Os últimos dias antes da nossa vinda para Midland (Michigan) foram o que eu costumo denominar de “dias difíceis”. São tantas coisas para dar um fim, que nós nos desconectamos do mundo, como se estivéssemos numa batalha atrás da outra, querendo levantar a bandeira branca a todo o momento e pedir redenção.
Aeroporto
Chegamos ao aeroporto com aquela avalanche de malas, expectativas e de repente a chavinha vira. O que antes era fim, passa agora a ser começo. Foi assim que aconteceu comigo.
Ao pisarmos em território norte americano, realizadas todas as burocracias de quem se muda para acompanhar o marido a trabalho, com um filho de 7 meses e uma cachorra Boston Terrier de 2 anos, me senti inserida em uma nova vida.
E agora, por onde começar?
Midland fica a 5 horas de Chicago e 2 horas de Detroit. Embora tenha também um aeroporto que atenda à nossa pequena cidade e a algumas outras vizinhas, optamos por desembarcar em um aeroporto grande para evitarmos escala e conexão.
Como viemos no mesmo vôo da Nina (minha cachorra) escolhemos Chicago por ser um vôo direto pela United. Esta companhia aérea é a única que despachava a raça Boston Terrier para os EUA (ela tem fucinho curto e não são todas as companhias que permitem o vôo destes animais fora da cabine. E como ela é de médio porte, não nos deixariam vir com ela na parte de cima do avião).
Enfim, voltando à nossa chegada… aterrisados, alugamos uma van (isto mesmo, uma van!) porque tínhamos 9 malas e uma casinha de transporte de cachorro, que de casinha não tinha nada. Era enorme! E foi assim que nos locomovemos de Chicago para Midland.
Quando decidimos morar em uma cidade do interior nos Estados Unidos tivemos que levar em conta o planejamento adequado em como chegar ao destino final com nossa família, tentando amenizar o cansaço, pois os próximos dias seriam de muita mudança para todos nós.
Pousamos pela manhã em Chicago e aproveitamos o dia para descansarmos um pouco por lá mesmo. Reservamos um hotel “pet friendly” e no dia seguinte seguimos viagem para Midland.
Casa
Ao chegar em Midland tínhamos uma casa temporária nos esperando, toda mobiliada (inclusive com eletrodomésticos e eletroportáteis) e com itens básicos de cozinha, o que nos facilitou bastante a vida, pois como estávamos com bebê, precisávamos de um espaço maior e também de uma cozinha para preparar a comidinha dele.
Supermercado
Malas devidamente desfeitas, hora de ir ao supermercado e garantir o funcionamento da casa nova. Ao chegar no supermercado me deparei com uma variedade imensa de produtos e marcas. Fiquei muito perdida, o que me fez demorar mais do que o normal na escolha de todos os produtos. A minha dica é ir direcionado com uma lista de produtos e marcas para escolher, porque aqui nos EUA um simples detergente tem diferentes funções, nomes e cheiros. Vale fazer uma busca minuciosa em blogs para saber as indicações de quem já mora fora, em relação ao que comprar. E tem muitos produtos para tudo o que você possa imaginar. Escolha entre os mais recomendados, assim otimiza o seu tempo e dinheiro.
Transporte
O próximo passo é descobrir os meios de transporte/ locomoção da cidade. No nosso caso o uso do carro é a única opção, pois por ser uma cidade pequena não temos transporte público disponível. Então fomos até a locadora de veículos e trocamos nossa van por um carro menor e que comportasse nossa família. O carro alugado nos acompanhou até o desembaraço do financiamento dos nossos carros definitivos.
Aqui a carteira de motorista brasileira é aceita no Estado do Michigan, temporariamente. Assim que já tivéssemos nosso Social Security Card (um documento equivalente ao RG brasileiro) já teríamos que dar entrada na carteira de motorista americana. Tem que fazer teste escrito e prático! A vantagem é que dá para escolher a língua que te deixa mais confortável para realizar o teste escrito. Eu acabei optando pelo inglês mesmo. No teste prático você agenda com um instrutor e faz o teste no seu próprio carro.
Documento Americano
O Social Security deve ser pedido assim que chegar no território americano. Sem ele você praticamente não consegue fazer nada. Abrir conta no banco, fazer financiamentos ou ter uma linha telefônica, por exemplo. Para quase tudo pedem o número do nosso Social Security.
Lixo
Alguns serviços que estamos acostumados no Brasil aqui são diferentes. Em Midland por exemplo, o caminhão do lixo não passa diariamente. É preciso checar no site do serviço da cidade para ver qual dia da semana ele passa na rua em que se mora. O mesmo para lixo reciclável e lixo de coisas pesadas, tais como embalagens grandes.
Acabamos aprendendo no dia a dia, errando e acertando. Aprendemos que lixo só é recolhido quando está devidamente colocado na lixeira; que existe uma lixeira grande para recicláveis e que o recolhimento é feito uma vez por mês e uma lixeira menor para lixo comum da semana. E que o lixo pesado pode ser colocado próximo da sarjeta, fora da lixeira. Ah, isso é outra dica: as lixeiras devem ser colocadas sempre próximas da rua, no máximo na noite anterior. Deixar as lixeiras por muito tempo na beirada da rua pode ocasionar multa. Assim quando o caminhão passa, eu já as recolho. E é importante olhar o site para checar as datas, porque irá depender de feriado ou semana do mês, tudo pode mudar. Eu nunca imaginei que houvesse tantas regras para um serviço de lixo.
Tempo
Outra dica de ouro é: antes de sair de casa veja a previsão do tempo! Estamos muito próximos de grande lagos. Qualquer mudança climática nos afeta. Chegamos com 35°C em Setembro e em dois meses já vimos neve com frio de -9°C. A temperatura aqui oscila bastante e saber o que vestir é questão de sobrevivência. E para os dias mais frios é recomendado ter no carro um kit de primeiras necessidades, tais como cobertor, comida, água e utensílios para tirar a neve do carro.
Conversor de medidas
E para finalizar tenha no seu celular um aplicativo de conversor de medidas, porque aqui são Milhas ao invés de Quilômetros, Ounces ao invés de Litros, Libras ao invés de Kilos, Farenheit ao invés de Celsius….considerando as nossas medidas mais usadas. Aos poucos vamos nos familiarizando com elas, mas enquanto isso é melhor ter um conversor disponível na mão. No começo ficamos perdidos, mas depois vamos nos acostumando e vendo que mudanças são sempre boas para aprendermos algo novo.
Bem vindo a uma nova vida!