A principal razão pela qual eu decidi ter uma experiência internacional foi aperfeiçoar minhas habilidades
profissionais e, consequentemente, impulsionar minha carreira. Desde quando iniciei minha vida profissional, há nove anos, tenho este objetivo em mente. Há um ano, finalmente o concretizei.
Depois de muito pensar e analisar as opções existentes, Dubai foi o destino escolhido. O ambiente futurístico, dinâmico e multicultural influenciou positivamente minha escolha. Desde então, fiz um comprometimento comigo mesma: eu iria tirar proveito de cada oportunidade ou atividade dada a mim e me envolveria na maior quantidade de projetos possíveis. E assim o fiz. Estas foram as lições aprendidas por mim neste um ano vivendo e trabalhando em Dubai:
1. Não julgue seu colega de trabalho baseado na nacionalidade dele/dela. Aqui, existem tanto latinos
pontuais quanto europeus não pontuais. Existem indianos que falam inglês perfeitamente e sem
sotaque, assim como alemães que são impossíveis de entender.
Trabalho em uma equipe de portugueses, indianos, sérvios, alemães e turcos. Em minha empresa, há ao todo 140 colaboradores de mais de 30 diferentes nacionalidades. Há gente de todos os lugares, com as mais diferentes mentalidades e histórias de vida. Impossível formar um conceito sobre uma determinada pessoa baseando-se somente em onde ela nasceu. Dubai quebrou e quebra diariamente paradigmas e
preconceitos, os quais eu nem sabia que habitavam em mim.
2. Tudo e possível. O deserto é o ambiente natural dos Emirados Árabes Unidos e da maioria dos países
do Golfo e do Oriente Médio. Ha 70 anos atrás, onde eu moro, onde eu piso ou qualquer lugar onde eu
vá era literalmente areia.
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No ambiente de trabalho, somos instigados, mesmo na dificuldade, a encontrar a melhor solução possível. Aqui, se construiu o maior prédio do mundo (Burj Khalifa), o maior shopping do mundo (Dubai Mall) e milhares de ilhas artificiais. Portanto, sim, há uma resolução para tudo: desde encontrar aquela fórmula de Excel a fechar aquele contrato em que todos diziam ser impossível de se fechar. “Por que não?” é o nosso lema oficial.
3. O nível de profissionalismo dos expatriados de Dubai é alto. Tive uma curta experiência internacional na Alemanha, país de origem da empresa em que trabalho. Desde então, minha melhor referência em relação a ambiente de trabalho e profissionalismo era lá. Até eu vir trabalhar em Dubai.
Aqui, nosso visto de residência é subsidiado pela empresa. Não há forma de se ter um visto permanente nos Emirados. Por esse motivo, todos sabemos que iremos viver aqui temporariamente. Cabe a nós planejar e decidir qual será nossa próxima moradia e, enquanto esse dia não chega, nós vivemos e aprendemos o máximo que podemos.
Meus colegas de trabalho são pessoas motivadas e focadas no sucesso. Com eles, aprendi a reclamar
menos, verificar as possibilidades, escolher a melhor e agir. Menos mimimi e mais ação, o clichê o qual
mais me desenvolveu.
4. Você vai (literalmente) comer muita areia. E tudo bem. Há um padrão de excelência a ser seguido e os expatriados que o seguem se destacam. A forma em que encontrei para atingir este padrão foi superando limitações muitas vezes existentes somente em minha cabeça.
Sempre tive muita dificuldade em realizar apresentações em público, medo que se intensificava quando eu deveria falar em um idioma o qual não era originalmente o meu. Anteriormente, quando nesta situação, eu pediria para que alguém apresentasse o tema em meu lugar. Hoje, me arrisco e me proponho a fazê-lo, mesmo sabendo que talvez outras pessoas fariam melhor que eu.
Aprendi a não me comparar, mesmo sabendo que eles provavelmente iniciaram o aprendizado em inglês anos antes que eu, ou são expatriados há mais tempo que eu.
Já me vitimei e me inferiorizei e isso não me ajudou em absolutamente nada. Aqui, eu “como areia”, me empodero e encaro qualquer contratempo que possa existir.
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5. E o mais importante: há espaço para mulheres! Sempre que falo que trabalho no Oriente Médio, me
perguntam se posso dirigir, se tenho que usar burca ou se trabalho somente com homens. Minha
resposta é não para todas estas dúvidas. Eu dirijo e continuo usando minhas roupas do Brasil (com
uma diferença: sem regatas ou blusas com alcinha no escritório).
Quanto a trabalhar somente com homens, minha empresa é do ramo automotivo e isso significa que naturalmente convivo mais com homens que mulheres. Eu diria que aqui há a mesma porcentagem de mulheres que no escritório que trabalhava no Brasil, na mesma empresa, porcentagem essa que não concordo e luto para ser mudada.
Esses dias, soube que sou a primeira brasileira da emprese a vir trabalhar em Dubai. Sinto e espero que
eu tenha aberto a porta para muitas que ainda virão.
Há um tipo de tribo muito presente nesta região chamada “beduína”. O significado de beduíno (ou em árabe
adawis) é “morador do deserto”. Eles são literalmente nômades e vivem entre os desertos do Oriente Médio e do Norte da África.
Atualmente, 80% da população de Dubai é formada por estrangeiros. Apesar de também sermos moradores
do deserto, obviamente não somos beduínos. Temos condições e estilos de vida totalmente diferentes, porém há algo em que temos em comum: também somos nômades.
A Isabela de um ano atrás decidiu ser um deles. E ela não poderia ter feito uma escolha melhor.
8 Comments
inspirador…sucesso pra Você.
Obrigada pelo comentario, Simone. 🙂
É gostoso ler e constatar que, apesar de desafiador, é fonte de crescimento pessoal e profissional.
No final sempre vale a pena, Tata! 🙂
Gostei do texto 😉 Tb moro em Dubai e sou do interior de sp … ah e tb da área de TI (mais para Telecom).
Oi, Bianca.
Obrigada pelo elogio. Vamos combinar um cafe. Sempre bom encontrar o pessoal brasileiro aqui 🙂
Arabens querida Isabella, orgulho de seus pais Odair e Nilcelia e irmã Jaqueline e de toda familia, estou orgulhosa de voce , corajosa, competente, uma menin de ouro, beijos, sucesso sempre, felicidades linda????????????????????
Oi, Tia. Muito obrigada pelo comentario e por todos esses elogios 🙂 Beijos!