Comidas típicas nas Filipinas: o sim, o nunca e o talvez.
Assim como viajar, acho que comer é uma experiência única, no qual meu paladar é apresentado a novas sensações. Ainda que não me defina como uma aventureira gastronômica porque há coisas no mundo que não tenho coragem de provar (como os escorpiões chineses ou o balut), carrego comigo as lembranças gastronômicas que trago pelos meus passeios pelo mundo afora.
Já dei uma pincelada sobre como é a comida nas Filipinas e os costumes à mesa, como compartilhar pratos e comer com garfo e colher. Caso a dúvida ainda exista como funciona essa técnica, aconselho acessarem o link do YouTube para ver. E sim, ainda pareço uma pata comendo com duas mãos esquerdas…
No meu quinto ano na Ilha de Lost, já provei muita coisa deliciosa que encontrei por aqui, assim como já tive meus arrependimentos gastronômicos a ponto de dizer “nunca mais”.
Uma das curiosidades das Filipinas é que, por se tratar de um arquipélago, cada região tem sua comida típica: a buko pie (torta de coco) é tradicional da região de Batangas, ainda que seja servida no país inteiro, o tempero bicolano (da região de Bicol) trás uma mistura de pimenta e leite de coco e Vigan é conhecida por sua longganisa (linguiça) cheia de alho, por exemplo. E isso acontece no país inteiro.
Recomendo muito que se prove o adobo filipino. Considerado o prato nacional, ele é feito com frango, porco ou uma mistura dos dois no qual a carne é marinada em uma mistura de shoyu, vinagre, alho e folhas de louro por horas e depois cozido. É um prato cujo de fácil preparo, servido (sempre) com arroz branco e é delicioso. A origem da palavra vem do verbo espanhol adobar que significa marinar.
Se o seu paladar apreciar comidas apimentadas, também recomendo o Bicol Express. Feito com carne de porco cozida no leite de coco e chilli, quando bem preparado, é um prato bem saboroso pela incrível combinação de sabores. Em Manila, o restaurante Kanin Club prepara o Sigarilyas Express, que é a versão do Bicol Express com uma espécie de vagem que amo, ainda mais quando acompanhado do arroz com aligue, que é arroz frito na gordura do caranguejo e, apesar da sua quantidade calórica, é imperdível.
Sinigang é a outra grande sugestão de prato filipino. Caracterizada pelo seu sabor ácido, a base dessa sopa é o tamarindo. Isso mesmo, a fruta cuja lembrança do sabor fazem as glândulas salivares trabalharem overtime é usada como base dessa sopa que pode ser feita com quaisquer tipos de carne (vaca, frango, porco ou frutos do mar) ou mesmo provada em sua versão vegetariana.
Para os fãs de doces, o halo-halo deve ser provado. Comi quando participei do Mundo Segundo os Brasileiros, mas, particularmente, não sou fã. Já comentei que ele representa o povo filipino pela sua mistura maluca de ingredientes que leva desde sorvete de inhame roxo à feijão e grão de bico enlatados, passando por nata de coco e até leche flan (pudim de leite) sobre uma camada de gelo, coberto por evaporated milk (não sei se temos isso no Brasil). Tudo é então misturado e se come em colheradas.
Uma das coisas que está na minha lista de “talvez” são uns espetinhos chamados isaw. Comida de rua filipina, esse espetinho é feito do intestino da galinha ou do porco e sua aparência é bem estranha. Quem o provou diz que é uma delícia e embora já tenha provado o churrasco filipino tradicional à base de galinha ou barriga do porco (a parte usada para fazer o bacon), conhecido localmente como liempo, o isaw sempre fica para outro dia…
Um prato que acabei provando porque estava em um buffet livre com uns colegas filipinos é o champorado. Este é uma sobremesa filipina composta por arroz doce com chocolate (que não é ruim) e peixe seco. Após uma pausa para o choque, afirmo que ela é tão estranha quando soa ser. Provei essa combinação maluca, deixei o peixe de lado e comi só o arroz… E nunca mais champorado!
Outra coisa que evito comer sempre é a tal longganisa filipina. Diferente da longganisa de Vigan, cujo sabor é de alho, a longganisa tradicional é doce e um desapontamento completo. Imaginem: depois de anos sem comer a calabresa, você se depara com uma linguiça e na primeira mordida percebe que ela é doce. Sem comentários!
Como já mencionei antes, jamais provei o balut. Para os valentes e fortes de estômago, talvez esse seja o mais infame de toda a culinária do sudeste asiático: reza a lenda que ele fez parte de algum episódio de Survivors, no qual os competidores tem que comer pratos nojentos ou bem incomuns. E vamos combinar que o balut se encaixa perfeitamente nesse tipo de competição: ele é o ovo do pato fertilizado cozido. E quando digo fertilizado, quero dizer que dentro da casca se encontra sim o feto de um pato não desenvolvido, muitas vezes com penugem e estrutura óssea. Nada agradável e passo diretamente. Quem sabe em outra vida?
Para os fãs de fruta, a dica é provar a manga filipina. De casca amarela, ela é menor que a brasileira, mas muito mais doce e com menos fibras. Além de comê-la pura, é muito comum se encontrar o shake da fruta (a fruta batida com gelo e uma espécie de xarope) ou até mesmo ela seca. Vale a pena provar também o shake de manga verde, que é menos doce e bastante mais refrescante que aquele feito com a manga madura.
O durian, no entanto, outro dos infames sabores do sudeste asiático, é uma fruta que não tive coragem de provar. Já provei seu doce e, embora o livro 1001 Comidas Para Provar Antes de Morrer a descreva como uma fruta que cheira como o inferno e tem o gosto do céu, o doce era bastante ruim. Ela é tão fedida que em muitos países há placas de que é seu consumo é proibido em determinadas áreas públicas. Em Singapura, o anfiteatro que fica na baía tem o seu formato.
2 Comments
Balut, parece bem ruim.
Sim, Dani! É nojento! Eu não tive coragem de comer… Em Boracay, vi a uma menina provando e quase vomitei! Haha!