Moradia e pandemia: obstáculos e oportunidades.
A epidemia trouxe à tona uma série de dificuldades para todos os habitantes do planeta Terra. Muitos não só perderam um emprego mas familiares do dia para a noite. Um verdadeiro desastre que dividiu, polemizou e levou muitos a refletir seus valores pessoais.
Em meio a esse caos uma situação atípica no mercado imobiliário emergiu em 2020. Com lockdowns implementados, quem começou a trabalhar do home office improvisado passou muito tempo dentro de casa, para entender a necessidade de ter mais espaço físico e reduzir custo de vida. Isso se refletiu em especial na geração Y ou Millennials, ou seja, aqueles nascidos entre 1980 e 1995.
Moradia e pandemia: obstáculos e oportunidades
Muitos deles voltaram para casa dos pais, pois seus salários teve reduções dramáticas sem contar as demissões. Outros trocaram seus apartamentos ou casas pequenos em áreas mais privilegiadas da cidade por casas nos suburbs.
Morar num suburb significa residir em regiões residenciais mais afastadas dos centros urbanos, cujas casas são mais amplas e podem custar o mesmo que um apartamento ou casa pequenos mais centralizados. Funciona bem para quem tem filhos pequenos ou pretende começar uma família além de ser uma economia no bolso garante mais conforto a todos. Inicialmente parecia que era um bom plano para ocasião de pandemia.
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O desafio dos novos compradores já não era encontrar a casa ideal mas sim achar propriedades a venda no mercado. Outros optaram por cidades bem pequenas onde a concorrência ainda não é tão acirrada. As novas construções ficaram paralisadas por causa da falta de matéria prima e as ofertas baixaram drasticamente disparando o preço das casas existente. Quero lembra-los que o mercado imobiliário americano se garante de casas mais antigas e também construções novas.
Compradores geralmente querem uma boa localização, portanto uma casa de 40 ou 50 anos num bairro nobre pode valer muito mais que uma casa novinha numa área residencial recém construída. Há moradores que venderam suas casas por preços exorbitantes mas depois não puderam comprar outra, forçando-os a alugar um apartamento ou morar em cidades rurais.
Tudo isso foi só a pontinha do iceberg. Enquanto a pandemia se complicava, a procura por casas aumentou ainda mais. Casas que estavam no mercado começaram a desaparecer. O pior estava por vir. Começou uma espécie de leilão, sim “quem dá mais?” e contrapropostas passaram a ser um negócio do passado.
Certos compradores nem se quer viram as propriedades em pessoa e já ofereciam somas acima do esperado. Li recentemente que um casal nova iorquino teve que fazer curso de finanças, passar num teste além de serem monitorados por um banco quanto as suas despesas diárias para então ser um financiamento ser aprovado. No final o casal conseguiu o dinheiro e deixaram o apartamento de aluguel do Brooklyn para uma casa própria em Savanna na Geórgia.
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A casa própria sempre foi o sonho americano e a crise financeira de 2008 revelou que o mercado imobiliário vivia uma bolha. Antes da crise, um comprador poderia financiar uma ou mais propriedades desde que comprovasse que tinha um emprego e renda. Era tudo! Os juros cobrados também não eram fixos. Quando a bolha estourou muitos perderam suas casas e viram-se forçados a morar dentro de seus carros ou nas ruas.
Depois disso as regras de financiamento mudaram completamente. Com o passar do tempo os juros baixaram muito, os bancos agora são mais criteriosos antes emprestar dinheiro mas o fazem a juros fixos. Ter um emprego e bom histórico de crédito nos Estados Unidos facilitam porém ainda não é o suficiente, é preciso provar que quem empresta vai honrar o pagamento.
Nesse mercado ve-se também muitos californianos, nova yorkinos ou residentes da costa leste mudando-se para o Texas, Tennessee, Arizona, Arkansas e outros do sul buscando um custo de vida mais acessível.
O que citei acima se refere a pessoas que puderam transformar sua realidade e se beneficiar de alguma maneira mesmo em meio a pandemia. Infelizmente, não é a mesma realidade de todos. Muitos nem sequer puderam continuar pagando o aluguel e foram despejados. Outros perderam seu emprego e a certeza de que tudo vai ficar bem agora é duvidosa. Mesmo com o incentivo governamental, para aqueles em situação difícil, saber por onde recomeçar é como um jogo de xadrez quando já se perdeu tanto.
O mercado continua incerto. Ninguém e nenhum economista pode prever o que vem pela frente nos próximos meses. A única coisa certa é que o Covid ainda está entre nós e não sabemos quando estará totalmente sob controle. Continuaremos a esperar pelo melhor.
Um abraço!
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