Cultura brasileira na Noruega.
Uma coisa que muitos brasileiros certamente sentem falta quando decidem ir morar fora do Brasil é a nossa amada tradição de festas juninas. Não posso falar por todos, mas as minhas foram sempre tão divertidas! E as comidas? Deixam saudades… Muitas vezes, escolher morar fora é saber que isso tudo e muitas outras coisas que você aprecia da sua cultura, da sua história e das boas experiências que viveu no seu país de origem ficarão para trás… Ou não!
O mundo está se misturando. A cultura brasileira tem, de certa forma, penetrado em outras culturas ao redor do mundo através de brasileiros que se estabelecem em outros países. Algumas tradições como o carnaval e o samba, a capoeira e até mesmo a festa junina são bons exemplos disso.
Oslo, capital da Noruega, tem hoje 28,4% de estrangeiros em sua sociedade. Os maiores grupos de estrangeiros vivendo aqui vêm nessa ordem: Suécia, Polônia, Paquistão, Somália, Alemanha, Iraque e Dinamarca. Mas a comunidade brasileira, apesar de sequer entrar nas estatísticas, tem crescido muito ultimamente.
Embora o Brasil seja um país distante fisicamente e a Noruega, uma nação pouco conhecida pelos brasileiros de modo geral, é possível sentir a cada ano o quão crescentes são as relações entre esses dois países. Os governos da Noruega e Brasil traçaram juntos uma estratégia de colaboração em diversos setores, incluindo educação e pesquisa. Leia mais aqui: Estratégia Brasil x Noruega (em inglês).
Além disso, hoje existem mais de 120 empresas norueguesas operando no Brasil. Muitos brasileiros têm vindo viver aqui, assim como muitos noruegueses vivem no Brasil. Com essas pessoas que vêm e vão, abre-se a porta de entrada para o ingresso de uma nova cultura, de novos costumes, de novos idiomas. E assim essas duas culturas pouco a pouco se misturam, de uma forma ou de outra. Nós somos pequenos grãos dessa mistura.
Em cada um de nós que decidimos sair de casa se aloca a responsabilidade de falar/ensinar nosso idioma, de cultivar nossa cultura e preservar nossos costumes e, especialmente, passar isso para nossas novas gerações. Vivenciar e ensinar o português, a cultura e as tradições do Brasil para nossos filhos e para o mundo onde nos inserimos é tão importante quanto conhecer e se adequar à cultura de onde vivemos.
Aqui em Oslo tem Escola de Samba, tem escolas de capoeira, tem festas de forró, tem vários bons músicos brasileiros cantando nossas músicas e também tem festa junina.
Outro lado bacana de viver tradições brasileiras fora de casa é essa sensação gostosa de dividir alguma coisa nossa com a sociedade local. Essa foto por exemplo é de um norueguês presente em uma festa junina em que eu estive. Nessa ocasião, além da emoção por conta do reencontro com música de São João, bandeirolas e com o quentão que não se bebe sempre, eu tive esse gostinho bom de vivenciar o famoso “encontro cultural” e me divertir dançando quadrilha com os gringos.
Infelizmente eu ainda não tive a oportunidade de levar minhas filhas (tenho duas filhinhas, de quase 4 anos e quase 1 ano, nascidas em Oslo) a uma festa junina aqui na Noruega, mas tenho certeza que isso vai acontecer em breve! Com o crescimento da comunidade brasileira em Oslo, essa começa a se formalizar, se fortalecer e se organizar. É um prazer estar inserida de formas diferentes na estruturação dessa comunidade.
Apesar de ainda não terem ido a uma festa junina, na semana passada por exemplo elas foram convidadas para uma festinha de aniversário brasileira. As crianças presentes eram norueguesas/brasileiras e permaneceram sentadas em volta da mesa (seguindo a cultura norueguesa), mas os “parabéns” foram cantados por todos em português. Mais uma vez, um encontro cultural.
O ato de um ser se integrar a uma nova cultura, agregando-a na sua sua própria, cria momentos de encontros culturais a todo momento. Já não me espanta mais dançar musicas do “É o Tchan” durante as aulas de zumba na academia em Oslo ou encontrar pacotes de pão de queijo e guaraná nos mercadinhos de importados da Noruega. O Brasil está cada vez mais presente em terras nórdicas e isso me alegra imensamente.
Por agora é isso, preciso ir pois deixei minha canjica no fogo.
Anarriê!
5 Comments
Pelo andar da carruagem, parece que o mundo inteiro se tornará subdesenvolvido.
será que a tendência não seria o oposto? Um pouco pessimista seu ponto de vista.
Eh… parece que o estigma de vira lata ainda permanece no nosso companheiro acima… Ainda da tempo de se perceber de outra forma, fio! Uma coisa eu aprendi viajando para outros lugares eh valorizar quem somos como brasileiros independendente so da perspectiva economica.
Boa sorte na jornada.
Que bacana! adorei o post, e fico muito feliz ao saber que a nossa cultura, super rica e diversificada, está sendo bem vinda em outros países!
obrigada, Raquel! Eu concordo com você. 🙂