9 h às 18 h. Esta é uma das poucas atrações bem sinalizadas da cidade, há placas indicando a direção para quem vem da estrada e também para quem já está dentro da cidade, fica no quilômetro 43 da Ruta Interbalneária.
Voltando para a avenida da Praia, chamada de “Rambla” – a mesma onde passamos para ver a casa de Pablo Neruda -, fazendo esquina com a rua 22, encontramos um edifício super emblemático da cidade, batizado de “El Planeta”. Não será necessário procurar muito, ele é gigante e com certeza chamará sua atenção de longe. Sua estrutura tem forma de navio! Foi construído, a princípio, para ser um hotel e pertenceu a Natalio Michellizzi, a mesma pessoa que mandou construir a Águia. Hoje é um edifício residencial, quem quiser pode alugar um de seus apartamentos para veranear num fim de semana. Em 2005, foi declarado Monumento Histórico Nacional.
Depois de passar o dia conhecendo esses pitorescos lugares, nada mais perfeito que terminar o checklist vendo o pôr do sol nessa última parada: praça com monumento em homenagem a Carlos Paes Vilaró, artista uruguaio conhecido por suas obras com temas envolvendo o sol e por sua casa/hotel Casa Pueblo, perto de Punta Del Leste.
Não será necessário caminhar muito, é praticamente em frente ao edifício Planeta!
A escultura de ferro tem formato de Sol e, durante o crepúsculo, permite um efeito mágico dos raios solares atravessando suas fendas. É imperdível para quem está em Atlântida assistir ao pôr do sol neste lugar. E para tornar tudo ainda mais gostoso, sempre tem um carrinho de churros na esquina!
Em Atlântida tudo fica pertinho, por isso a maioria dos passeios se faz tranquilamente a pé ou de bicicleta. Não tenha medo de sair do roteiro famoso Montevidéu-Punta Del Leste-Colônia, apesar de estes serem imperdíveis, há muito mais beleza para conhecer no país!
2 Comments
Cara Vanessa, essa semana fiquei pensando muito em viver em outro país, as coisas aqui não estão nada boas e a cada dia que passa quero me despojar, enfim, temos algumas coisas em comum: amo o Uruguai, pois estive aí em 2008, já faz tempo, gosto de psicologia e amei seu blog, parabéns, além de prestar um excelente trabalho de encantamento e realidade em relação a um país tão vizinho, você dá a real, nos ajuda a pensar numa possibilidade de viver em algum lugar que parece situar-se como uma país de primeiro mundo muito próximo. Ameis suas postagens, sou homem, então as mais objetivas como a da saúde e do custo de vida no Uruguai são as minhas prediletas. Mas as praias menos badaladas também. Muito obrigado pela generosidade. Parabéns. Joel Rosa.
Oi Joel, estou rindo com o “sou homem…as postagens mais objetivas são minhas prediletas”! De fato nem sempre o que tenho para dizer se trata só da parte prática e necessária do cotidiano. Mas esse é um dos ganhos de ter vindo morar aqui, o ritmo uruguaio me permite gastar tempo pensando no comportamento e no mundo interno muitas vezes. Para te deixar feliz aviso que os próximos dois textos serão totalmente de ordem prática! Um grande abraço.