Até parece o nome do livro ” Amor em tempos de cólera” de Gabriel Garcia Marquez, mas este Natal estamos realmente vivendo um Natal em tempos de guerra.
O míssel que fatalmente atingiu uma fazenda polonesa na divida com a Ucrânia, em Novembro passado, trouxe a sensação de que tudo está mais perto do que pensamos.
Milhões de ucranianos estão morando aqui na Polônia e este será o primeiro Natal que estas pessoas passarão longe de suas casas, muitas que nem existem mais depois de terem sido destruídas devido aos bombardeamentos russos.
Famílias separadas, mulheres e crianças aqui e maridos/filhos/pais lutando pela liberdade da Ucrânia, numa guerra que parece não ter fim e que tem destruído muito mais além de casas: sonhos, famílias e o futuro de milhões de pessoas. A vida para eles nunca mais será a mesma.
A Polônia tem dado mais do que uma mão, como se diz, está abrigando refugiados em praticamente todo o país. De norte a sul, leste a oeste quase 1 ano depois do começo da guerra, você encontra ucranianos. Muitos já com empregos e tentando recomeçar a vida, outros ainda vivendo muitas incertezas, principalmente mães com filhos pequenos e sem muita oportunidade no mercado de trabalho devido a barreira da língua.
Como estão os números em Dezembro de 2022:
- Quase 8 milhões de ucranianos deixaram o país e mais de 1 milhão e 400 mil ucranianos estão registrados na Polônia, a maioria nas grandes cidades como a capital Varsóvia e cidades da região como Gdansk, Gdnya e Torun e uma quantidade menor em cidades como Poznan, Wroclaw e Cracóvia.
- Por volta de 200 mil são crianças em idade escolar.
- Mais de 300 mil já estão trabalhando e pagando impostos.
Assim que os ucranianos começaram a cruzar a fronteira entre os dois países, uma operação militar começou a operar e milhares de pessoas se puseram a ajudar como podiam.
Os poloneses abriram suas casas e corações para ajudar os recém chegados. Uma nação que entende muito bem sobre guerra, a Polônia tem sido o porto seguro para milhões de refugiados.
Escolas não perderam tempo em se preparar para receber milhares de crianças, websites do governo como transporte público e saúde em pouco tempo ja tinham versão em ucraniano, cidades ofereceram transporte gratuito no início, grupos de Whatsapp, Facebook e Instagram anunciando moradia para refugiados, coleta de mantimentos, roupas e sapatos são alguns exemplos de o que a Polônia e os poloneses tem feito para ajudar o país vizinho.
É importante, também, notar que não houve qualquer reação negativa contra os recém-chegados, ainda que em enorme escala, resultado talvez da abordagem distinta da Polônia, que depende mais da sociedade civil do que de subsídios do governo.
As necessidades dos refugiados, depois de 10 meses, mudaram; agora estão menos preocupados com doações de roupas do que com empregos e escolas para as crianças, mas ainda assim existem muitos desafios pela frente e questões importantes tanto para os poloneses como para os ucranianos.
Que melhores ventos soprem na nossa direção em 2023 e que todos os ucranianos que tiveram suas vidas alteradas devido a uma guerra que não lhes pertence individualmente, possam voltar a normalidade de uma maneira ou de outra, voltando para o seu país natal ou seguindo suas novas vidas na Polônia e no resto da Europa.
Foto: Anette Jones / Pixabay