Diversidade cultural no Qatar
Engraçado como a maioria das pessoas não faz ideia do quanto a população de nativos no Qatar é pequena. Quando meus amigos e familiares me perguntam como está sendo minha adaptação a eles, sempre respondo: ainda estou em busca de encontrar algum na rua! Brincadeiras à parte, sim, você encontra qataris pelas ruas de Doha, mas sempre no trânsito, em eventos, ou consumindo em restaurantes e shoppings. A diversidade cultural no Qatar impressiona!
De acordo com a empresa Pryia D’Souza Communications LLP, atualmente a população do Qatar se divide entre as seguintes origens: Índia (21,8%) , Nepal (12,5%), Bangladesh (12,5%), Egito (9,35%), Filipinas (7,35%), Paquistão (4,7%), Sri Lanka (4,35%), outros (16,95%) e, pasmem, apenas 10,5% são locais.
Um dado que chama a atenção é a distribuição demográfica: são 75% de homens para 25% de mulheres. Muitos dos estrangeiros vêm sozinhos para trabalhar em obras e viver em alojamentos, deixando a família em seus países.
O Qatar atualmente é considerado pelo CIA World Factbook como a maior renda per capita do mundo, mas a realidade nem sempre foi assim. Com uma economia baseada na pesca e na extração de pérolas, o país viveu um grande declínio à medida que as pérolas japonesas cultivadas eram introduzidas no mercado, em meados da década de 30. A descoberta do gás natural aconteceu uma década mais tarde. Mas, somente na década de 80 conseguiu obter tecnologia adequada para a extração e exportação do combustível fóssil, transformando para sempre a história do país. O crescimento econômico nos últimos anos foi tamanho, que não poderia ser acompanhado pelo crescimento populacional de nativos.
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A força de trabalho no Qatar é, então, atendida pelos estrangeiros. Chega a quase ser dividido em grupos de trabalho conforme as nacionalidades. Em restaurantes, serviço de manutenção e limpeza, você encontrará filipinos; nas obras de infraestrutura e serviços administrativos, indianos e paquistaneses; nos aplicativos de carro, motoristas do Nepal e de Bangladesh. Claro que não é uma regra, mas parece ser uma distribuição estratégica entre as agências de emprego que intermediam esses contratos de trabalho.
Com relação aos brasileiros – cerca de 1.500 pessoas – as áreas de atuação que mais se destacam são a aviação, a engenharia e o esporte. Pode parecer pouco, mas sem esse “grupinho”, tudo seria mais difícil por aqui! É sempre bom poder contar com dicas, experiências, serviços… incluindo confraternizações e novas amizades!
Um dos motivos que afasta os qataris dos postos de trabalho mais triviais é que eles recebem royalties referentes à exploração do gás natural. Têm também uma série de serviços sociais gratuitos, como saúde e educação, e ainda recebem auxílio do governo quando têm filhos. Uma outra fonte de renda é que, por regra, não é possível empreender no país sem ter um qatari como sócio.
Da mesma forma que é mandatório o patrocínio de um qatari para empreender no país, o mesmo se aplica para a imigração. Não é permitida a permanência aqui (a não ser por turismo, por prazo limitado), sem um vínculo de emprego ou sem um patrocinador.
Além dos negócios no país, os qataris investem principalmente na Inglaterra (lembrando que a independência deste país aconteceu há pouco tempo, em 1971). É possível encontrar alguns locais também em serviços públicos. Curiosidade: filhos de estrangeiros nascidos no Qatar carregam a nacionalidade de sua origem!
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Com uma imigração tão expressiva, o idioma mais falado é o inglês. Ok, não exatamente o inglês padrão – eu diria que se tornou uma variação deste idioma, pois o sotaque carregado da população chega a tornar, por vezes, o que se ouve inteligível. É comum lidar com situações em que sequer é viável uma conversa, ficando restrita a comandos básicos e mímicas. Há também estrangeiros que optam por não aprender o inglês, resumindo a comunicação a apenas o necessário dentro da sua realidade. Não é preciso falar árabe para viver aqui, embora isso seja solicitado em várias vagas de emprego.
Já há alguns anos o Qatar investe em larga escala para se tornar uma referência em conhecimento, esporte e cultura. O objetivo é estimular o setor privado, a fim de deixar de depender exclusivamente do setor energético. Por isso, a expectativa é alcançar cada vez mais crescimento econômico e, por consequência, o aumento de imigrantes!
Ficou curioso sobre este pequeno grande país? Venha nos visitar e enriquecer essa diversidade cultural!