10 dicas para entrevista de emprego na Nova Zelândia.
Rumo à imersão na cultura desse distante país, esse mês quero falar sobre um importante assunto para os que imigram para a Nova Zelândia e que pretendem se inserir no mercado de trabalho: a entrevista de emprego. Com raras exceções, essa é uma das certezas que temos nessa jornada migratória: passaremos por entrevistas de emprego e elas serão decisivas na nossa vida profissional e também no nosso futuro no país. Para os imigrantes, o momento da entrevista pode significar mais do que ser ou não aprovado para uma vaga, pode ser a conquista de um visto de trabalho e futuramente a possibilidade da residência no país, o que torna esse momento ainda mais decisivo.
As particularidades desse processo chamaram minha atenção, como participante de seleções de emprego na Nova Zelândia e por ter tido experiências como psicóloga em avaliações e entrevistas, no Brasil. Apesar de não ser minha principal área de atuação profissional, divido aqui meus recentes aprendizados, ressaltando que o texto é embasado não somente em conhecimento técnico, há também experiência pessoal, portanto, todo estudo e preparo é fundamental. Não serão abordadas questões relacionadas ao processo de imigração e sim um resumo de técnicas de entrevista específicas para a realidade na Nova Zelândia. Para informações sobre imigração consulte o website oficial do governo (aqui).
Como começar?
Você vai precisar de um resumo de suas experiências, o currículo (em inglês: resume), o ideal é que também forneça uma carta de intenção (em inglês: cover letter). Existe um website muito popular por aqui, com dicas bacanas sobre a organização do seu currículo e a melhor forma de redigir sua carta de intenção, o Seek.
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Tenha em mente que o tripé EXPERIÊNCIA X QUALIFICAÇÕES X HABILIDADES será decisivo e quanto melhor preparado você estiver para demonstrar todos esses aspectos, melhor e mais rápida será sua colocação no mercado de trabalho.
Aqui vão 10 dicas para você se inspirar e se preparar para entrevistas de emprego na Nova Zelândia:
- O primeiro contato com o entrevistador:
O primeiro impacto é crucial para uma boa impressão e para obter um clima agradável com contato aberto e amigável. O encontro geralmente começa com conversas curtas e impessoais, são os famosos “quebra-gelo”. É importante encontrar um equilíbrio entre a formalidade e informalidade. Responda de forma educada e simpática e devolva a pergunta (por exemplo, se for questionado “como você está?”), sem excessos ou comentários muito pessoais.
2. Como fazer uma autodescrição, “falar sobre si mesmo”:
Diferente do estilo brasileiro, que busca o mapeamento da personalidade e perfil aprofundado dos candidatos (geralmente o candidato é estimulado a demonstrar características pessoais e emocionais), na Nova Zelândia essa pergunta está relacionada ao seu histórico profissional e qualificações. Nesse caso é extremamente importante um resumo curto e objetivo da sua história profissional, no qual fique claro a sua “linha do tempo” e que demonstre seu crescimento. O ideal é que esse resumo seja feito em menos de 2 minutos.
3. Qual o motivo de ter escolhido esse local para trabalhar? Conhecimento específico sobre a vaga:
Essas perguntas são muito comuns na Nova Zelândia e de muita relevância para a avaliação. Nesse momento há a oportunidade do candidato diferenciar-se daqueles que estão à procura de “qualquer” emprego e local de trabalho e àqueles que reconhecem na empresa características que sejam de identificação pessoal, mostrando quem você é e o que lhe atraiu na vaga. Se você for questionado e tiver feito o tema de casa, relacionando suas habilidades, experiências e aspirações de forma coerente com as características específicas da posição almejada e da empresa, certamente pontos serão ganhos.
4. Como descrever seu “ponto forte”:
Essa é uma pergunta muito comum em entrevistas de emprego na Nova Zelândia. Não existe uma receita pronta para responder uma questão como essa, mas lembre-se que em qualquer lugar do mundo, o entrevistador é um profissional treinado para identificar no comportamento humano atributos que se encaixem nas necessidades da empresa. Reflita previamente sobre suas principais habilidades, quais delas você daria destaque e esteja preparado para dar exemplos reais.
5. Como descrever seu “ponto fraco”:
Como mencionado anteriormente, o avaliador em geral possui “feeling” e experiência que permitirão identificar um candidato realmente conectado com suas experiências, com seus erros e acertos, mas que conseguiu encontrar um sentido realista e otimista para sua trajetória. Também o contrário é bastante provável de acontecer, um bom profissional de Recursos Humanos será capaz de identificar no candidato as “lacunas” não preenchidas das lições não aprendidas, falta de autoconhecimento sobre suas habilidades e limitações. A principal dica aqui é a sinceridade e autenticidade mostrando como tem buscado formas de melhorar.
6. Como descrever situações estressantes/ desafiadoras/ mudanças difíceis:
Essas são perguntas muito presentes e de grande importância para o avaliador aqui na Nova Zelândia, pois o foco é comportamental e nas experiências dos candidatos. Os avaliadores experientes poderão identificar incoerências nos relatos dos entrevistados, dessa forma a melhor dica continua sendo sinceridade e autenticidade. Não estamos livres das experiências estressantes e desagradáveis, elas fazem parte do nosso desenvolvimento humano e profissional, por isso, mostrar-se franco acerca de um importante e difícil aprendizado demonstra firmeza de caráter, maturidade e franqueza. Exemplos significativos, com detalhes importantes sobre manejo de situações difíceis podem ser seu passaporte para o novo emprego.
7. Como descrever suas metas para o futuro:
Pergunta bastante comum e que pode acrescentar pontos, pois é uma boa oportunidade de mostrar seu senso de realidade, otimismo e ambição. É importante uma reflexão prévia sobre esse assunto para que não haja respostas impulsivas que transmitam uma visão fantasiosa e não-realista.
8. No término da entrevista o avaliador poderá reservar um tempo para suas dúvidas:
Essa é uma excelente oportunidade de questionar sobre possibilidades de crescimento na empresa, benefícios e questões de imigração (vistos). Se o cargo almejado for de liderança, pode ser abordado sobre a equipe que será liderada e o “clima institucional”. Essas perguntas não são ofensivas, pelo contrário, demonstram seu interesse e conhecimento.
9. A importância do “feedback” (obter um retorno):
O “feedback” pode ser uma ferramenta valiosíssima de crescimento pessoal e profissional, estando em um país com cultura e realidade corporativa tão distintas do nosso país de origem, é ainda mais significativo. Pessoalmente, encontrei importantes dicas no próprio momento da entrevista já que muitos entrevistadores são empáticos e possibilitam esse diálogo, geralmente no término do encontro. Você pode gentilmente informar que a opinião do avaliador seria muito útil para o seu futuro, dessa forma poderá receber dicas sobre seu currículo e carreira.
10. A importância da identidade e autenticidade:
Você será entrevistado em uma língua “não nativa”? Esteja certo de que esse profissional está aberto para encontrar os atributos necessários em um candidato estrangeiro e possivelmente não é a primeira e não será a última vez, por isso você foi chamado. Independente disso, sabemos que esse momento é um grande desafio! Precisamos nos adequar a cultura e ao mercado de trabalho, sem perder nossa identidade e referências construídas anteriormente. Precisamos dominar outro idioma e dar sentido à nossa bagagem profissional com um “background” que seja atrativo para o mercado de trabalho local. Enfim, apesar de desafiador, uma vez que esse caminho se torne mais familiar, é possível transformar essas dificuldades em aspectos de destaque pessoal.