Fábio Mesquita do blog Sexo, Viagens e Rock’n’Roll, na Coluna do Clube do Bolinha.
Em 2015 eu completei 7 anos de um estilo de vida nômade. Eu comecei a me preparar em 2004, quando tinha 18 anos, mas foi apenas em 2009 que finalmente peguei a estrada. Desde então são mais de 2 mil dias viajando, quase 50 países visitados, milhares de experiências vividas, centenas de novos amigos e um crescimento pessoal incalculável.
Minha vontade e desejo de viajar nasceram e cresceram com filmes, livros e jogos de vídeo game. Suas histórias eram cheias de lugares exóticos e longínquos, culturas estranhas, aventuras incríveis, paisagens lindas. O que mais me atraía era que absolutamente tudo parecia desconhecido e intocado, o mistério e a surpresa eram constantes.
Lugares inimagináveis, cidades inteiras a serem descobertas, templos nunca vistos, praias paradisíacas desertas, idiomas quase alienígenas e temperos diferentes. As viagens dos personagens não eram confortáveis, muito menos rápidas. Encontrar mapas (se é que existiam) já era uma aventura. Explorar e descobrir eram as regras. O desconhecido era tentador demais.
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Eram esses desafios, o desconhecido, o mistério e a aventura que me motivavam a viajar. Meu sonho era (ainda é) viver alguma coisa semelhante ao que esses personagens (alguns reais e outros fictícios) viveram. Uma visão bastante romantizada de viagem.
Foi atrás dessas experiências que, ao invés de ir para a Europa, minha primeira viagem foi para o Quênia! Depois de morar um ano no leste da África, em vez de ir para os Estados Unidos, eu resolvi me mudar para o Cazaquistão. Eu queria achar o desconhecido, os lugares menos visitados, com os idiomas mais estranhos, com as culturas mais diferentes. Eu fui atrás, eu não desisti e eu explorei.
Não estava buscando o que a maioria busca. Eu não queria uma foto com a Torre Eiffel, não queria conforto, não queria que as coisas fossem fáceis, não queria festas ao som de música pop, não queria carregar um guia de viagem, não viajava para inflar meu ego e não queria que pessoas me invejassem.
Eu viajava para saciar meu desejo pelo desconhecido e ver se ainda era possível encontrá-lo. Queria saber se o mundo hoje poderia ser tão misterioso quanto eu gostaria que ele fosse.
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Viajar me faz feliz e ver o mundo com meus próprios olhos é muito importante. Sentir e viver um lugar não se compara a ver uma foto e ler uma história. Atualmente, viajar tem muito mais a ver com se conectar com pessoas do que descobrir lugares novos. Viajar se tornou uma experiência muito pessoal.
Eu viajo porque é isso que eu gosto de fazer e, sozinho ou não, tento sentir a solidão e o medo que os personagens que me inspiraram provavelmente sentiam em suas jornadas.
Não sei quando vou parar de viajar, não faço planos a longo prazo, não planejo cada detalhe da minha vida e não tenho medo algum do futuro. Enquanto eu seguir minha intuição sei que estou no caminho que desejo seguir, não importa onde eu estiver ou o que eu estiver fazendo, porque o mundo é a minha casa.
4 Comments
Caramba!!! Cara, adorei seu relato! Esta é minha vontade, apesar de eu já ter 24 anos, estar em vias de terminar a universidade, estar fazendo intercâmbio atualmente e não ter dinheiro. Aliás, sobre este último ponto: como você conseguiu esta façanha de rodar tantos quilômetros e conhecer tantos países, sendo mochileiro? Quero dizer, você, ou começou com muita grana no bolso e foi se adaptando aqui e ali conforme a necessidade, ou você começou com uma dose cavalar de coragem. Eu adoro ler experiências como a sua, elas me inspiram, sabe? Ainda farei algo assim, mas com alguma grana no bolso, pois sou um cara que gosta de se assegurar se as coisas descarrilharem. E aqui: como você fez com o idioma? Porque, cara, visitei alguns países aqui na Europa, como a Albânia, a Bulgária, a Hungria e a Polônia onde nem meu inglês, nem meu francês e nem mesmo meu alemão me ajudaram a comunicar-me com os locais e a ter facilidade em pedir informação. Agora, imagina isto no Cazaquistão, na Malásia, na Armênia (você esteve lá?)… Muito legal, adorei este Clube do Bolinha (eu nem sabia que homens eram bem-vindos como contribuintes do blog, acho que vou ver se me aceitam também).
Texto delícia de ler, e as fotos são incríveis! Uma vida assim vale muito mais a pena do que os tais “executivos bem-sucedidos” em seus escritórios.
Infelizmente sempre me pego pensando que para mulheres essa ideia de explorar certos lugares do mundo, pegar carona, etc é bem mais complicada. Eu lembro de ter lido um livro de um brasileiro que rodou o mundo de bicicleta, parando em alguns países onde não me imagino indo, por conta do tratamento dado às mulheres, e lia e ao mesmo tempo pensava como talvez eu nunca poderia fazer esse rolê sozinha do jeito que ele fez. É uma limitação horrível isso.
It is STILL a man’s world 🙁
Incrível, amei esse post, me identifiquei muito com os seus ideais, tenho muita vontade de conhecer lugares pouco explorados tambem, talvez o leste da Rússia, a Iceland, Groenlandia, Bielorrússia, Patagônia e outros lugares assim.
Ah, compreendo tudo o que o Matheus comentou, e tenho as mesmas duvidas, Tmbem queria saber se já foi à Armênia, dizem q é um país maravilhoso, com igrejas esculpidas em pedra e a vista do Ararat.
É amei muito esse post.
Um dia eu ainda vou fazer isso. Vou sair viajando o mundo inteiro e postar as aventuras num blog! hehe