As férias do improviso.
Desde 2020, quando a COVID começou, planejar quaisquer atividades de longo prazo tornou-se um processo complexo. Dentro do meu trabalho de coaching, quantas vezes vi empresas tendo que remarcar eventos ou mudar para o online as atividades que antes seriam realizadas presencialmente. Está certo que são as mudanças que fazem o mundo evoluir, mas os replanejamentos são bem cansativos para o cérebro (por isso é que, geralmente, é tão difícil mudar um hábito).
O planejamento destas férias de julho/agosto 2021 está sendo altamente afetado. Várias pessoas com que converso aqui na França estão tomando decisões completamente novas em relação ao que sempre fizeram.
Um grupo, por exemplo, já saiu em férias no final de junho. Com isso, objetivaram ir para locais turísticos antes que a maior parte das pessoas chegassem. Privilegiaram a segurança dos poucos contatos às temperaturas mais altas do verão. Outro vai atrasar as férias para setembro. Além dos preços de passagens e hospedagem serem mais baixos, também esperam encontrar locais menos movimentados.
Um outro grupo de pessoas resolveu dividir as férias em alguns pedaços. Segundo elas, como a possibilidade de uma 4ª onda de COVID é alta, preferem ir definindo destinos e datas conforme as semanas passam. Na televisão, por exemplo, uma proprietária de hotel dizia que, pela primeira vez, as estadas reservadas são curtas, e as pessoas vão solicitando a prorrogação de sua permanência no hotel conforme os dias vão passando, e em razão das informações que circulam.
Existem ainda aqueles que estão partindo para o aluguel de casas para temporadas ao invés de optarem pelos tradicionais hotéis. Realmente, a busca por casas individuais está esse ano muito mais alta que nos outros anos, como uma tentativa das pessoas de evitarem muitos contatos.
E há o grupo ao qual eu pertenço: daqueles que ainda não decidiram nada (a não ser o período). Neste momento, tudo o que definimos é que evitamos o mês de agosto – o mais procurado aqui na Europa para as férias – e evitar pegar avião.
Em abril, quando começamos a pensar nas férias, havíamos elegido Portugal como nosso destino – queríamos comer bem de verdade, passear de carro por pequenas aldeias e visitar produtores de vinho. No entanto, com o aumento no número de contágios, o país precisou tomar novamente medidas restritivas e, com isso, o cortamos de nosso planejamento.
Em seguida, pensamos na Finlândia. Seria um novo país a conhecer em nossa lista e também uma ótima oportunidade para fugir do calor do verão – não gostamos nem um pouco de calor! Na hora de comprar as passagens, quando só faltava clicar em “pagar”, tive um insight: “será que há restrições de entrada na Finlândia?” No mesmo momento, consultei a página da embaixada e, para nossa surpresa, mesmo os portadores do Green Pass, a atestação que comprova que você já recebeu as duas vacinas e está imunizado, precisariam fazer uma quarentena em um hotel antes de ganhar livremente as estradas do país. Conclusão: 2º destino cortado!
Neste momento em que escrevo estas linhas, pensamos em pegar o carro, atravessar a Itália e ir até a Eslovênia, fazendo as reservas de hotel pelo caminho. Vai ser possível? Não tenho ideia! Estamos traçando o roteiro, conscientes de que somente em cima da hora saberemos se ele vai funcionar ou não. E se tampouco pudermos fazer esse trajeto, inventaremos outro. Estamos frustrados com isso? Não!!!
Acreditamos que é importante saber se adaptar, sobretudo em relação a fatos e eventos que não podemos controlar. Seria uma grande perda de tempo e de energia ficarmos resmungando por não ter podido ir a um ou outro lugar ou depois guardar na memória que em 2021 tivemos férias péssimas. Qual a utilidade disso? Mesmo que o pior dos cenários se concretize – que seria um novo confinamento – acredito piamente na expressão “fazer do limão uma limonada”, ou seja, saber aproveitar o que se tem da melhor maneira possível, sabendo distinguir o que pode ser alterado e o que não depende de nós. Na verdade, essa postura ajuda em todos os momentos e em todas as áreas da vida, e não apenas nas férias!
E você, também está com dilemas em relação às férias em tempos de COVID?
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