Parece até pegadinha ou título sensacionalista, mas não é. Eu já estou viajando o mundo há 1 ANO, passei por 17 países e tive 8 experiências de voluntariado de trabalho não-remunerado por algumas horas por dia em troca de acomodação e alimentação. Quer saber como funciona?
Como dar início?
Algumas pessoas saem batendo perna e visitando hostels para procurar trabalho ou enviam e-mails e mais e-mails perguntando sobre vagas; outras preferem plataformas que auxiliam o contato e garantem a segurança do acordo entre o voluntário e o dono do hostel. Eu uso o Worldpackers e o Workaway, mas existem muitos outros sites.
Você precisa estar sempre atento às informações expostas nos perfis de cada hostel, às vagas disponíveis e se elas condizem com as suas habilidades. Não adianta aplicar para uma vaga de recepcionista se você não tem a mínima ideia sobre como realizar o trabalho, não sabe o idioma ou é introspectivo. O passo a passo é simples:
1) Você cria seu perfil.
2) Coloca sua descrição, habilidades e dados (talvez exista cobrança pelo serviço).
3) Procura hostels nos países que deseja.
4) Examina minuciosamente as vagas, o período, as reviews.
5) Envia uma mensagem tirando dúvidas, acertando quanto tempo de voluntariado, quais são as tarefas… E pronto! Basta aguardar um retorno e confirmar.
Todo esse processo, geralmente, leva uns 15 dias, dependendo da rapidez das respostas do hostel e das suas. Não saia comprando passagens aéreas sem fechar o acordo com toda certeza nos mínimos detalhes, certificando-se da data e ida e do período de permanência, pois algumas vezes, eles só terão vagas daqui a alguns meses.
Detalhes importantes
Você precisa se responsabilizar a ficar mais de duas semanas (cada hostel estipula um período mínimo), visto que existe todo o treinamento inicial, o período de experiência e o compromisso com as tarefas. Portanto, não use os serviços só para o seu interesse pessoal, ignorando a troca de confiança.
Lembre-se de que a partir do momento que você decide trabalhar em um hostel, está se comprometendo a cumprir com tudo o que foi acordado. É provável que você terá uma cama para dormir em um quarto compartilhado com outras pessoas, usará o banheiro e a cozinha, também compartilhados. Por isso, seja sempre paciente, tolerante, educado e gentil.
Todavia, se o próprio hostel não cumprir com o acordo, você deve conversar com quem fez as negociações, enviar e-mail para a plataforma auxiliadora e, se tudo não se resolver, tenha sempre um Plano B. Use Couchsurfing, fique na casa de amigos ou procure um local para ficar.
Não se esqueça de deixar uma review contando como foi a sua experiência com aquele hostel, tanto positiva quanto negativa.
Pontos positivos
Um ponto muito positivo é a imersão na cultura local e também o contato direto com diferentes tipos de viajantes do mundo inteiro. Você irá aprender de tudo um pouco e poderá fazer parte de uma comunidade muito unida. Com certeza você fará amigos para próximas viagens!
Pontos negativos
Às vezes, sua vida girará em torno do hostel, pois este será o local em que você irá dormir, comer, conversar, trabalhar, festejar, e você não terá muita privacidade. É importante usar seu tempo livre para se afastar um pouco da rotina e visitar a cidade.
Como foi a minha história?
Às vezes, uma única escolha vira sua vida ao avesso e você descobre que esse é o seu lado favorito. Tudo começou quando eu decidi vender todas as minhas coisas (carro, casa, roupas, móveis, etc) e viajar o mundo. Terminei um relacionamento longo e pedi demissão do meu emprego que consumia mais de 12 horas do meu dia.
Decidi ir viver a vida enquanto é tempo! Fui sozinha para o Reino Unido em junho de 2014. Envolvi-me no projeto do Worldpackers e, além de ser uma voluntária em um hostel em Londres, também auxiliava a própria start-up com consultoria em social media. Em Londres, fiquei cerca de 2 meses. Depois viajei para o Marrocos e lá vivi por 3 meses em 10 cidades diferentes. Em seguida, fui para a Espanha, Portugal, Itália e a partir daí foram mais 10 países na lista.
Já faz 15 MESES que estou viajando o mundo e já tive 8 experiências de voluntariado em troca de acomodação em hostels, hotéis e guest houses, o que me possibilitou gastar menos e conhecer muitas pessoas interessantes pelo caminho. Em geral, eu faço treinamento e consultoria em conjunto com a equipe do hostel para que eles possam melhorar o posicionamento estratégico em social media e também desenvolvo a criação de layouts/logotipos como graphic designer, além de projetos especiais como eventos e oficinas.
Cada hostel tem suas prioridades e faço um planejamento voltado para as necessidades de cada um, por isso geralmente negocio 4 horas de trabalho diário + alimentação, com finais de semana livres. Logo, tenho tempo para conhecer a cidade, visitar pontos turísticos e tocar meus projetos pessoais, como o blog Sexo, Viagens e Rock’n’Roll.
É praticamente impossível não se apegar às pessoas que você conhece e trabalha diariamente. A troca de conhecimentos é fundamental, assim como o interesse mútuo e genuíno pela cultura e costumes de cada país. Aprendemos a respeitar as diferenças e a enxergar semelhanças. E, quando o idioma não ajuda e o tradutor no celular falha, as risadas e as mímicas prevalecem.
Hostels são ambientes dinâmicos, sociais e acolhedores. Jamais nos sentimos sozinhos e se você precisa de qualquer tipo de ajuda, alguém sempre vai estender a mão. Além de ser uma excelente forma de poupar dinheiro para continuar viajando, trabalhar em hostels abre um leque de possibilidades infinitas e você irá adquirir novas experiências e habilidades que com certeza te inspirarão a continuar viajando o mundo.
Se você for uma pessoa aberta a novas experiências e possui sede de conhecimento, trabalhar em hostels é um ótimo início de viagem, uma vez que fará novos amigos e com certeza poderá planejar novos destinos com os mesmos, eu dei a sorte de conhecer um americano e pegar carona pelos países dos Bálcãs durante dois meses (!). Se você estiver com medo de como o local é ou se as fotos podem enganar, use o Google, o TripAdvisor, o Facebook, pesquise e compare, pergunte para quem já foi e não perca seu tempo no “achismo”.
O mundo é todo seu para ser descoberto e, com o advento da internet, nunca foi tão fácil viajar, conectar com outros viajantes e realizar seus sonhos.