Minhas impressões sobre estudar inglês em Toronto.
Meu primeiro curso de inglês, fiz por volta do ano de 2000 na escola Wizard. Gostava bastante e fiz uns 3 módulos. Não dei continuidade na época, pois estava caro pra mim e também, na época, achava que o inglês não seria tão importante na minha vida e não tinha prioridade naquele momento. Achava que era um idioma de gente “fresca”, com pronúncias difíceis e realmente não me via falando inglês num futuro próximo.
Os anos se passaram e vim parar em Toronto. Uns meses antes de chegar aqui, pensei em recomeçar a estudar no Brasil, pois havia muito tempo que não estudava inglês e não queria chegar tão crua aqui.
Então, meu marido me disse: “Grasi, não vamos gastar dinheiro estudando aqui, você em breve estará estudando no Canadá e sem custo como residente permanente.” E assim foi!
O governo canadense oferece cursos de inglês e francês para os residentes permanentes e refugiados. Há cursos ministrados pelos programas LINC (Language Instruction for Newcomers to Canada) e ESL (English as Second Language).
Cheguei aqui em dezembro de 2014 e, após 1 mês de férias, fui até um YMCA para fazer a tal prova de nivelamento. O YMCA (assessment centre) classifica os alunos do nível 1 a 10 no CLB (Canadian Language Benchmarks), mas geralmente as escolas que ministram o programa LINC vão até o nível 8.
Bem, fiz a prova escrita, que tinha textos e questões de múltipla escolha. Na sequência passei por uma entrevista, onde a entrevistadora falava bem calma comigo, mas mesmo assim foi difícil minha comunicação com ela e meu marido precisou ajudar. Fui classificada como nível 2 e meu marido pediu dicas de escolas para verificarmos qual escolher. Tendo meu endereço como referência, vimos algumas escolas que tinham vagas. Nos passaram 2 opções. Meu marido perguntou a opinião dela sobre qual poderia ser melhor, ela foi imparcial e acredito que tenha que ser assim mesmo. Saímos de lá com os 2 endereços de escolas e minha documentação para fazer a matrícula. Fomos até a The Learning Enrichment Foundation (LEF), que fica muito perto de casa. Chegamos lá, tivemos uma visita guiada por uma funcionária da escola, gostamos e demos sequência efetuando minha matrícula.
A LEF foi fundada em 1978 e desde então vem servindo a comunidade da região como um centro comunitário. Lá na escola podem estudar residentes permanentes nas classes de inglês e a escola segue o programa LINC, que já tem um planejamento pré estabelecido pelo governo federal, seguido por todas as escolas, no mesmo padrão de ensino e formas de avaliação do aprendizado. As turmas de inglês vão até o nível 7. Além das classes de inglês, há também daycare (creche) para as mães que lá estudam, cursos profissionalizantes, apoio às famílias e aos novos imigrantes, workshops e também ajuda na procura de emprego.
Comecei a estudar na instituição na última semana de janeiro de 2015, mas o curso já tinha iniciado em dezembro de 2014. Nessa turma, tive uma professora que é do Irã e apresentava um inglês excelente. Nos meus primeiros 3 dias, não entendia nada e os dias foram passando e fui entendendo o que a professora falava. Me perguntava bem no início: “como é possível eu aprender inglês sem saber inglês? “, com a professora falando tudo em inglês. Pode parecer bobagem, afinal estou num país de língua inglesa, lógico, mas naquele momento era assim que eu pensava. Como vou conseguir começar a entender a professora? Até a minha sobrinha um dia comentou com a minha irmã: como a tia Grasi vai aprender inglês, sendo que ela não entende quase nada?
Posso afirmar que SIM, é possível! Passei do nível 2, mesmo começando tarde na classe. Minha leitura desde o início já se destacava dentro das 4 habilidades: escrita, leitura, fala e compreensão auditiva. Seguindo pro nível 3, tive uma excelente professora de origem portuguesa que mora por aqui há uns 40 anos. Esse nível teve grande importância pra mim; foi onde pude constatar uma significante melhora, me sentindo mais solta em sala de aula e já conseguindo começar a me comunicar um pouco mais. A professora fez um ótimo trabalho e sempre vou ter um carinho em especial por ela, que se chama Margarida e é uma excelente pessoa e uma grande profissional. Ela exige bastante do aluno e tive ótimos resultados, desenvolvendo minha escrita. Também apresentava um ótimo inglês para os meus ouvidos, podia entendê-la bem.
