8 suposições errôneas sobre a Turquia
1- Turcos falam árabe
A primeira suposição errônea sobre a Turquia é com relação ao idioma. A língua nacional da Turquia é o turco e não o árabe como alguns pensam. Aliás, o idioma turco não está relacionado ao árabe. Na verdade, ele faz parte da família das línguas altaicas, que inclui o japonês e o coreano.
Outra curiosidade é que a principal língua minoritária falada na Turquia é Kurmanji, também conhecida como Northern Kurdish. Esta língua é falada principalmente no sudeste da Turquia, onde uma grande população de curdos vive.
2 – A Turquia é um país muito inseguro
É compreensível que depois dos atentados nas principais cidades e um golpe político fracassado, ocorrido há alguns anos, algumas pessoas achem a Turquia um país inseguro. Isso devido às notícias que são transmitidas para os outros países.
Porém, não é correto agrupar o país inteiro nessa generalização. Isto porque o território da Turquia é enorme e a probabilidade de um atentado é muito maior em grandes cidades europeias do que na maioria das cidades da Turquia.
A região sudeste da Turquia é uma das áreas mais voláteis, dada sua proximidade com a Síria. Do outro lado do país, a oeste, cidades como Izmir, onde eu moro, são muito mais seguras; nunca ocorreu esse tipo de incidente.
A maioria das cidades por aqui, principalmente as mais turísticas e as litorâneas são muito seguras, inclusive para mulheres viajando sozinhas.
3 – A política é como no Oriente Médio
Diferente dos seus vizinhos Irã e Iraque, a política e a religião na Turquia são mantidas estritamente separadas. Isso graças a Mustafa Kemal Ataturk, considerado o pai da independência turca. Ele foi o responsável pela criação de um país secular em 1923, quando se tornou o primeiro presidente da atual República da Turquia.
Recentemente, porém, o país tem se movido em direção a visões mais conservadoras com a atual presidência, apesar de muitos turcos serem contra esse movimento. Os protestos que ocorreram em 2013 foram o principal resultado do crescente descontentamento em relação ao atual governo, especialmente entre os jovens turcos.
4 – Os homens turcos podem ter mais de uma esposa
Uma mudança importante que veio junto com criação da República da Turquia por Ataturk foi a proibição da poligamia. Sendo assim, se um homem for pego com mais de uma esposa, ele é punido com dois anos de prisão.
Leia também: Poligamia na Turquia
Porém, ainda existe em pequenas aldeias conservadoras homens que se casam com várias mulheres através de cerimônias religiosas. Esses casamentos não são vistos como legais aos olhos da lei e podem ser penalizados se descobertos.
5 – Todas as mulheres turcas usam burcas
Embora a população da Turquia seja 99% muçulmana, isso não significa que todas as mulheres se cubram da cabeça aos pés. Algumas mulheres usam burcas, algumas usam lenços de cabeça e outras não cobrem a cabeça. Cabe à cada mulher essa decisão de acordo com as suas crenças religiosas, que pode ser uma visão mais liberal ou mais conservadora.
Nas cidades maiores, as mulheres sentem-se mais livres para vestir o que quiserem. Já em cidades menores, elas tendem a ser mais religiosas, devido a uma maior pressão social para se vestir de maneira mais conservadora.
Na cidade de Izmir, por exemplo, terceira maior cidade da Turquia, é muito difícil ver mulheres usando burcas. Pode-se ver mulheres que cobrem apenas a cabeça, porém a grande maioria se veste como quer, sem restrições.
6 – Os papéis de gênero na Turquia são muito tradicionais
Devido ao país ser em grande parte muçulmano, acredita-se frequentemente que os turcos continuam a manter rígidos papéis de gênero em casa. Embora isso possa ter acontecido no passado, há mulheres que se tornam médicas, engenheiras e advogadas (campos dominados por homens no passado).
Embora também haja mulheres que sejam apenas donas de casa, muitas turcas trabalham fora. O plano de carreira de uma mulher na Turquia vai depender muito de seu nível educacional e do ambiente o qual ela foi criada – assim como as mulheres em outros países ocidentais.
7 – Os turcos têm uma dieta baseada em carne
A Turquia é muito famosa por seus kebabs de diversos formatos e tamanhos, mas o kebab não é o único alimento que define a culinária turca. Na verdade, a carne vermelha é um item caro por aqui. A maioria das famílias não consome esse alimento com muita frequência. Além disso, cada região da Turquia tem seus próprios pratos especiais pelos quais são conhecidos.
A culinária turca também tem muitos pratos vegetarianos e diversos tipos de saladas. Há também uma variedade de pratos com legumes e muitos “Mezes” (aperitivos, como berinjela com alho e iogurte). Inclusivo o famoso café da manhã turco, a refeição mais importante do dia para eles, é muito completo e variado, com tomate, pepino, pimentão, azeitonas, ovos, pães, geleias e muito mais.
8 – Os turcos são pão duros
E a última suposição errônea sobre os turcos é com relação à avareza. Diversas vezes no Brasil eu ouvi alguém referência uma pessoa pão dura como um turco. Na verdade, os turcos ganharam essa fama injustamente. Pela minha experiência morando na Turquia há 6 anos, os turcos são justamente o contrário. Eles estão sempre dispostos a ajudar e adoram compartilhar o que tem com os amigos e com a família.
Acredito que essa fama venha do hábito cultural de negociação por serem uma geração de grandes comerciantes há séculos. Negociar os preços e pedir descontos é sim uma prática muito comum para a maioria dos turcos.
2 Comments
Nunca fui a Turquia, + tenho parentes e amigos que foram , a Capadócia , e me disseram que eles , os turcos/as , não são muito adeptos da higiene pessoal , digamos que não são muito cheirosos , e que realmente não são tão simpáticos. Que pena acho este País fascinante!
Na minha opnião e na minha experiência os turcos são muito simpáticos e hospitalheiros. Mas é claro que depende da região e de pessoa para pessoa como em qualquer pais.
Em relação a higiene pessoal se comparado ao Brasil eles não tem o hábito de tomar banho mais de uma vez ao dia e nos meses de muito frio as vezes ficam mais de 1 dia sem tomar banho. O que é um hábito de muitos outros países da Europa.