Fim de semana em Rouen
Um dos pequenos prazeres de morar em um lugar novo é exatamente conhecer esse lugar, descobrir suas peculiaridades e tudo de especial nele. Quem leu meu primeiro texto aqui sabe que eu já morei na França antes. Só que como na época eu trabalhava bastante, quase não pude aproveitar pra passear pelo país. Na verdade, aproveitei muito Paris, mas as outras regiões continuaram desconhecidas.
Depois que comecei a namorar com meu marido, conheci um pouco da Picardie, onde uma parte da família dele mora, mas ainda tinha tanta coisa pra explorar que desde que me reinstalei aqui decidi que sempre que possível tentaria descobrir mais uma cidade francesa.
Por isso, ainda no espírito de cumprir metas do ano novo, no último final de semana de janeiro, eu e meu marido decidimos visitar alguma cidade que eu ainda não conhecesse.
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O destino escolhido dessa vez foi Rouen. A cidade é a capital da região da Alta Normandia e está a pouco menos de 140 km de Paris. Eu já tinha estado na Normandia no inverno do ano passado para visitar o Monte Saint-Michel, que de tão incrível mereceria um texto só pra ele, e depois no verão, quando fui visitar um dos meus destinos dos sonhos e outro assunto pra um possível texto: Giverny. Desde essas primeiras experiências a região acabou se revelando uma bela surpresa que se confirmou com esses dois dias em Rouen.
Pegamos o trem na sexta à noite, na estação de Saint-Lazare, e cerca de uma hora e meia depois chegamos em Rouen. Era mais ou menos 10 da noite e, fora o movimento em alguns bares e em alguns poucos restaurantes ainda abertos, pouquíssimas pessoas circulavam pela rua. A tranquilidade que difere de Paris aliada à minha vontade de ter alguns dias calmos me fizeram simpatizar com a cidade logo de cara.
Como nos hospedamos bem perto do centro histórico, fomos andando ver os principais pontos turísticos. O circuito histórico da cidade pode ser feito quase todo a pé e, grande parte, em pequenas ruas onde carros não circulam, o que, na minha opinião, é um super atrativo.
Além disso, descobrir uma cidade nova a pé sempre amplia as chances de fugir um pouco de endereços óbvios ou menos autênticos. E, em Rouen, ir andando sem destino é ir conhecendo um pouco da história da cidade, entrando e saindo de ruelas onde podemos ver casas com estruturas de madeira expostas que, além de serem um charme, contam parte importante da história do local. Muitas dessas casas compõem uma parcela do cenário que resistiu aos ataques que a cidade sofreu durante a Segunda Guerra. Essas construções fazem parte do que hoje é considerado um dos maiores tesouros da arquitetura europeia.
Outro show de arquitetura à parte é a Catedral de Notre-Dame de Rouen. A igreja de estilo gótico é a maior da França e já foi o prédio mais alto do mundo. Foi tema de uma série de quadros de Monet, que se instalou em um ateliê de frente para ela (no prédio onde havia seu ateliê, há hoje o Office de Tourisme da cidade) e a pintava em momentos diferentes do dia para retratar o efeito da luz sobre sua fachada. Parte da Catedral foi destruída durante os bombardeios da Segunda Guerra e, mesmo depois das mudanças em sua estrutura, ela continua sendo considerada uma das igrejas mais bonitas do mundo. As visitas são gratuitas, só é preciso conferir os horários de funcionamento.
Bem no centro da cidade encontra-se o Gros-Horloge, ou Grande Relógio, um dos relógios mais antigos da Europa. É possível visitar o prédio onde ele está e conhecer mais sobre seu funcionamento e sua história.
A cidade também é um destino especial pra os amantes de História. Por ter acontecido ali vários momentos marcantes, entre eles a invasão dos aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Mas um outro evento bem anterior a esse tornou conhecida uma personagem que teve seus desfecho trágico exatamente em Rouen. Foi nessa cidade que Joana D’Arc foi mantida presa e depois queimada viva, em 1431, quando tinha apenas 19 anos.
Joana D’Arc foi condenada por heresia, mas depois teve seu processo reavaliado e não só virou mártir e foi beatificada como também tornou-se a padroeira da França. Na cidade, ao lado do local onde a Santa foi queimada (local esse simbolizado por uma cruz), há uma igreja em sua homenagem, bem perto da Place du Vieux-Marché, ou Praça do Antigo Mercado (que, aliás, também vale uma voltinha). A visita à Igreja é gratuita. Um pouco mais longe dali, é possível visitar também a torre onde ela foi mantida presa até sua morte, chamada de Donjon de Jeanne D’Arc. E há, ainda, um museu dedicado a ela, o Historial Jeanne D’Arc.
Outro lugar imperdível na cidade é o Museu de Belas Artes, onde estão obras de Monet e de outros impressionistas, é claro, visto que a Normandia foi a região berço do movimento. O museu abriga também obras de Caravaggio, Vélazquez, Delacroix e tantos outros. Há também uma ala com obras dedicadas a Joana D’Arc. A visita foi gratuita, não sei se porque era o último domingo do mês ou se porque íamos visitar apenas a coleção fixa.
Um passeio às margens do Rio Sena também pode ser um bom programa, sobretudo com todas as opções de restaurantes e bares que há na área.
Esse roteiro inteiro pode ser realizado em um fim de semana, como fizemos, mas, mesmo ele sendo bem completo, eu tenho certeza que ainda resta muito pra ver em Rouen. O que é ótimo, assim temos uma desculpa pra voltar mais vezes.
2 Comments
Bom dia Rosana. Minha pergunta é um pouco fora do Tópico, mas vamos lá. Meu pai é francês, mas não sou registrado no nome dele e não temos mais contato.Gostaria de saber se há algum modo de poder localizá-lo na França. Estive em Paris em 2016 mas não tive tempo de ir atrás. Sei o nome e sobrenome dele, última região em que ele morava, tenho uma e sei que ele foi presidente de um clube de esportes.
Oi, Augusto!
Tentei te mandar um e-mail para conversarmos e eu ver como poderia te ajudar, mas parece que houve um problema no envio. Se você quiser, escreve pra mim (rosana_2408@hotmail.com) para vermos o que podemos fazer, tá?
Abraço