No nível 4, tive uma professora canadense, “Canadian” da gema. Foi muito bom poder conviver nessa classe ouvindo o inglês com sotaque canadense. Entendia quase tudo que ela falava, com exceções: quando ela falava um pouco mais rápido e usando os “phrasal verbs” (verbos frasais ou compostos). Ai, ai… Odeio essas expressões, que nada mais são que gírias e expressões locais, por exemplo: give up (desistir), get up (levantar), look into (investigar).
Não tem como entender o significado dessas combinações traduzindo cada palavra isoladamente. É preciso saber o significado e o uso do conjunto. São combinações de palavras formadas por um verbo e uma preposição ou ainda um verbo e um advérbio. Perceberam agora como é difícil? Ufa, passei para o nível 5 e agora minha professora é do Cazaquistão. No início, achava que teria muita dificuldade para entendê-la, mas para minha surpresa está sendo muito melhor do que eu esperava. Cada nível de inglês lá pode ser considerado um termo também e é apresentando, em média, em 12 semanas (um trimestre).
Está sendo incrível esta oportunidade de aprender inglês com professores tão qualificados e conviver com alunos do mundo inteiro. Muitas vezes fico refletindo e avaliando meu aprendizado até aqui e confesso que me cobro muito, me questiono: tem pessoas que entendo perfeitamente e outras é tão mais difícil!
Em sala de aula também me encontro em situações em que não entendo alguns colegas perfeitamente. Aprender inglês aqui é desafiador pra mim, pois há pessoas do mundo inteiro e cada um tem consigo seu sotaque. Muitas vezes acho que já poderia estar melhor na fala e na compreensão auditiva em um ano de Canadá. Ainda sou muito “casa e escola” durante a semana. Trabalho em casa, “home office”, com intercâmbio, em contato direto com brasileiros. Às vezes, acho que só a escola não está sendo suficiente para minha fala e audição em inglês, porém acredito que cada um tem seu tempo e não devemos atropelar a ordem das coisas. Tento praticar em casa, com alguns meios pra estudar e estar sempre melhorando. Estou vendo a possibilidade de fazer um voluntariado para dar uma acelerada no aprendizado. Portanto, esse processo não é fácil, nem rápido, mas quando olho para trás vejo o quanto eu já melhorei, e isso me torna mais positiva e confiante nesse constante aprendizado.
6 Comments
Olá,
O Canada é realmente um país excelente para se viver e oferece aos imigrantentes muitas opções para uma melhor adaptação. E nada melhor do que estar sempre melhorando no idioma local para que essa adaptação seja cada vez maior.
A Grasiela tem feito a parte dela muito melhor do que eu imaginava, pois raramente falta à uma aula, vai super bem nos testes e ainda fez amizade com pessoas de pelo menos 8 países diferentes.
Quando vamos viver em outro país, temos que ter uma mente mais aberta, aceitar mais as diferenças e nos prepararmos da melhor maneira possível para nos comunicarmos cada vez melhor.
O Canada faz a parte dele e a Grasiela usa da melhor maneira o que o nosso novo país nos oferece.
Roberto
Oi Grasiela, tudo bem?
Li o seu blog pela primeira vez hoje e gostaria de te agradecer por este post, eu precisava muito desta informação.. Eu já moro no Canadá, faz 3 anos em Québec e como vc sabe falamos francês aqui. Estamos pensando seriamente em mudar para Toronto ainda este ano, e gostaria de saber se quando vc estuda inglês como residente permanente aí em Toronto, além de ser gratuito , se vc recebe alguma bolsa auxílio?
Te pergunto isto, porque aqui em QC é assim,
Desde já te agradeço.
Oi Val!
Onde encontro informações sobre programas de inglês gratuito para estrangeiros em Montreal?
Olá boa tarde! Tudo bem ?
Me chamo Mariana tenho 23 anos e moro no Brasil, desde pequena sempre quis morar fora, aprender inglês, conhecer pessoas novas, novas culturas… atualmente estou trabalhando e não tenho condições de largar meu emprego para viajar e passar alguns meses estudando no Canadá, gostaria de conversar mais com você, trocar idéias, saber mais sobre suas experiências etc. Você tem skype ?
Ola Grasiela, achei muito interessante a sua historia, se puder me responda quero colocar minhas filhas em uma escola no Canada como seria esse procedimento, vc pode me dar umas dicas, obgd…
Isaias…
Olá Fabiana,
A Grasiela Martins Vicentini parou de colaborar conosco, mas temos outras colunistas no Canadá que talvez possam te ajudar.
Você pode entrar em contato com elas deixando um comentário em um dos textos publicados mais recentemente no site.
Obrigada,
Edição BPM