Olá! Mais um ano se passou, agora o Covid-19 e a pandemia ficaram cada vez mais distantes da nossa realidade. No entanto, jamais serão esquecidos porque nunca voltamos ao “normal” tão esperado. Entramos direto no “novo normal” cheio de novos desafios. O texto de hoje é sobre novas gírias e expressōes faladas nos Estados Unidos.
Recapitulando que, durante e pós pandemia vimos muitos segredinhos virem a tona e seus autores também. Isto foi devastador para muitos e para outros foi um tempo de repensar o sentido da vida e pausar. Inúmeras coisinhas corriqueiras e insignificativas, antes abafadas nos recônditos do dia-a-dia saíram do anonimato e eclodiram no gramofone das redes sociais. Assim, do dia para noite um desabafo corriqueiro transformou-se em movimento, como por exemplo, o Quiet Quitting.
Isso gerou uma enxurrada de palavras novas, termos ou gírias que deixaram os linguistas de cabelo em pé. Afinal, qualquer mudança social vai refletir na linguagem.
Elaborei uma pequena lista de termos e palavras coloquiais que têm sido falado, lido ou ouvido. Os primeiros são os mais populares.
1 – Ghost. Ghosted. Ghosting. Ghost significa fantasma. É um termo coloquial, que significa que alguém que desapareceu, virou pó. Alguém que termina uma amizade, um namoro, geralmente de curto prazo, desaparecendo em vez de comunicar ao outro. Foi considerado o termo mais popular de 2022.
2 – Salty. Significa salgado. A gíria que ocupou o segundo lugar em popularidade em 2022, significa estar zangado ou ressentido com algo, alguém, politica, economia, etc.
3 – Low key. Essa é uma das antigas, mas esta gíria continua muito famosa. Quer dizer, algo discreto. Quais seus planos para Réveillon? “A low-key hang out at a friend’s house.” Um jantarzinho íntimo na casa de amigos.”
4 – Staycation. Significa tirar férias mas ficar em casa em vez de viajar.
5 – Quiet quitting. Movimento low-key de funcionários que deixaram de se dedicar além do esperado em uma empresa. O leque de razões é bem amplo pode ser por falta de reconhecimento, abuso emocional, salário defasado, cobranças internas continuas, insatisfação generalizada. Muitos empregados começaram a repensar seu valores individuais e pesar o custo de vida. Quando isso apareceu nas redes sociais milhares de pessoas se identificaram.
6 – Nomophobia é uma sigla No + mobile phone + phobia. Nomofobia significa medo de ficar sem celular. Isso não é algo novo, esse termo nasceu na Inglaterra em 2009. Hoje é classificado em certos artigos sobre saúde mental como parte de transtornos como ansiedade, síndrome do pânico e ansiedade social.
7 – Influencer, nem precisa tradução, e nunca se falou tanto de influencers. Atualmente no oeste quando um jovem é questionado sobre o que gostaria de fazer profissionalmente a resposta número 1 é ser influencer.
8 – Situationship. É o mesmo que ficar. Dois pessoas que também tem uma amizade colorida.
9 – Metaverse. É um espaço virtual onde você interage com situações geradas por software. Isso veio a tona e ganhou força desde que Mark Zuckerberg anunciou que Facebook se tornaria Meta. FB esta transitando de rede social para metaverse.
10 – Goblin Mode. Significa que uma pessoa se permite não fazer nada. É como se fosse autorização para ficar de boa, naquela preguiça. Em inglês, também conhecido como couch potato.
11 – Cancel culture. É considerado um movimento. Isto significa cultura do cancelamento. Quando uma celebridade ou figura pública fala ou faz algo considerado inapropriado e isto vem a tona o público “cancela” não comprando o seu produto, deixando de ver seus vídeos ou de seguir nas redes sociais.
12 – Neopronouns. Literalmente significa novos pronomes. Os pronomes sempre serviram para designar feminino ou masculino. Com o LGBTQ ganhando mais visibilidade o leque se ampliou para além de menino ou menina.
13 – Gaslighting. Não significa atear fogo a gás. Essa termo veio a tona das entranhas da ciência da psicologia. O termo não nasceu recentemente. Gaslighting é uma forma de manipulação psicológica que geralmente ocorre em relacionamentos abusivos. É uma forma de abuso emocional, no qual o abusador, bully ou narcisista confunde a percepção da realidade da vítima.
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O termo em si nasceu de uma peça teatral britânica de 1938, e também representada nos Estados Unidos em 1944. Representada por um casal, onde o esposo usa de artimanhas para convencer a esposa que ela é doente mental. O título da peça se refere ao tipo de iluminação da residência, que oscilava toda vez que o esposo a deixava só. Continuamente, ele tentava convencê-la que ora a luz esteve acesa ora não estava.
O próximo movimento mereceria um texto inteiro pois dá o que falar. Quem nunca saiu para um barzinho e tomou uma bebida que quase te derrubou? Ou então, ter que mentir para os amigos no happy hour que não pode tomar um chopinho gelado naquele verão por recomendação médica?
14 – Sober Curious. Que tap um drink novo no happy-hour? Que tal um mocktail? A geração gen Z veio para mudar tudo, quebrar tabus. Entre inúmeros movimentos que temos visto o Sober Curious, Sóbrio Curioso, sem sombra de dúvida é o mais interessante, na minha opinião. Coquetel sem bebida alcoólica, ou mocktail, é a nova febre nos bares e restaurantes das cidades como Nova York. Estes drinks também são chamados de Zero-proof alcohol, ou seja, zero álcool. Enquanto no Brasil encontramos várias opções sem álcool em todo lugar, como um suco natural, aqui é preciso um movimento inteiro. Há bares em Houston ou Nova York que se especializaram nesse tipo de oferta, mas custa tanto quanto um drink regular com álcool. Este movimento ainda não tem muitos adeptos mas o suficiente para virar moda e parece que veio para ficar.
Linguística continua testemunhando as mudanças sociais, há muitas palavras emergindo. Provavelmente em 2023 teremos novas revelações de movimentos que vão influenciar a vida das pessoas e a nossa fala também. A Linguística é elástica e flexível por isso continuaremos nos adaptando as palavras novas. Espero que você tenha curtido este texto. Se você gostou do que leu deixe aqui um comentário. Até mais.
Photo by Mali Maeder